a dramática, e última, peça de teatro

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- narração do Jaemin -

















 “a Atlântida realmente existe submersa dentro de cada um que a busca”








Renjun pela primeira me chamou para assistir uma de suas peças, eu temo por mim, porque eu sei o que acontece quando as cortinas se fecham quando tu some, quando foges de mim e de todos.

Eu temo por nós, porque te quero ao meu lado sempre mas toda vez que chego mais perto de te conhecer a fundo, mas tu se afasta, e me afasta, e precisa de mais ar, o ar que eu tomo de ti quando estamos juntos.

Mas mesmo assim me sento em uma das primeiras cadeiras da platéia, e observo as luzes se apagarem aos poucos e os olhares atentos dos expectadores recaem sobre o palco vazio, um sentimento estranho percorre meu corpo e ativa meus sentidos, ou melhor dizendo, meus sentimentos.

Eles sentem sua falta, mas esta é sua hora, então abra as cortinas e emerja como atlântida, porque no palco tu consegue expressar tudo o que não diz em palavras mas não deixe que tuas lágrimas te façam cair de novo.

Atlântida toca teu corpo azul marinho, tuas ondas à embalam e eu sinto inveja porque teu abraço era meu há algumas horas atrás, Renjun tu és tão cruel comigo, porque sabes que meu peito anseia cada parte de ti, e escolheu doa-las ao mundo, me pondo em meu lugar.

Da platéia serei apenas mais um expectador dos teus sentimentos passados fazendo em passos de ballet teus sentimentos de amanhã.

E do palco tu serás o foco dos olhares de tantos, tantos estes que tentam dentro de si entender a confusão dos teus passos no palco, para que a ruína de atlântida faça algum sentido, enquanto tu tenta miseravelmente deixar claro que nada puxou a cidade perdida para o fundo das águas, as águas simplesmente se multiplicaram diante da cidade.

Tu era água.

Foi por isso que me fez assisti-lo.

Tu fluía em azul como as águas oceânicas, cobrindo a cidade ao mesmo tempo que seus braços contornavam os ares desenhando as ruas, tu era fragmentos, ruínas, perdidas e submersas

Tu se afogava no próprio azul enquanto permanecia imóvel,e os mitos sobre atlântida nunca me pareceram tão perdidamente belos.

Não muito tempo era preciso, tu sabia os passos sabia de tudo, tu sempre soube de seu tempo mas é culpado por não dizer isso aos outros por sempre manter teus sentimentos em segredo, por isso a platéia se assustou com os primeiros movimentos bruscos do menino água sobre o palco, afinal tu não eras bailarino?

Sim, menino água, calmo e tempestuoso, afoga quem tenta te tocar tão profundo e tão raso as vezes, se deixa esparramar no palco mas não some, tu sempre estarás lá, porque és essencial para a vida, porque sem ti não existo

Em azul cobrirá a maior parte de meu planeta porque não te contentava possuir apenas meu subterrâneo e aos poucos flui em mim como sangue, e bombeia mais rápido que meu coração, foi por você que meu núcleo esfriou-se de vez, foi por tua culpa que Atlântida afundou, por isso pinte o resto do teu corpo de azul e torna-te tão essencial quanto o ar

Esses olhos atentos em ti me irritam, me calarei porque este é teu sonho, mas eles são tantos e tão fixos, porque todos cobiçam o que é meu? É impossível não ver a graça em teus movimentos tua pele brilhante rodopia no ar cono uma gota de chuva, caindo ao chão escorrendo aos poucos, por deus tu és tão belo, gostaria de subir no palco e gritar para eles que és meu, mas se te pego em meus braços tu escapa porque a água escorre, não para, não é de ninguém é de todos, se cria sozinha e vive assim, afinal assim como água tu nunca irá pertencer à mim.

Então eu choro novamente por lembrar-me desse detalhe, tu és tão puro e eu, tão egoísta, nunca percebeu como é diferente? Ao te abraçar eu te prendo, te guardo, e ao me abraçar tu me afoga, me deixa sem ar, e eu te odeio por isso mas te amo também, então me afogue por mais um tempo para que meu peito se encha de água, para que como atlântida eu afogue, para que seja só seu como tantos outros náufragos tomados pelo desejo de conhecer teus rumos.

Eu te odeio e te amo e isso me corroe porque tu és como água e não posso viver sem ti, mas tu és excesso e me mata aos poucos.




E então as cortinas se fecham, e tu se acalmará outra vez e eu Na Jaemin estarei em ruínas, preso na solidão muda das águas escuras, estarei submerso em ti.

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⏰ Última atualização: Mar 08, 2021 ⏰

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