Em comemoração ao aniversário do Beomgyu, eu, Izzy, resolvi lhes dar um presente. Espero que gostem.
OBS: essa história foi inspirada na música Heather, do Conan Gray.
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Eu ainda lembro claramente do dia em que nos conhecemos. Era 3 de dezembro. Estávamos no quinto ano do fundamental, quanto você acidentalmente esbarrou em mim nos corredores da escola.
Eu era, e ainda sou, uma pessoa tímida e de poucos amigos, então tudo o que me sobrava naquela escola era observar as pessoas que me chamavam a atenção. E você, claro, brilhava como uma estrela e me impedia de não manter o foco em ti.
Sempre reparei em seus suéter, e em como combinavam contigo. Você parecia ter um para cada ocasião, diversos e com os mais variados desenhos. Independente se era frio ou calor, lá estava o pequeno Choi com seu confortável suéter, com ou sem mangas para se apropriar à temperatura de cada estação.
Seus cabelos eram levemente compridos e caiam em escala até a altura de seu queixo. Suas madeixas tinham um tom castanho escuro, beiravam ao preto, a cor natural de seus fios. Suas bochechas eram gordinhas e fofas, lindas, assim como você por inteiro.
Naquele dia, com o frio costumeiro do mês em que estávamos, acabei por esquecer de levar um casaco, o que me fez ficar resmungando sobre não ter escutado mamãe e conferido em minha mochila para ver se meu agasalho se enconcontrava em seu devido lugar. Você, concentrado no joguinho em suas mãos, acabou por não me ver e dar de cara na porta aberta de meu armário. Você resmungou e, junto a mim, reclamou do frio excessivo.
Esfregando a testa onde fora atingida, seu olhar me captou da cabeça aos pés, e notou que algo faltava em mim. Um agasalho. E preocupado comigo, me ofereceu um dos vários que tinha em seu armário, logo de frente ao meu. E mesmo a contragosto — por não ter intimidade o suficiente — coloquei o suéter com sua ajuda, e ele parecia perfeito em mim. Seu sorriso de satisfação era enorme, e isso me fez sorrir junto, então dali em diante, nunca mais deixamos de sorrir um para o outro, e viramos amigos inseparáveis.
Com o tempo pude te ver crescer, mudar o cabelo que eu tanto gostava e deixá-lo de diversas formas possíveis; também pude te ver chorar e te ajudar nos momentos que mais precisava, assim como fez comigo, e pude aproveitar cada segundo ao seu lado, seja fazendo algo produtivo, ou não. Já eramos grandes o bastante para começarmos a descobrir o amor, e foi aí que você entrou mais ainda em minha vida, se é que isso fosse possível.
Meu mundo passou a ser mais alegre com você, e sem a sua presença, tudo se tornava frio e chato. Choi Beomgyu, você era como um suéter que me aquecia e me protegia do frio, seu sorriso caloroso me acalmava, e seu abraço reconfortante tinha cheiro de lar. Você era minha casa, meu porto seguro.
Mas como tudo que é bom dura pouco, um dia você se envolveu com uma pessoa, e essa pessoa era Choi Soobin, o menino mais fofo e desastrado que você dizia já ter conhecido. Me doía e ainda dói ouvir você falando sobre ele, porque todo o peso da minha covardia cai sobre mim. Eu poderia ter te contado tudo o que sentia a tempos, mas preferi deixar guardado comigo, com medo de que nossa amizade fosse ao fim.
Aos poucos você foi me deixando e começando a dedicar seu tempo a ele. Até seu suéter que sempre era emprestado a mim, você deu a ele. Era só poliéster, mas tinha um grande significado para mim.
Minhas gavetas sentiam falta de ter suas roupas ali, elas já se acostumaram com você dormindo ao meu lado e fazendo do meu guarda-roupa o seu também. Minha cama se sentia vazia sem seu corpo adormecido sobre ela. Meu espelho se sentia solitário sem seu reflexo escovando os dentes pela manhã. Eu me sentia sem um pedaço do meu coração.
Quando te vi beijar Soobin pela primeira vez, não pude evitar pensar que queria estar no lugar dele, provando dos lábios que sempre sonhei em experimentar.
Soobin te fazia feliz, te animava, te acalmava, e te amava; ele fazia tudo por ti, e eu já não estava mais tendo utilidade em sua vida. Eu precisava deixar tudo para trás, mas não conseguiria te abandonar.
Eu queria ser o Soobin.
Porque eu te amo, Choi Beomgyu, mas você não percebe. E eu não tenho coragem de te dizer.
