Meu pai, rápido como um trovão arranjou a receita da maldição, que poderia cura-lo, era um feitiço complicado, que não vinha da mesma fonte da magia, mas da bruxaria. A magia valia-se dos conceitos filosóficos e simbólicos por trás de cada face da natureza, essa compreensão da vida e de suas facetas dava ao conjurador um catalisador, para que esse pudesse valer-se da benção da verdade descoberta e dobrar esse elemento, a magia é sobre dobrar a vida e a natureza sem quebrar suas regras e propósitos, usando como fonte de energia os próprios deuses dos respectivos elementos compreendidos. Não é assim que funciona a bruxaria, não. A bruxaria não usa os deuses como seu poço infinito de energia, mas usa a natureza, não usa a compreensão filosófica das criações divinas como forma de se conectar com elas, mas usa a energia vinda da própria natureza. É complicado de entender mas estou aqui para fazer-lhes compreender a diferença. Cada coisa, ao ser criada pelos deuses, herdou de cada um deles uma espécie de código de energia simplória, que, à mercê da vontade divina, sofreu as alterações necessárias para se adaptar ao que os deuses planejavam, a cicuta, por exemplo, foi criada não só por Jinsei, deusa da vida, mas com a ajuda de Kari, deusa dos venenos, assim esse objeto carrega energia vinda de ambos os nomes, vida e veneno. Cada objeto, cada fenômeno natural possui essa configuração, essa herança. A bruxaria se apropria dessas energia e dá ao usuário o poder de controlar a natureza usando a essência da própria natureza. Um resumo talvez faça bem, magia é a benção que os deuses dão aos que compreendem suas respectivas criações, essa benção, faz com que os usuários de magia possam dobrar elementos preexistentes ou cria-los, assim como os deuses, a benção divina não pode ser recebida diretamente pelo corpo do usuário, pois se situa em um plano real diferente do nosso, para isso que servem os catalisadores, objetos pertencentes a um plano intermediário chamado de Limbo, eles recebem a benção divina e a transferem para o usuário, transformando parte do pulso extraplanar em uma energia do plano real, portanto, utilizável. Alguns teorizam que esta é a causa das limitações no uso da magia, a filtração que torna a benção mais fraca, existe todo um conceito quântico em cima da teoria, embora seja algo que eu não estudei e não posso portanto, explicar.
Já a bruxaria se apropria das energias que jazem enterradas dentro de objetos e elementos naturais, combinando essas energias que são cem por cento físicas, ou seja, pertencem a essa plano que nos encontramos, para fazer a magia usando o próprio corpo como catalisador. A única compreensão que o usuário de bruxaria precisa é das palavras que destravam certo tipo de reação nos objetos, essas palavras são montadas por pessoas do passado que compreendiam a energia simplória (o elemento comum em todas as energias, algo particularmente bem difícil de entender) e que embeberam suas palavras com uma magia de clarividência chamada de “Herança informativa” e que fazia com que essas palavras carregassem a compreensão do bruxo passado e que compreendia a energia simplória, fazendo com que os bruxos do presente, que não a compreendem, possam fazer os feitiços.
