Não, você não leu errado.
Eu vi olhos verdes, olhos tão verdes que me fez lembrar ele.
O-Garoto-Que-Sobreviveu, Harry Potter, O Eleito, ou qualquer outro nome usual. Mas tenho certeza que eu vi ele, no bar, se embebedando.
A guerra tinha acabado em menos de um mês e a população bruxa já não sabia mais se comemorava pela vitória, chorava pelos seus entes queridos que morreram ou apressava o ministério para fazer as coisas acontecerem. Na realidade, poderia dizer que essas três coisas estavam acontecendo ao mesmo tempo.
Harry Potter só tinha feito uma coletiva de empresa após ter matado o Lorde das Trevas, apareceu apenas uma vez no ministério, depois apenas ficou mandando cartas para o novo ministro e para a chefe dos aurores. Muitos acreditavam que ele tinha ido tirar férias, pois o coitado não teve tempo para isso por toda a vida dele.
Porém, agora vendo a sua real situação, onde ele está completamente sozinho, sem nenhum de seus famosos amigos, tomando cada vez mais copos de bebida, percebo que a fantasia das pessoas é mais irreal do que imaginava. O Eleito estava destruído psicologicamente e, se eu pudesse chutar, não era apenas por ter matado ele, mas muito em questão de sua família que morreu aos seus olhos.
Poucos sabiam desse fato, apenas os Lordes dos altos cargos do ministério sabiam de alguns acontecimentos passados pelo Garoto de Ouro. Eu sabia, contudo não foi pelo fato de eu também ter estudado em Hogwars no mesmo período que ele, foi por causa do meu pai, Lorde Herondele, que descobri algumas coisas e me contou.
Observo Harry ali, mesmo estando de costas para mim, eu podia sentir que ele não estava bem. Muitos fazem da bebida um mecanismo para esquecer de tudo por um tempo, para tentar não ficar sóbrio, não lembrar de todos os problemas de suas vidas. E eu poderia ter certeza que ele estava fazendo exatamente aquilo, ingerindo doses de álcool para esquecer.
Merda, me amaldiçoou mentalmente.
Eu poderia ir lá para ajuda-lo, queria que ele desabafasse comigo, mas eu era da Slytherin, a casa rival dos Gryffindor. Não sei se ele sabia desse fato, pois sou mais retraída, fico grande parte do meu dia no meu salão comunal ou na biblioteca, olhava com uma expressão séria e de autoridade quase sempre e tendia a responder curto na maior parte das vezes.
A parte que muitos não sabem, é que nós somos ensinados há muito tempo a sermos assim. A não expressar os nossos sentimentos, para quando assumirmos os negócios da família, não cometermos nenhum erro e colocar o nome dela na desgraça.
Eu não era uma Gryffindor, eu não tinha um senso de coragem muito grande, sim, tenho muito medo de enfrentar grande parte dos meus medos, tenho medo de fazer amizades, tenho medo de ser quem eu sou na frente das pessoas. Fui ensinada a ter receio desse tipo de coisa, para me esconder atrás de uma máscara rígida.
Mesmo que a minha família tenha ficado em neutralidade na guerra toda, não se envolvendo em nenhum momento com o Lorde das Trevas. Sabia que o me pai tinha inúmeros acordos milionários com as famílias que eram. A nossa família não era puro sangue, porém, também meu pai, tinha receio com quem seria o meu marido, pois nem se quer tinha beijado alguém na vida até agora.
Mas o Salvador do Mundo estava ali, bem na minha frente. Tomando cada vez mais bebidas. Eu aperto os meus dedos e inclino a cabeça para baixo. Eu tinha que fazer alguma coisa. Ninguém naquele bar lotado tinha feito algo para ajudar o ele, sentia a necessidade de fazer alguma coisa.
Maldito medo, maldita vergonha de fazer alguma coisa. Estava me sentindo como uma Trouxa, até estava usando roupas do gênero. Mesmo me sentindo imponente sobre o que estava acontecendo. Eu era uma Slytherin. Eu tinha a minha lealdade aos meus. Eu não deixaria ele sofrendo.
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Após uma noite
FanfictionSHORT-FIC COMPLETA Um mês após a batalha final, o Mundo Bruxo parece ainda estar em festa, menos para Harry Potter que se encontra bebendo num bar do Beco Diagonal. Ao mesmo tempo, se passava uma garota da casa das cobras que enxergou o Grande Sal...