All Too Well

10 0 0
                                    

Sonhos. É certo que grande parte das pessoas vivem tentando alcançar os seus. E com Christopher e Felix não seria diferente.
Entretanto, o que os diferenciava era sua perseverança em conseguir realizá-los. Era até engraçado pensar que duas pessoas tão diferentes como eles poderiam ter se tornado melhores amigos.

Ainda mais: foram o primeiro amor um do outro.

Era inverno, e depois de seis anos sem pisar em sua cidade natal, o Lee estava de volta. A sensação de, pela primeira vez em anos, poder voltar para casa e comemorar o Natal e outros datas com a família era reconfortante.
Nas primeiras vezes, ele ficava sozinho nos dormitórios, fazia uma rápida ligação com a mãe, então se enrolava em cobertores e chorava.

Sentia saudade de casa. Do seu quarto com estrelas coladas ao teto e aquela manchinha que não importava quantas vezes pintassem a parede, reaparecia como uma fênix.
Sentia falta dos biscoitos que sua mãe fazia nas manhãs de sábado, onde ele, suas irmãs e seus pais se jogavam no sofá e maratonavam filmes pelo resto dia.
Também sentia falta de Chan, e os abraços com cheiro de amaciante e amor correspondido.

Ele nunca ligou, ou sequer enviou uma mensagem. Depois de terminar com Felix, ele simplesmente agiu como se o mesmo não existisse. O que não foi fácil, mas orgulho e culpa, quando juntos, resultam em coisas catastróficas.
Mas o que mais sentiam era saudade, mesmo que custassem a admitir.

Enquanto andava pelas ruas estreitas do bairro onde crescera, Felix se sentia melancólico. Talvez sair da cidade tivesse sido o melhor mesmo. Romances de infância não costumam durar, e de uma maneira ou outra, talvez estivessem da mesma maneira.
E todas as esquinas daquele lugar traziam memórias demais para que permanecesse saudável. 

Ainda assim, tudo era nostálgico.
A árvore de onde caíra aos sete anos e quebrou o tornozelo, a rua onde aprendera a andar de bicicleta.
A parada de ônibus onde conheceu Christopher. Onde ele lhe roubou o primeiro beijo alguns anos depois.
Não. Balançou a cabeça, como se isso pudesse limpar sua mente.
Era coisa demais.

Enquanto esperava o sinal fechar para atravessar a rua, Yongbok não notou o pequeno colapso a alguns metros de onde estava.

Quando Christopher soube que sua antiga paixão estava na cidade depois de anos, fez de tudo para não demonstrar o quanto ficara abalado.
Porém, da irmã, Chris nunca soube esconder nada. Era mais do que óbvio para Hannah que Chan havia sido afetado pela notícia.
Apesar de não serem mais cunhados há um bom tempo, Hannah sempre teve um carinho enorme por Felix, mesmo depois do fim do namoro.

E na sua mente de leitora, já imaginava mil razões para que reatassem o relacionamento.

Chan não esperava vê-lo antes da noite, já que agora, sua família costumava chamar a família Lee para passar os feriados juntos, então não seria surpresa se ele também fosse junto desta vez.
Infelizmente, seu carro sentiu o impacto do que o australiano ainda sentia pelo outro, já que o mesmo não notou o sinal fechando e avançou no carro à frente.

Mas ninguém poderia culpá-lo por se distrair olhando para a garoto.
Felix estava ainda mais bonito, como se isso fosse possível.
Já não carregava mais o ar infantil e maroto que havia feito Chan se apaixonar por ele. Ação do tempo, mas agora ela usava roupas escuras, a expressão fechada, rígida. Não mais o brilho alegre que tinha nos olhos, que o faziam parecer que sorria mesmo sem sorrir.

O cabelo antes bem curto, liso e castanho, agora batia nos ombros. Felix amarrou os fios loiros em um rabo de cavalo desajeitado, e Chan agradeceu por ele estar usando fones de ouvido, ou teria escutado as buzinas do seu pequeno acidente.
E ele não conseguia nem cogitar como seria se seu olhar encontrasse com o dele.

Você leu todos os capítulos publicados.

⏰ Última atualização: May 15, 2021 ⏰

Adicione esta história à sua Biblioteca e seja notificado quando novos capítulos chegarem!

Like the SongsOnde histórias criam vida. Descubra agora