Meu pai nunca tentara bruxaria antes, já que essa arte foi sempre mal vista pela sociedade, que a considerava “Rebelde e não natural”. Mas ele precisava tentar, precisava arranjar um jeito de acabar com as crises, mesmo que só houvesse tido uma. Ele estava aterrorizado com a possibilidade de poder ferir os seus filhos, só o vislumbre de mim atrás das cortinas e seus olhos vermelhos eram suficiente para deixar meu pai Hullen aterrorizado pela preocupação. Ele hesitou um pouco quando descobriu que a maldição do orbe índigo podia curá-lo de suas crises, pois ele fornecia energia e poder, juventude, magia! A maldição tinha sido criada por um jovem malsim* e filósofo, pouco antes da Primeira coroa*. Ele queria criar um feitiço que fizesse o ser humano compreender as dores do próximo, e com essa empatia e essa preocupação com o bem-estar do sofredor vizinho, curar à si mesmo e tornar-se poderoso e continuar jovem, mas depois de o jovem malsim apresentar aos eclesiásticos de Asvien o feitiço, ele foi recusado e amaldiçoado, tomando para si o título de maldição (Dizem que foi por causa da filha doente de um dos líderes magos de Asvien, um taciturno e dizem um pouco sombrio asceta, que depois de ter usado o feitiço nela, apesar da cura, a filha acabou ficando muito triste e deprimida por ver o sofrimento alheio, por chorar lágrimas de outrem, nunca mudou, sempre um pouco triste, isso abalou o asceta, que ordenou a intitulação de maldição ao feitiço*). Então o feitiço permaneceu guardado nos arquivos de Asvien e nunca foi publicado, até que um velho monge Asvieno replicou o feitiço para se curar de uma leucemia, apesar do sofrimento, achou que valera a pena e diz ter tornado-se mais sensível, altivo e, ao ver a falta de tristeza do povo que ajudou, bem mais feliz, esse monge publicou secretamente o feitiço, fazendo o que achava certo, tentando ajudar outros a ver o que ele vira e a saber do que ele descobrira, se convertera ao malsinismo* depois de um tempo. Meu pai achou o feitiço na galeria de ocultismo da biblioteca nacional de Shambala, ou no que restara dela depois do lançamento da Bomba Sol nas terras Shambaleanas. Ele logo reuniu os ingredientes para o feitiço. Um ramo de havvera*, seiva de oliveira, sangue arterial de um gigante e um olho de salamandra, tudo misturado muito bem no sentido anti horário exatamente à meia noite num dia de inverno num ambiente aquecido. Meu pai foi até o redor da lareira depois de comprar os ingredientes com o amigo, preparou o vidrinho com seis mililitros de água e esperou as doze badaladas que anunciavam a meia noite, então, no momento certo, misturou tudo e pronunciou as palavras: Jimnian grakkanam mma lumna*.
O líquido tornou-se azul cobalto e brilhou como nada que eu havia visto, as todas as janelas da casa brilharam muito, assim as cobrimos com bandeiras para não alertar os vizinhos. Ele olhou para mim sorrindo, meu pai, que por tanto tempo não sorriu, que por tanto tempo estava absorto em seus fantasmas de preocupação e culpa, sorriu. Hesitei na decisão de que ele tomasse a mistura, mas ele estava tão feliz, tão altivo, seu olhar estava tão brilhante, algo além do brilho da mistura, ele estava finalmente feliz.
-À saúde, à minha,ou melhor, nossa sanidade! –Ele tomou o líquido, mal sabia eu que minha vida iria girar em torno do olho azul-claro brilhante que a mistura ia conceber. Nada pareceu funcionar, meu pai ainda tinha alguma esperança e foi dormir, pela primeira vez em talvez alguns dias. De manhã, foi o choque. Meu pai levantou-se com o olho esquerdo azul brilhante e com linhas circulares de símbolos na língua dos shinigami, meu pai não sabia ler, mas tinha um amigo da associação de proteção aos ressurgidos* que podia ler, ele disse que os dizeres significavam: “O ideal do amor encarna nos olhos dos sofredores”.
Logo meu pai sentiu-se bem, sentiu como se seu cansaço sumisse nos dedos do tempo, que sua doença se dissipava sob o poder de sua própria determinação. Ele me disse que se sentia vivo, finalmente vivo depois de tantos anos de uma vida feita de morte. Ele no raiar do dia, saiu pela primeira vez em tantos anos para andar ao magnânimo sol, caminhar pelos parques, e abraçar as árvores, num acesso de pura felicidade e crença, em sua plenitude divina, se curvou sobre a terra e jurou amar seu planeta até o fim, jurou que jamais deixaria de agradecer, e chorou, loucamente chorou, não só as suas como as lágrimas de outrem, meu pai disse ter descoberto a felicidade verdadeira, disse ter sido visitado pelo anjo da vida, pelo seu anjo guardador! E apesar de sentir os sofrimentos de outrem, apesar de toda a dor ele felicitava os céus e as terras, jogava seu espírito em paz em direção da plenitude e da compreensão , o sofrimento só lhe lembrava seus motivos de ser, finalmente, feliz, ele calava-se resignado, porque reclamaria de seu sofrimento, sendo que essa suposta “maldição” tantas bênçãos lhe havia trazido? Porque tanto se prender às correntes materialistas quando divinas miríades angelicais cantavam em nome de sua glória na vida futura? Ele viu, finalmente viu a felicidade verdadeira.
