A independência de Lan Xichen ♡ Xicheng

[7] A verdade

Jiang Cheng era gay.

Gay do tipo muito gay mesmo. Ele era extremamente gay!

Chegar a essa conclusão foi extremamente difícil. Depois de alguns meses negando aquela possibilidade, ele decidiu dar o braço a torcer e começar a fazer suas pesquisas na internet. Leu muito sobre orientações sexuais, medos comuns em pessoas LGBTQ+ e heteronormatividade (o que fez o seu esforço para gostar de garotas fazer sentido).

Depois de muita pesquisa ele se colocou na frente do espelho, estufou o peito e disse:

— Eu sou gay!

Não foi um momento mágico, glitter não caiu do teto e ninguém saiu do guarda roupa para lhe parabenizar. Foi bem normal na verdade.

Por algum motivo ele achava que a vida seria diferente depois que se assumisse, mas ele se enganou. A única diferença é que agora ele já sabia o que queria da vida e iria parar de beijar pessoas aleatórias por um tempo. Talvez só voltasse a fazer isso quando entrasse no ensino médio.

Uma das primeiras coisas que ele fez depois de concluir que era gay foi contar a Wei Ying e Yanli. O primeiro não ficou muito surpreso e a segunda reagiu super bem.

— Você pode contar comigo para o que precisar, Jiang Cheng. — ela garantiu. — eu sempre vou ser sua irmã mais velha e vou te proteger de todo o mal!

Ele se sentiu feliz e amado depois disso, mas não durou muito tempo já que ele ainda tinha que contar para os pais.

Sua mãe estava trabalhando mais desde que se tornou chefe da cardiologia no hospital em que trabalha, mas naquele dia ela estava de folga, e o pai de Wanyin também. Por isso ele aproveitou a oportunidade para chamar eles para um conversa particular.

— O que você quer, meu bem? — Ziyuan indaga.

— Eu preciso contar uma coisa para vocês!

— Pode dizer, filho. — Fengmian incentiva.

Jiang Cheng está sorrindo, mas o sorriso vai se desfazendo aos poucos. Quando ele contou aos irmãos, que tinham sua idade, pareceu tão espontâneo e fácil, mas contar para seus pais estava sendo mais difícil. Eles eram pessoas mais velhas, que vinham de outra época e que podiam rejeitar Wanyin.

Ele lembra de quando Wuxian disse que beijou um garoto. Fengmian apenas riu sem graça e Ziyuan ficou calada. Ele não sabia o que isso significava. Era uma risada para esconder o ódio e um silêncio preconceituoso? Não tinha como ele saber.

Ele provavelmente ficou com a boca aberta por muito tempo, o que fez sua mãe chamar sua atenção.

— Meu bem? O que você quer dizer?

Jiang Cheng limpa a garganta e nega com a cabeça.

— Estou com dificuldades em matemática.

— Ufa, eu achei que fosse algo sério! — Ziyuan suspira aliviada. — eu sou ótima em matemática, bebê. Posso te ajudar!

Wanyin não teve outra alternativa a não ser passar a tarde estudando coisas de matemática que ele já sabia com a mãe. Em vários momentos ele se viu perto de falar a verdade, mas não o fez. Sempre parecia ser o momento errado.

Ele queria esperar pelo momento certo, e acabou fazendo isso por muito tempo. O momento certo parecia ser algo distante que ele nunca conseguiria alcançar.

[...]

— Ele te disse que o nosso pai maltrata a gente? — Mo Xuanyu repete indignado antes de começar a rir. Ele ri tanto que acaba jogando o corpo para trás, Mingjue teve que o segurar para que ele não caísse.