capítulo Dezessete, Lua.

204 26 2
                                    

"Assim como a dor, o sentimento é fácil de sentir, difícil é explicar"

Acordei bem cedinho, não tiro o beijo
maravilhoso de ontem da minha cabeça, tenho que me controlar, se meu pai aparecer e descobrir que
eu ao menos toquei em outro, estaria morta antes que tentasse falar uma palavra, paro de pensar nele.

Me apresso em descer para fazer os meus afazeres, quando abro a porta do meu quarto, a porta da frente se abre ao mesmo tempo, ele fica me olhando, eu também olho para ele, o que antes me dava medo, agora me passa segurança.

— Bom dia.
Ele é quem fala.
— Bom dia senhor.
Acho que ele percebe minha cara de espanto por estar tão cedo acordado.
— Estou indo correr, o dia está maravilhoso.
— Ah, sim olhei pela janela e está mesmo.
— Éh... você aceita ir comigo?
Essa me pegou de surpresa.
— Aceito, claro, deixa só eu por outra roupa, pode ir descendo eu já lhe encontro.
— Tudo bem.

Ele vira as costas, e que costas, que bumbum mais lindo marcadinho no moletom que usa.

Aff Lua você nunca foi assim tão pervertida.
Minha mente me acusa.
Volto para dentro do quarto e rápidão me troco, coloco uma legging preta marcante e um top que realça meus seios, faço um rabo de cavalo e desço
para encontra-lo.

Chego a cozinha ele está de costas para mim, mas parece que já havia me notado assim que passei pela porta, e mesmo sem olhar para mim pergunta se estou pronta.
— Sim, senhor, vamos.

A gente sai, vamos correndo devagar mas depois começamos a correr mais rápido, e meu estado sedentário não me ajuda e fico um pouco para trás,
ele nota que não estou o acompanhando mais, e olha para trás, chega a ser hilário a forma como
estou quase morrendo aqui.

Ele vem para perto segurando o riso.
— É você está mesmo precisando se exercitar e praticar aquelas aulas de auto defesa para ontem.
— Não zombe de mim senhor.
— Não estou.
Ele fala e fica olhando da minha boca, para os meus olhos.
Isso é estranho para mim.
— A forma como você me chama de senhor e como me olha me enche de tesão sabia?
Ele fala sussurrando em meu ouvido.
— Eu não sei o que me encanta mais em você se é a singeleza dos anjos ou a sagacidade de seus demônios.
A voz dele bem pertinho dos meus ouvidos assim é muito excitante.
Gemo baixinho.
— Isso te excita, querida?
— Sim, senhor.
— E o que está sentindo agora anjo?
Ele me pergunta mas não sei como falar.
— É bom senhor, mas dói.
Ele faz uma cara estranha como se não entendesse.
— Onde dói?
Eu olho para a sua mão, pedindo permissão para levá-la até o ponto de dor.
Levo sua mão até o meu ventre e vou abaixando.
— Dói aqui senhor, toda vez que penso em você aqui dói, eu faço de tudo para que pare mas sempre
que ouço sua voz, sempre que me toca sempre que o vejo ela volta. Por favor senhor, me alivie.
Imploro.

Ele me beija, minha boca se abre automaticamente para ele, isso é tão bom que eu me esqueço de onde estou, me esqueço de quem sou, e
principalmente ele todo me faz esquecer de tudo, e do quão suja eu sou.

Mas ele para e fica me olhando.
— Eu não posso.
Sussurra baixinho.
— Desculpe, Lua, mas eu não posso fazer isso.
— Mas por que não? Você não gosta do meu corpo? Ou é do meu rosto? Por que desde que cheguei aqui você me olha como se quisesse arrancar meus olhos, você me odeia é isso?
— Não, mas e claro que não.
Ele se afasta e se senta mais a frente, embaixo de um pé lindo de uvas.
— Quando eu olho para você eu vivo tudo de novo, todas as cenas voltam, eu sei que não tem culpa daquela noite, mas foram esses malditos olhos
lindos que você tem que me marcaram. Durante muito tempo eu transava com as mulheres
a maioria morenas por que odiava as loiras ou qualquer pessoa com cabelos claros, mas um dia em uma vez que eu estava em uma boate, duas loiras se aproximaram de mim e eu gostei que elas me desejassem e ai levei as duas para um quarto, e o sexo estava gostoso estava bom mas derrepente tudo mudou eu não estava mais em um quarto com duas mulheres, eu estava lá de novo vendo tudo que
aconteceu com você. __ Ele fala, e vejo toda a sua dor e a culpa estampada em seu lindo rosto,me parte em mil pedacinhos vê-lo assim, por que entendo como é se sentir assim.
__E eu acabei perdendo o
controle, e matei sufocada uma das mulheres, a outra saiu viva por pouco, ela não me denunciou por que sabia quem eu era e que não ia adiantar, eu pedi desculpas mas a merda já tinha acontecido.
— Heros meu Deus, eu não sabia que tudo aquilo tinha te afetado tanto.
— Pois é, depois disso, eu prometi nunca mais transar com mulheres loiras ou com cabelos claros,
mas um dia na Rússia eu conheci alguém aquela mulher é maluca conversamos muito, viramos amigos contei todos os meus traumas a ela inclusive sobre ter matado a mulher, mas ela disse que eu não tinha culpa, e pediu que eu tentasse com ela.
— E então?
— Eu estava com medo de fazer algo, que ficasse sem controle mas fomos em frente. No meio da transa os pensamentos voltaram e eu perdi o
controle como sempre soube que aconteceria, ela tem dois cortes nas laterais do seu pescoço, quase
morreu por isso, fiquei todos os dias com ela no hospital pedindo perdão, falando que tinha a avisado, mas quando ela saiu de lá daquela cama de hospital, me abraçou e disse que ninguém merecia viver em um mundo como o meu, e que me
entendia, mas ela não estava falando do mundo em que nasci, estava falando sobre o mundo escuro e
sombrio da minha cabeça, de primeira eu achei ela louca, mas nos tornamos amigos.
— Ela tem razão Heros, você não tem culpa das coisas que viu quando era criança, você tem que se perdoar ta, eu sei que é hipócrita da minha parte
falar isso, mas talvez é de auto perdão que você precise. Mas me conta quem é ela?
— O nome dela é Alessandra, as vezes nos divertimos ainda quando ela vem para cá, mas eu tenho que da o melhor de mim para não machuca-
la.

Destinos EntrelaçadosOnde histórias criam vida. Descubra agora