Foram seis intensos meses de luz, de abnegação, sabedoria e alegria, a divina troica que avançava incessante pelos desertos temporais em direção aos vales além do tempo. Meu pai se unia a mim para fazer ajuda aos que dela necessitavam, ele apregoava nas praças públicas canções de felicidade e caridade, saíamos ajudando aqueles que por acaso passavam por nosso caminho, esses dias me trouxeram lições previsões, me foi revelado pela razão minha mesmo o que viria pela frente, dias de glória, finalmente glória! Depois de todos os outros dias de luta, finalmente a glória. Meu pai sorria em casa, visitava outros cômodos, não ousou mexer mais em seus aparelhos de pesquisa ou trabalhar, visto que a herança de meu avô já fazia esse serviço. Ele nos cantava na hora de dormir e nos contava histórias, as mais felizes memórias da minha vida pareceram nascer nesses mágicos meses. Havíamos doado caixas e caixas de alimento para a comunidade de Amisha, arrasada pelo bombardeio, me encantava passar meus dias daquele jeito, tudo daria para que tudo continuasse imóvel, intacto. De manhã íamos até a praça proclamar versos de autores diversos, meu pai sempre amara Q-Voarin, “Boas lições sábias, em boas obras sábias vindas de um homem sábio” como dizia ele. Anunciávamos a nossa chegada com o pequenino trecho de “Oníricas cartas”, por Mayra Valli XVII
“Poderia eu desta
Sorte acabada e miserável
Tantos fados e fardos
Encerrar em ideia assim louvável?
Oh infortúnio de questão! Dúvida das mais cruéis!
Quem és tu, consolador, a quem envio estes papéis?
Como poderia eu
O descrente, o desgarrado
Ovelha negra e lesada
Arrastar à luz comigo
Boas almas nesta estrada?
A miserável alma minha
Merece tamanha misericórdia?
Por parte de santo querubim
Infinito bálsamo na discórdia?
A mim podre alma não cabe
Julgar-lhe a doçura e a piedade
Só cabe sofrer com um sorriso
Na mais santa felicidade.”
Assim continuávamos, recitando durante umas boas horas. Nem todos gostavam de meu pai, pois existe um grande preconceito contra os amaldiçoados, criado a muito tempo pela antiga supremacia clerical. Mas não podiam simplesmente leva-lo ao patíbulo em praça como nos tempos sombrios, não, além disso ele não nascera assim, portanto sua maldição era fruto da tão defendida liberdade, além disso, ele havia escondido seus olhos com uma venda para que ninguém os visse, alguns poucos mais atentos notaram a suave luz azulada de seu olho esquerdo mas não ousaram dizer nada tementes ao título de loucos. Foram seis meses de prazer e felicidade, mas ao final do tempo, logo veio aquilo. Marisa sentia febre alta, tinha acessos de delírio.
Meu pai sabia o que fazer.
Paramos de sair para recitar, e na minha visão os dias se tornaram estranhos e sombrios, algo se apagou, a doença de Marisa fez murchar flores em minha vida, rosas tornaram-se pálidas, salas se pintaram de negro, castelos de mármore cinza se ergueram nos campos floridos. Mas eu não saí do lado de minha irmã, ela me fazia lembrar de meus velhos tempos, me trazia a visão da candidura, do calor de um amor. Amava minha irmã, ela trazia o melhor em mim, observava seu pequeno rosto suado, abatido pela febre, segurava sua mãozinha enquanto meu pai saía na chuva para conseguir algum remédio, apenas um casaco de pele e seu fogo azulado em seus olhos, lá na chuva ele não parou de sorrir, parou embaixo de uma ponte para pensar, para refletir.
-Minha vida foi perfeita, querida –Ele adquirira o hábito de conversar com sua falecida amada, não por negação, mas por simples e pura fé no outro plano. –Agora estarei contigo- Ele sorria em meio a chuva, sorria em meio a tempestade, seu jugo era leve e humilde, seu fardo era quase nulo. Antes de sua confissão ele havia procurado todos os remédios, todos os tratamentos, as possíveis e impossíveis curas. Nada achou, mas sabia que havia sempre uma alternativa.
Ele voltou com um sorriso no rosto, calmo, e, diferentemente de quase toda a família Astor, em paz e alegria. Ele era o oposto de mim, meus nervos se entupiam de paranoia e em minha cabeça, flutuavam preocupações. Havia aprendido a amar Marisa com todo o meu coração, ela era tão santa, cândida, era seu rostinho que me tirava dos mais fundos poços de solidão, seu sorriso, ela dizia “Você é muito especial, Py!” Eu enchia ela de beijos e abraços e à noite agradecia a todas as entidades de minha crença ou da crença de outrem, a todo aquele que poderia ter criado o mundo e consequentemente minha irmãzinha.
