2

541 89 32
                                    

A noite chegava e Yamaguchi começava a ficar preocupado. E se o garoto não acordasse? Se aventurou e mexeu em seus bolsos e na bolsa que ele carregava consigo. Nada do celular. Nenhuma informação ou documento. Ele estava o achado extremamente burro de ir pra um protesto sem documentos, sem celular e nenhuma outra forma de encontrar um contato de emergência. A situação o estressou tanto, que ele foi pra pequena janela e acendeu um cigarro, apesar de ter prometido para um amigo que iria parar, ele nunca tinha parado de verdade.

- O que tá fazendo? Larga isso! Vai apodrecer seu pulmão! - Tsukishima levantou como um raio quando sentiu o cheiro da fumaça e jogou o cigarro pela janela sem nem antes apagar, Yamaguchi ficou sem reação.

- Seu desgraçado...Tava acordado esse tempo todo?

A expressão de Tsukishima mudou, ele percebeu que estava em um lugar desconhecido e nada acolhedor. Ao seu redor, o colchão de solteiro ficava no chão, cheio de cobertores, travesseiros e almofadas. A pequena mesa de centro tinha pratos e copos sujos, o chão estava sujo com embalagens e roupas sujas. Os pôsteres e desenhos escondiam a tinta da parede. Mesmo sem se mexer, ele podia ver a pequena cozinha igualmente suja. A parte mais limpa da casa, era um canto com uma guitarra e alguns livros. Tsukishima estava horrorizado.

A pessoa a sua frente, tinha uma expressão cansada e o cabelo estava preso apenas na metade. Ele usava uma blusa com o símbolo de alguma banda feito a mão, a quantidade de piercings chamou a atenção, ele não estava acostumado, nunca tinha visto. Ele ainda tinha um cheiro forte de bebida.

- Não tá me ouvindo?? Eu perguntei por que jogou meu cigarro! - O moreno falou mais alto, passando a mão na frente do rosto do outro.

- Desculpa! Desculpa! Não me mata! - Tsukishima se afastou, fazendo o outro sorrir pelo seu desespero.

- Não vou te matar, mas bem que eu deveria por você ter jogado meu cigarro fora! Você desmaiou no protesto hoje de tarde, eu te trouxe pra cá porque não achei nenhum contato de emergência. Se quiser, pode usar meu celular pra ligar pra alguém vir te buscar, Tsukki.

- Obrigado. Mas eu teria me virado sozinho.

Ele disse, tentando ter uma postura mais intimidadora. Ele pegou o celular e ligou pra Kageyama. Eles dividiam um apartamento no centro da cidade.

- É, cara. Lá na manifestação. Vem me buscar eu tô...Hey, qual o endereço daqui mesmo?

Ele disse virando para o garoto que parecia ter saído diretamente de uma banda de rock. Ele disse o endereço e Tsukishima repetiu para o garoto irritado do outro lado da linha.

- Meu amigo vem me buscar, obrigado. - Ele disse devolvendo o celular, queria ir ao banheiro, mas se o "quarto" já era aquela bagunça, ele nem imaginava o banheiro.

- De nada. Senta, tá com fome? - Yamaguchi disse indo em direção a cozinha. Tsukishima sentou no colchão, apesar de estar um pouco enojado.

Ele voltou com uma maçã e deu pro loiro.

- Tá limpa, eu juro - Ele disse sorrindo e comendo uma fruta também. Tsukki comeu para não fazer desfeita.

- Eai? Quantos anos você tem? - Ele perguntou, Tsukki demorou um pouco para responder.

- 20 anos. - Ele ainda não tinha superado a bagunça do lugar.

- Tenho 19. Faz o que da vida, loirinho?

- Faço faculdade de letras e literatura.

- Oh, então você é do tipo inteligente! Que legal! - Yamaguchi sorriu, ele já estava ficando desconfortável pelo desconforto do outro.

- E você? Quer dizer, se é que você faz alguma coisa.

- Não, não faço nada. Só sobrevivo. Mas se fosse fazer faculdade, ia ser de história.

- Também precisa ser inteligente pra fazer história.

- Tá me chamando de burro?

- Não, claro que não, só tô dizendo porque você me chamou de inteligente.

- Entendi. Vê se não se mete no meio de uma briga daquelas de novo.

- Eu tava morrendo de medo de me acertarem com alguma coisa...

- Da próxima vez, não fica perto dos problemáticos.

- Você é um dos problemáticos, não concordo com isso de violência.

- Eu concordo. A policia mete bala em todo mundo e você quer que a gente chegue com flores?

- Ok. Não vamos falar disso.

- Toma, acho que é seu amigo. - Yamaguchi deu o celular pra ele e foi até a cozinha lavar as mãos.

- Ele chegou, já to indo. Obrigado por ter me ajudado. Qual seu nome mesmo? - Ele disse indo devolver o celular.

- Precisa mesmo saber?

- Não, mas eu gostaria. - Os dois sorriram.

- Yamaguchi, mas você pode me chamar de Ymas, Tsukki. 

Riot Heart - TsukkiyamaOnde histórias criam vida. Descubra agora