capítulo 77

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Meu pai estava sentado ao lado da cama, lendo um livro, ele parecia concentrado então não queria incomoda-lo. Já fazia duas horas da cirurgia e eu ainda não sentia minhas pernas, deitada eu apenas olhava as minhas mãos unidas sobre minhas pernas, lá fora do hospital uma silenciosa chuva caí porem aos poucos a chuva ia ficando mais forte com o passar do tempo.

— Está pensando no que? — Strange indagou olhando para mim com o livro ainda aberto.

— Nada... — Falei olhando para o lado oposto dele. — Só... em como vou torturar Heinz.

Meu pai suspirou longamente e fechou o livro, ele se levantou e foi em direção a porta. Ele perguntou se eu queria algo para comer ou beber e eu aceitei.

— Volto logo. — Ele falou.

Minutos depois que ele saiu senti meus olhos pesados e lentamente mergulhei em um sono profundo. Eu queria ter uma noite de sono em paz, era tudo o que eu queria. Nada de pesadelos, nada de lembranças, apenas uma noite de sono tranquila.

♢♢♢♢

Correndo pelo corredor branco da base, ele parecia não ter fim e nem portas, mas assim que olhava para trás eu vim o cara de terno preto, ele corria rápido e se aproximava cada vez mais de mim.

— NÃO, FICA LONGE DE MIM !— berrei correndo.

Minha respiração estava pesada e cada vez eu ficava mais lenta e o corredor se alongava, às minhas costas eu ouvia o riso de satisfação dele enquanto chegava mais perto.

— NÃO, NÃO, NÃO!

Fui jogada conta o chão, virada de barriga pra cima, ele sentou sobre minha barriga e então levou as mãos ao meu pescoço, apertando em seguida.

— N-NÃO — gritei.

♢♢♢♢

Abri os olhos dando socos no ar, minha garganta rouca e meus olhos com lágrimas.

— Não, não! — Gritei enquanto ainda me debatia.

— Ei, ei, ei — strange falava segurando os meus pulsos para que eu não me batesse.

Sentado ao meu lado na cama, Stephen me abraçou enquanto eu recuperava o ar, eu estava tão cansada de chorar que sentia que mais nada saía. Stephen se afastou e olhou a minha expressão abatida.

— Por que comigo? — Indaguei na esperança de obter uma resposta.

Mas não... foi o oposto, apenas obtive o silencio, ele abria várias vezes a boca mas nada saia. Ele suspirou e abaixou a cabeça, depois falou:

— Eu não sei. — ele murmurou com um semblante melancólico, e logo depois voltou a me abraçar.

— Eu só queria uma semana normal, um dia apenas. —  falei em um sussurro.

—  Pessoas como nós não tem paz, Ágata. — ele falou.

— Eu não suporto mais... não consigo. Eu só quero morrer, Strange. Não suporto mais a dor do vazio em mim. — falei com a voz embargada.

— Você é forte, vai conseguir lidar com isso, eu, Wong e Scott vamos ajudar você.

— então por que eu não me sinto assim? — falei sentindo então as lágrimas escorrerem. — Eu... não aguento mais, eu não quero mais perder nada, eu não quero mais ser machucada.

— Você não vai, não vai. — meu pai falou. — Dorme, descança, você está muito cansada.

— Eu não consigo. — falei, ainda tremendo, saindo da cama. — pode dormir.

The Strange daughter  - avengersOnde histórias criam vida. Descubra agora