AUTISM (Concluída)

capítulo 5

The narrator's point of view.

Na manhã de domingo, Camila levantou-se cedo ansiando por poder ver o lindo piano que há na sala de sua vizinha, então a menor se pôs de pé, retirou-se do quarto e desceu a escadaria, percorreu com o olhar a sala e sorriu minimamente ao ver o instrumento que tanto ama, a passos apressados a menor se aproximou do instrumento e deslizou o dedo indicador pela cauda do instrumento tão lindo e requintado. Ao estar de frente para as teclas do piano, ela sentiu a vontade de tocar as teclas crescer dentro de seu ser, mas reprimiu-se a cometer tal ato, ontem sua vizinha pareceu brava e isso poderia irritá-la ainda mais.

-Stenway & Sons...- A pequena balbuciou ao ler as letras em dourado.

-Você gosta? - Demetria indagou com um pequeno sorriso nos lábios, ela observava Camila a alguns minutos e notou o olhar de admiração da menina. Camila acenou com a cabeça em um sinal positivo. — Sabe tocar? - Negou freneticamente.

-Cadê mamãe?- Sua voz ressoou baixa.

-Ela ainda está no hospital, mas Normani está com ela e você vai ficar aqui por enquanto. - A hispânica disse calma, suas horas de sono não foram longas, mas foram suficiente para fazê-la sentir-se mais relaxada e tranquila. — Precisamos pegar roupas para você, quer almoçar em algum restaurante ou em casa mesmo?

Camila não respondeu a mais velha verbalmente, apenas sinalizou com o dedo de que queria ficar na casa da morena, a hispânica finalizou de tomar o seu saboroso e quentinho chá, e partiu com a morena para casa ao lado. Quando atravessou a porta, Camila lembrou-se do acontecimento da madrugada, a menor sentiu vontade de chorar, mas logo deixou de lado. Junto da mais velha foi para o seu quarto, separou algumas roupas, brinquedo e material escolar, para mais nova e voltaram para outra casa.

Aproveitando que sua vizinha estava na cozinha preparando o almoço, Camila foi para o piano e sentou-se no banco acolchoado de madeira escura, não tinha a pretensão de tocar, até porque não sabia, estava ali só para saber qual era a sensação de estar de frente a um piano. Mas em um movimento mal calculado, Camila esbarrou em uma das teclas do piano, fazendo um som ressoar pela casa e atrair a atenção de Lauren, que parou de preparar a salada e foi imediatamente para sala, encontrando a mais nova encolhida no banco, com os lábios curvados em um bico de pré-choro pronta para chorar, com medo da bronca que levaria da mais velha.

- Achei que não soubesse tocar.- Comenta se aproximando de Camila, a pequena tentou sair do banco, mas a hispânica a segurou e sentou-se ao lado dela, Camila a encarou afim de repreender sua atitude, nunca ninguém ousou tocar nela sem que ela desse o primeiro passo, mas Lauren fez tal ato, que ela particularmente não gostava. — Gosta de músicas clássicas? — Indagou sem perceber o olhar reprovador que a menor a lançava, Camila acenou a cabeça em um sinal positivo. — Certo, vou tocar um pouco para você.

Os dedos de Lauren deslizaram pelas teclas, fazendo o agradável som ressoar pela casa, ela havia decidido tocar Antande Cantabile Con Espressione, uma sonata composta por Mozart, e Camila sabia disso, afinal era a sua favorita, a pequena sorriu e admirou a forma como os dedos gorduchos de Lauren moviam-se habilmente pelas teclas. Subindo o olhar pouco a pouco, Camila chegou a face de Lauren e admirou as feições da morena, que no momento tinha os olhos verdes fechados, a testa levemente franzida e o lábio inferior preso entre os dentes.

Ela admirou cada detalhe, gravou em sua mente cada movimento ou expressão de Lauren, ela queria retratar o momento logo mais, escondida da mais velha e de qualquer outra pessoa. A pequena Cabello se pôs de pé ao perceber que estava chegando na parte mais agitada da música, Camila dançou em cada acorde com sua ovelha nos braços, como sempre costuma fazer, atraindo a atenção da mais velha que a admirou e não se deixou desconcentrar-se, quando a música voltou ao seu momento calmo, Camila debruçou seu corpo sobre a cauda do instrumento e admirou completamente encantada a mais velha.

- Mozart...- Camila balbuciou, assim que a mais velha terminou de tocar.

- Pelo visto você gosta mesmo. — Lauren disse sorrindo. Sabe qual é essa?

-Sonata Andante Cantabile Con Espressione. — Murmurou encarando a cauda do piano, sem encarar diretamente a mais velha nos olhos.

-por que não faz aulas de piano?

- Muita gente...- Murmura.

- Você é diferente.- A morena murmura surpreendendo Camila. — Eu gosto. Vou finalizar o nosso almoço, espero que goste da minha comida.

A morena se pôs de pé e guiou-se para cozinha, recordando-se da forma como Camila pareceu feliz ao dançar a sonata, enquanto terminava de preparar o almoço para as duas. Sentadas a mesa, Lauren permitiu-se admirar a forma tímida como Camila se movia, era encantador ver que a morena estava confortável em sua casa e que compartilhava dos mesmos gostos que ela, após almoçar a hispânica organizou a cozinha, lavou, enxugou e guardou todas as louças, ao chegar a sala viu Camila sentada no banquinho do piano admirando o mesmo com tanta devoção no olhar.

-Chega ser adorável vê-la observar esse piano.- Comenta sorrindo, atraindo a atenção da pequena Cabello. — Quer que eu toque mais?

A mais velha sorriu ao receber um aceno positivo, ela caminhou a passos calmos até o piano, sentou-se ao lado da menina que já não se incomodava tanto com a aproximação dela, Lauren pegou as pequenas mãos de Camila, surpreendendo a mais nova, e deslizou os dedos dela por cada tecla, fazendo ressoar cada nota e a melodia de Mozart, que tocara antes do almoço. Camila não pôde evitar sorrir, ela estava realizando uma de suas vontades, mesmo que de um modo ainda desajeitado, a pequena Cabello estava a tocar uma de suas sonatas favoritas de Mozart.

Lauren esboçou um sorriso ao ver a mais nova sorrindo, ela só queria fazer Camila se sentir bem após o acontecido da noite anterior e porque, de um jeito estranho, se sentia bem ao vê-la sorrir, Camila deixou de se concentrar no que fazia e aspirou o cheiro do perfume floral que Lauren usava, era bom, a fazia lembrar de flores, mais especificamente de rosas brancas, suas prediletas. As duas se mantiveram inertes ao mundo exterior, o momento que estavam tendo era mais importante que qualquer outra coisa. Estavam tão distraídas que não ouviram a porta de entrada abrir e não viram que Normani havia chego acompanhada por Sinuhe, as duas a olhavam admiradas e surpresas, principalmente Sinuhe, ao notar que sua filha estava tão próxima da nova vizinha e que também sorria genuinamente, enquanto tocava a melodia admirável.