O vento, a lágrima e Emma; Único

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Gilda

Fazia apenas três meses que Emma havia morrido, e três meses que eu vivia no piloto automático. Minha vida sem ela não fazia tanto sentido quanto antes.

Ela tinha um lavandário que nós íamos sempre que as duas tinham folga no mesmo dia. Ficava à umas 3 horas de carro, mas ela adorava e eu amava vê-la sorrir, então não fazia diferença.

E, daquela vez, não foi diferente. Mesmo que ela já não estivesse mais ali, tudo naquele carro, naquele lugar, me lembrava aquela garota. A tal da garota ruiva que eu amava e que tinha sido levada cedo de mais, a tal garota que amava lavanda e que amava ainda mais tudo ao seu redor. Os pequenos detalhes que me faziam amar ela.

Eu cheguei no lavandário por volta das 6 da tarde, o Sol já havia se posto e tinha um vento forte batendo.

Bati a porta do carro e peguei a chave do portão, correndo até ele e o abrindo.

A plantação inteira chegava perto do chão por causa do vento, e eu abri caminho entre ela.

De repente, eu parei. No meio da plantação, de frente para o muro, o vento batia nas minhas costas, fazendo meu vestido subir um pouco.

Eu usava o vestido lilás que Emma havia me dado, porque ela gostava quando eu o usava.

Quando me lembrei disso, não suportei. Uma lágrima desceu pelo meu rosto.

O tempo parou. Aquele lugar sem ela, não fazia sentido. Não quero ser repetitiva, mas realmente tudo no meu mundo perdeu um pouco do propósito.

E, enquanto o vento batia nas lavandas, o vestido levitava e a lágrima descia, eu me permiti sentir a falta dela. Aquela saudade que eu evitava, mas que consumia a minha alma.

Todas as coisas me lembravam ela, na verdade, tudo me lembrava ela.

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⏰ Última atualização: Mar 14, 2021 ⏰

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