Três de novembro de dois mil e dezenove.
O dia que todos nós te perdemos, mesmo que você ainda estivesse aqui.
Eu descobri muita coisa sobre eu mesmo nesse tempo. Coisas que você provavelmente ficaria muito orgulhoso, eu imagino.
Todos nós aprendemos muitas coisas. Boas, e ruins. Aprendemos a ser forte, uma coisa boa, mas aprendemos isso atravéz da dor, uma coisa ruim.
Aprendemos a ser feliz, mesmo sem seu sorriso para completar o nosso. Aprendemos a perdoar, mesmo que nunca esqueçamos o que lhe aconteceu.
Todos aprendemos muitas coisas. Mas havia uma coisa que eles aprenderam, que eu não consegui.
Eles aprenderam a viver sem você. Eu, não.
Não tínhamos tempo mal para descansar, mas eu sempre faltava alguns ensaios para fugir e ir até o hospital. No começo, era frequente, ia todos os dias. Hoje, se vou uma vez por semana já é um milagre.
Mesmo assim, tento ir até você sempre que consigo. E se não consigo, eu dou um jeito.
A questão é que... eu ainda não sei como continuar minha vida sem você do meu lado. Já fazem tantos anos, mas eu continuo indo até você, na esperança que eu não volte mais sozinho e sim segurando a sua mão.
Eu ainda espero, como um tolo, que você acorde. Que abra seus olhos e volte a ser o meu Jisung. Aquele que não tinha tempo ruim para fazer uma piada, que ria de tudo, que trazia a alegria para nós. Que ajudava, apoiava...
Você me deu muito apoio por muito tempo. Quando eu sentia estar prestes a cair, você me segurava antes mesmo de atingir o chão. Eu estava cansado e você me dava apoio para descansar, mesmo que você também estivesse exausto.
Eu ainda não sei como viver sem você. Eu ainda alimento uma falsa esperança de você voltar.
Os outros já disseram toda a verdade que eu precisava escutar. Não fizeram na maldade, mas sim para me ajudar; eles viram o quanto eu estava afundando cada vez mais. Estavam desesperados em perder mais um, então, não viram outro jeito além de me fazer engolir a força a realidade.
"Ele não vai acordar." "Mesmo que acorde, nunca mais será o mesmo". "Eu sei que é difícil, mas você tem que ao menos tentar". "Ele precisa descansar".
Eu ouvi isso muitas vezes. Em meio aos choros, quando eu simplesmente não aguentava o peso em minhas pernas e desabava no meio da sala de ensaio, cansado, com toda minha energia sugada. Em meio aos gritos, quando eu não conseguia controlar minha raiva e quebrava copos nas paredes. Em meio a bebidas, nas noites difíceis onde eu precisava me livrar da prisão que minha mente estava me mantendo.
Houve uma noite, até, que eu fiquei chapado. Um amigo, aquele que você nunca gostou, me ajudou. Foi horrível... Eu via você, claramente, eu até sentia sua pele na ponta de meus dedos; você estava quente, corado, e sorria. Eu sentia seu perfume, a maciez de seu cabelo hidratado, ouvia sua risada e até o som da sua respiração. Eu ouvia seu coração batendo.
E aquilo doeu. Fugir para uma realidade onde você estava acordado, doeu, mas não porque eu não queria aquilo; era porque eu queria e muito. Mas não tinha. Quando estava sóbrio, você ainda estava deitado naquela maca, na mesma posição de anos, com a pele pálida e fria, os cabelos secos e mal cuidados, a boca roxa, uma aparência completamente mórbida.
Doía. Era uma dor... insuportável.
Houve um dia que eu fui a um fansign completamente bêbado. Ninguém sabia; nem mesmo os meninos. Eu sabia disfarçar muito bem quando queria. Mas uma stay disse algo que acabou me entregando, e eu tive que me retirar. Foi um escândalo, e até fui obrigado a entrar em hiatus por algumas semanas para "repensar em minhas atitudes", até pedido de desculpa em carta escrito a mão eu fiz.
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ghost of you • binsung
Teen Fiction[ONESHORT] Já faziam três anos que Jisung não abria seus olhos, e Changbin já não sabe mais se vale a pena insistir.