🔱 Apagão 🔱

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De alguma forma eu estava torcendo para o grandalhão voltar mais furioso, só assim eu teria a chance de extravasar de verdade, mano a mano com ele, mas as palavras de Heric faíscaram na hora, a hipótese que ele tinha sobre existir um suposto traidor.

Para um primeiro dia, eu estava exausta, a cabeça exausta. Voltei ao prédio com cheiro de insenso para limpar o sangue da boca, fiquei imaginando as possíveis broncas que Salim me daria. Pensar nele e em Têrcy só alimentava meu fervor em poder ter Trezzius de volta, ter minha casa de volta.

--- Droga! Como vou sair daqui?  Desabafo

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--- Droga! Como vou sair daqui?
 
Desabafo.

 --- Eu sei como!

O som invade o ambiente sem que eu perceba.

 --- Que susto! --- falo. Não esperei ele responder, a preocupação estava toda lá fora. --- Estão mais calmos? --- pergunto.

 --- Não se preocupe os animais foram para a baía.

Diz ele passando para mim uma satisfação em ter participado da briga.

 --- Por que você os trata assim se lutam pela mesma causa?

 Questiono.

 --- Sua boca não estaria assim se fossem gentis.

Irônico demais, imagino que isso não fosse da conta dele nem parte do trabalho.

 --- Eu não esperava menos, são todos prisioneiros de si mesmo. Você por exemplo...

Ele interrompe a mim.

 --- Não estou preso aqui como a Jac que ainda não vê a gravidade das nossas ações, ou Eloisa achando que é possível liderar esses

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 --- Não estou preso aqui como a Jac que ainda não vê a gravidade das nossas ações, ou Eloisa achando que é possível liderar esses...  --- ele engole  em seco  --- nenhum aqui tem experiência...

 --- Se você tem deveria ajudá-los ao invés de fazer nada.

Saiu como uma ordem prestes a rasgar minha garganta, uma fúria sem motivo.

 --- Fasta para lá!  --- disse ele, vendo meu bloqueio.

Meus pés impulsionaram meu corpo, o coloquei contra a parede de modo repentino. Aquilo não acontecia sempre, Salim me alertara sobre os instintos caso perdesse a cabeça, hoje estava bem longe de ter plenitude.

 --- Quê que foi?  --- voltei ao momento, as íris pretas do Corvo fixadas acima dos meus ombros. Seria algo que eu não vi como a chegada dele anteriormente!?

 --- Não sentiu isso?  --- diz ele.

A parte que me cabia em manter sigilo sobre esse detalhe na hora da confusão, acabara de falhar.

 --- Sinto. --- falei. Por um simples instante as minhas asas se ergueram espontaneamente. --- Mas dessa vez foi por instinto, tem certeza que o grandalhão foi dormir?

Não pressentir perigo e mesmo assim saltaram para me defender.

 --- Só há a gente aqui, Keith.

Ainda que ele tivesse certo, comecei a ouvir um zumbido baixo sem identificar que tipo de engrenagem estava funcionando em meio o museu a nossa volta.

 --- Me diz que você desligou as luzes.

Passou uma leve suspeita pela minha cabeça mas resolvi pergunta-lo, ele me encarou tentando assimilar, imaginei.

 --- Keith, aqui ainda há energia, não desliguei nada.

A asa direita abriu sua envergadura ficando apontada para um amontoado de caixas de madeira.

A asa direita abriu sua envergadura ficando apontada para um amontoado de caixas de madeira

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 --- Você ta fazendo isso? --- pergunta ele.

--- Não, é um presentimento.

--- Ninguém veio chamar a gente. Deve está enganada. --- ele vai até uma fresta entre os caixotes. --- Que barulho é esse? --- diz o Corvo enquanto retira a bagunça, existia uma porta pré-histórica e enferrujada bem na nossa frente agora.

--- Eu ja estava ouvindo, agora está mais alto.

Na tentativa de mover as pernas para verificar a porta junto dele o espaço entre nós foi tomado por um breu, a energia fora desligada com toda certeza dessa vez.

--- Keith? --- ouço a voz do Corvo mais perto que a meio segundo atrás.

--- Tem medo do escuro?

--- Não --- diz ele.

--- Por que ta em cima de mim... hã...

Eu não o via mas imaginei que estivesse rindo. Acabei por não corrigir a frase equivocada, ele seria capaz de entender.

SÉLLON - Saga Rajadas de Vento - Parte IIOnde histórias criam vida. Descubra agora