Vila do Urso Maior

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— E aí, Slade, está vendo algo?

— Pior que não estou vendo nada — disse eu.

— Que saco, viemos fazer patrulha nessa vila miserável e não tem nada de interessante acontecendo nela.

— Calma, Bordon — disse eu. — Lembre que nós estamos fazendo somente uma patrulha; não estamos em uma missão perigosa. — Algo me fez coçar o nariz; pensei que poderia ser pólen, porém não era.

Um cheiro penetrou minhas narinas e percebi o que fazia meu nariz coçar.

— Bordon, não fique assustado, mas estou sentindo um odor de um gás no ar — disse eu.

— Olha, Slade, não fui eu — Bordon deu um sorrisinho bobo para mim, porém ele percebeu que eu falava sério. — Calma aí. Que tipo de gás? Não estou sentindo cheiro de nada.

— Bem, não sei ao certo, mas é melhor nos afastarmos um pouco da vila e observá-la de longe. Se for um gás inflamável, nós podemos nos ferir gravemente – disse eu.

— Está bem, Slade — disse Bordon, com um ar preocupado. — Vamos para trás daquele monte — apontou ele.

Quando chegamos ao monte, ficamos quietos por alguns segundos; pensando...até que eu digo algo:

— Bordon, não seria melhor avisarmos as pessoas daquela vila sobre o gás?

— Não arriscaria minha bunda indo lá agora — disse Bordon, preocupado. — Me diga, Slade, como você conseguiu sentir o cheiro daquele gás?

— Bem, desde a minha infância, eu tenho um nariz bem sensível a odores. Por isso, eu consegui sentir aquele cheiro.

— Intrigante. Nós não precisaríamos mais de lobos para seguir pistas com o olfato deles; temos você — disse Bordon, com aquela risada idiota que só ele tem.

— Muito engraçado — disse, com tom de ironia. — Bem, eu vou procurar a fonte do odor.

— Que merda, então, eu vou com você.

— É melhor você ficar aqui. Se algo acontecer comigo, você deve avisar o comandante imediatamente — disse eu.

— Certo. E, tome conta desse seu nariz. Ele é muito importante.

— Ah...vai cheirar a bosta de outro e não me enche — disse.

Caminhei sorrateiramente até a vila, tentando observar tudo ao meu redor. Usei meu nariz, super importante para o Bordon, para tentar achar a fonte do gás, porém o cheiro estava fraco. Andei de forma natural pelos habitantes para não chamar nenhuma atenção desnecessária. Percebi que o gás estava acumulado em uma cabana próxima ao cemitério local. Quando fui tentar achar o local exato do cheiro, ouvi um zunido e uma labareda de fogo fez um rastro no ar. A cabana começou a pegar fogo rapidamente. Percebi que havia duas pessoas dentro daquela habitação pedindo ajuda; uma criança e o um senhor. Os dois estavam gritando através de uma janela apertada:

— Alguém nos ajude! Está tudo pegando fogo.

— Por favor, cavaleiro, salve a minha filha — disse o senhor, enquanto lagrimas corriam pelas maçãs do rosto dele. — A porta da cabana está completamente coberta por fogo, não consigo abrir ela por dentro.

Os moradores da vila vieram correndo até o local para saberem o que estava acontecendo. Bordon veio correndo até a minha direção.

— Slade, que merda que aconteceu aqui? — gritou Bordon.

— Bordon, ajude os moradores a apagar o fogo dessa cabana — disse eu. — Usem água e usem a terra do cemitério para que possam apagar esse incêndio. Eu vou atrás de quem fez esse ataque covarde a essa família.

Supremacia ThornOnde histórias criam vida. Descubra agora