Azriel se aproximou das escadas e esticou a mão enluvada para que a garota o acompanhasse, havia escolhido as melhores naquela noite, para não machucá-la com minhas mãos cicatrizadas.
Evalin tinha um estranho jeito de lar, lugar pelo qual as pessoas jamais iriam querer sair. E por mais que não entendesse o por quê, o ilyriano ficou feliz por ela não se afastar dele.
Assim que a dança havia começado, e por um momento, o mundo parou de girar e tudo ficou em silêncio.
Era como se estivessem sozinhos ali.
Evalin brilhava como o sol da alvorada, e só ela tinha o aconchego de uma lareira quente no inverno.
‒ Você parece ter saído de um roteiro clichê ‒ dissera certa vez que o mestre-espião fizera questão de levá-la para conhecer Velaris, a cidade era particularmente bela à noite, e ele achou que seria a oportunidade perfeita para saírem juntos.
Esse era o efeito que Evalin causava nele, e por mais que negasse, Azriel estava feliz por tê-la ao seu lado.
A garota pensava o mesmo do jovem alado.
Ela adorava histórias previsíveis e romances água-com-açúcar.
‒ Me diga Eva, o que acha do nosso querido Az? Vejo que já colocou uma linda coleira nele ‒ Cassian desdenhava, mas Evalin sabia o quanto ele estava feliz pelo irmão.
‒ Não é porque ele tem cabelo preto, um passado sombrio, músculos que provavelmente iria admirar, um jeito sarcástico e aquelas sombras que deixam ele extremamente atraente. Claro que não seria por isso que eu me apaixonaria ‒ respondeu divertida ‒ Pelo menos, posso me gabar que a envergadura das asas dele são maiores que a sua Cass.
O círculo íntimo que antes fingia não prestar atenção, gargalhavam, mais uma vez a garota havia inflamado o ego do general.
Entre todos eles, Evalin era a única que conseguia devolver as provocações de Cassian na mesma moeda.Em poucas semanas, a dupla de tornou inseparável e Cassian sempre dizia se sentir um velho perto da jovem.
O clima do baile estava leve e alegre, enquanto Az e Eva se dirigiram até o terraço do castelo para olhar as estrelas.
– Como se sente sobre ver o seu pai? – Az questionou a garota
– Sabe, eu sonhei com esse dia faz muito tempo, às vezes, quando chegava a noite eu pedia as estrelas que elas me respondessem – sussurrou – eu estou feito criança, vê-lo aqui é como um presente. Não sei como me sinto, não é como se tivesse saudades dele, mas me sinto feliz.
– Não quero ser invasivo, mas – Az falou, parecia um pouco nervoso – acha que ele seria contra nós?
— Existe um 'nós', Encantador de Sombras? – questionou
— Não terá se você não quiser – respondeu
Não havia música tocando, mas eles dançaram mesmo assim.
Evalin nunca tinha se sentido assim. Eles eram amigos ou um pouco mais?– Eu não sei, então, se você disser que quer que eu fique, mas eu jamais mudaria de ideia. – continuou e seus olhos brilhavam, como as estrelas que respondiam aos meus sonhos.
– Levou todo esse tempo pra dizer que tinha me amado primeiro? – a garota perguntou e Az sorriu, as covinhas que o mesmo fazia questão de esconder, insistiam em aparecer.
Seus sentimentos estavam bem ali. Evalin sentiu a respiração quente próxima ao seu rosto, então fechou os olhos.
Az a beijou, e seu coração explodiu por dentro.
Isso era emoção? Era algo real, a emoção de uma garota diante de um garoto, não a sensação que tinha quando assistia ou lia em um livro.– As estrelas ouviram os meus pedidos – Az sussurrou
✧
O clima feliz estava prestes a acabar quando Beron pediu para fazer um pronunciamento. Depois do fiasco que havia sido o jantar no Equinócio de Outono, todos ficavam temerosos com a sua próxima loucura.
— Agradeço a atenção de todos. E também ao nosso anfitrião pela sua boa vontade de me deixar falar – Beron iniciou, a verdade é que em momento algum Helion havia permitido aquilo — Creio que alguns já conhecem meu filho, só não esperava que Rhysand trouxesse a bastarda de Eris hoje à noite.
Azriel estava prestes a atacar o grão-senhor quando Evalin o impediu, não podiam tornar aquele circo maior do que já era.
Sua mãe estava bem ali, desfalecida. Eva tinha certeza que havia sido torturada. O horror no rosto da menina fazia o sorriso maquiavélico de Beron aumentar.
— Mas quem eu quero enganar, finalmente será um prazer tê-la na minha presença – o discurso dele só provava o quão obstinado era – Considere esse seu presente de aniversário dezoito anos, minha neta.
Ele fincou um adaga no coração de Suzan enquanto recitava:
"sanguis debitum solvi debet in sanguine"*
Estava trocando uma vida por outra. E para o assombro de todos, ela estava de volta.
E parecia mais forte.
✧
*Uma dívida de sangue deve ser paga com sangue
VOCÊ ESTÁ LENDO
A Grã-Rainha Perdida
أدب الهواةA Grã Rainha Perdida | ❝Filha de um grão-senhor? Eu tenho cara de protagonista de filme por acaso?❞ Evalin não esperava que sua vida mudasse tanto no dia de seu décimo oitavo aniversário, muito menos que iria cruzar por tanta gente e problemas em tã...