Meu pai me chamou em seu quarto. Ele sabia o que fazer, me disse com suas mãos em meus ombros:
-Passamos por flores e dores, Pyarr. –ele sorriu- Todos nós tivemos de enfrentar as coisas, seguir nossos sonhos e visões do futuro. –Lágrimas felizes começaram a rolar por suas bochechas
-Que foi pai? –Me desvencilhei de seu aperto certamente amargurado como achava, mas era apenas feliz e de prévia saudade- Pai, o que é isso, do que está falando?
-Marisa... –A cabeça de meu pai se abaixou e ele soluçou um pouco- Você ama ela?
-Claro, papai! Ela é minha vida, amo ela demais, mas porque, pai, porque perguntas isso?
-Eu lhe escondi algo sobre a maldição, sobre o olho índigo.
-Pai? –Já estava ofegante
-Só pode haver um olho azulado, uma pessoa sob o efeito da maldição. –A revelação se aproximava
-E o que tem?
-É ciência. Pensamentos emitem uma partícula, que consequentemente também é uma onda*, a maldição me faz receber o pensamento triste alheio (ou seja, captar certo tipo de onda psíquica) e replicar em meu próprio pensamento essas ondas, o que me faz sentir a tristeza de todos ao meu redor.
-Sim, e então, e daí, porque só pode haver um?
-Se houvessem dois, os pensamentos das pessoas ao meu redor viriam em dobro, pois os dois afligidos pela maldição ainda sim emitiriam as mesmas ondas tristes de todas as pessoas ao redor, como se fossem duas torres de rádio emitindo um sinal, duas torres emitiriam esse mesmo sinal de forma dobrada. O cérebro humano não aguenta a sobrecarga, se eu estiver no raio de alcance da maldição, meu cérebro pararia por precisar de mais sangue que meu coração pode dar.
-E... –Ignorava evidências, mascarava preocupações
-Não achei cura, não achei remédio, nem tratamento, para Marisa. –Ele levantou a cabeça- A única cura é a maldição. A única.
-Tá, pai? –Gritei- E o que?! –Ele botou a mão direita no casaco de pele molhada e retirou uma faca- Pai? –Perguntei estranhado e ofegante, desesperado.
-Eu tenho que partir. –Ele disse calmo, num sorriso- Vivi várias aventuras, conheci os mais belos anjos, me revelaram as mais puras felicidades. –Ele estava eufórico, quase louco de felicidade- Minhas dores me revelaram a verdade, me revelaram a luz, abracei a estrela celeste que veio até mim na carruagem lupina*. –Ele olhou para a foto de Marisa dentro de um cesto no criado mudo perto da cama- Ela não sabe nada, nunca viu as belezas mais tenras dessas terras, não teve oportunidade de ver algo além de escuridão e dor, essa divina professora, mas quero que minha filha viva nesse mundo belo e que amo tanto
-Pai? –Disse mais a mim mesmo do que a ele- Pare, deve estar tendo um delírio, vou chamar um médico! –Ele me segurou pelo pulso quando tentei sair pela porta, ele sorriu.
-Filho... –Ele fechou meus dedos no cabo da faca- É minha hora, e acredito que você é maduro o suficiente para entender.
-Mas porque me pede para perfurar seu coração? Não poderia fazer isso você mesmo? –eu suava e em meu íntimo me perguntava o porque de ele não querer me poupar desta experiência mui terrível!
-E o que tu pesarias de mim quando me visse com o punhal enterrado no peito? Que nossa felicidade foi falsa? Que meu amor era máscara blasfema? Que você não era o suficiente para me fazer feliz? O que seria da sua felicidade? Como tu poderias encarar o mundo com a minha, melhor, nossa felicidade, a felicidade verdadeira, sendo que tu logo pensarias que esta era falsa e ímpia?
-Eu só saberia, pai! Não faça isso, é suicídio!- Já chorava há minutos, antes que eu voltasse a falar papai me interrompeu
-É sacrifício. – Ele, calmo, continuou com um tom que progrediu de calmo à quase louco ao longo do diálogo, ele estava feliz e eu me recusava a aceitar isso! Como à beira da morte alguém há de ser feliz?
-Você é o suficiente! Você é fogo, felicidade, brio! Você me fez viver até a minha felicidade, você me fez perdurar mesmo quando eu não queria mais viver, eu não me joguei do barco que nomeei com a herança de sua mãe e irmã por sua causa! –Ele me disse num êxtase de divino fogo- Eu quero que ela viva, que sua irmã viva, pela própria felicidade, pela verdade, pela poesia do mundo! Proteja ela, Pyarr, meu santo menino, segure sua mão nas dores, cheire com ela as flores, e juntos façam do mundo de dor e cor uma montanha de amores! –Ele parou um pouco e me dirigiu um olhar terno- Você é muito especial, Py. –Ele se jogou em mim num amoroso abraço, no aperto fatal, a adaga perfurou-lhe o ventre e suas últimas palavras foram carregadas de sangue e amor, foram a lâmina que corta e o bálsamo que alivia o corte, foi a vida que me deram e a inesperada e estranha morte, foi a imensa dualidade, foram os dois abismos os quais encarei concomitantemente, dois abismo os quais meu coração se jogou ao mesmo tempo. “Te amo, Py”. Tentei de todas as formas impedi-lo de falar, mas não consegui, ele não parou, e depois de tudo, caiu ao chão, sua vida ali acabava, suas felicidades apenas estavam para realmente começar, seu corpo jogado lá, como uma boneca de pano, foi demais para mim, gritei como uma criança desesperada, por ajuda, por amparo, logo eu acostumado às desgraças da vida, logo eu que tanto me cortei nas mãos de Kurael! Eu gritei e apertei a sua doce cabeça contra meu peito na esperança de que o calor de meu coração aflito se tornasse o calor de seu corpo frio, apertei seu corpo na esperança de que meu amor verdadeiro o fosse acordar, mas ele não acordou, eu gritava seu nome, o chamava, mas só as ímpias sombras dos pedestres lá fora me observavam sardônicas, em fúria joguei os vasos de barro nas sombras para que fossem embora, tentei expulsá-las ameçando-as com as chamas do orco, me joguei contra elas e estourei os punhos na parede de tanto espancar minha própria sanidade decadente, as sombras se moviam e não me deixavam só, zombavam de minha perda, de meu delírio, de minha culpa! Seus olhos vermelhos brilhantes me seguiam e encaravam minha alma, me diziam: “Assassino!”, me joguei contra elas, joguei tudo que havia no cômodo nelas para que me deixassem em paz, as sombras se tornavam mais escuras, as paredes se fechavam, se fechavam! E esmagado por elas, eu caí.Notas do capítulo:
Associação de proteção aos ressurgidos:
Foi criada em 800 para proteger os direitos dos Shinigami, que por serem quem são por muito tempo foram caçados e judiados, social e fisicamente. A associação os protege e guarda, embora ainda exista muito preconceito conta essa raça.Carruagem lupina: Na crença das pessoas da frontéria, a lua era puxada por uma carruagem puxada por lobos. Era Tsuki Lao, deusa da lua, que conduzia ela. A lua era famosa por revelar verdades e inspiração para os sensitivos, crentes, gênios e poetas. A carruagem era associada a verdade, felicidade e às vezes loucura, pois a felicidade dada pela lua é compreendida por poucos...
Jimnian grakkanam mma lumna: Significa "sinta sua mãe e seu choro desesperado por ajuda, ouça a lua!" do silabário criado por Tom Dacre, famoso bruxo da era da primeira coroa
Era da primeira coroa: Era que começou com a forja do primeiro traje real e da primeira coroa, o que simboliza a primeira monarquia do mundo, feita pelos humanos em Aravella, embora tenham existido várias civilizações organizadas politicamente com sistemas similares a monarquia como os Carimânios (Totalitarismo liberal) e os Gigantes (Monarquia parlamentarista), a primeira monarquia do mundo foi Aravellina
Malsinismo: Filosofia atemporal adotada pelos malsim da Era da primeira coroa, pregava que toda verdade mesmo que amarga e cruel devia ser revelada, e o sofrimento gerado por ela geraria compaixão, e assim o ser humano poderia prosperar e viver em paz.
Malsim: "Aquele que traz más notícias" adepto do malsinismo
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Réquiem: Aos velhos tempos
FantasyUm destino oculto fermenta abaixo das inúmeras camadas de mistério que permeiam a terra e suas rochas imemoriais. Algo rasteja flutuante pelas matas e bosques escuros, gritando ao Empíreo a cada dez noites, na constante lembrança de algo que lhe fo...