Capítulo 03

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Capítulo 03 

Jordana Testa

Se eu deveria ter topado dar uma volta ou seja lá o que ele estivesse pensando, eu não sabia. Minha experiência com homens se resumia a abuso emocional e dor. Mas eu não era uma mocinha traumatizada, no entanto. Só não queria me abrir pra qualquer um e passar por tudo de novo. Como minha amiga zombava sempre, eu estava mesmo à espera de um príncipe.

Paramos em um bar menos movimentado, não que eu adorasse, mas já havia esgotado as chances de ser fresca hoje. Lá, ele cumprimentou o gerente e pegamos uma mesa mais reservada. Deixei para Edu escolher nossas bebidas, havia muitas opções e ele vetou quando eu disse água.

Ficamos falando sobre bobagens, principalmente sobre Mari e Fred, já que era o que tínhamos em comum agora.

— Eu nem vou bancar a amiga protetora, porque se ele ferrar com ela, ela vai descontar em dobro — dei um sorriso travesso. Mari não havia ainda me contado sobre essa história de ele estar se divorciando e eu nem sonhava que ele tinha filhos. Quis perguntar a idade deles, por curiosidade, mas me controlei.

— Mas os filhos é um menino de nove anos e três cachorros — ele falou, me fazendo rir.

— E você? — perguntei curiosa — sem cachorros e filhos?

— Sem cachorros e filhos — falou, desviando o olhar rapidamente — então a sua avó tem um restaurante lá no Leblon... Vou passar por lá qualquer dia — ele comentou.

— Comida caseira, não acho que combine com o seu estilo — eu provoquei e ele negou com a cabeça.

— Pois saiba que eu adoro. E aquela loira gelada também — ele falou e eu o encarei confusa, o fazendo rir — a cerveja — se corrigiu.

— Ah... — eu dei um riso, associando o trocadilho.

Bebi devagar para não ceder ao álcool tão rapidamente. Ficamos por horas ali conversando, sem malícia, pelo menos da minha parte. Era bom, pelo menos isso. Não precisava estar numa boate cheia de gente e fingindo adorar. Não que eu não gostasse, mas nos últimos tempos eu havia perdido o costume. Isso para não falar de July, que sempre me condenava. Não no pior sentido da palavra, mas para ela, tudo relacionado a mim era drama.

Fomos embora quase quatro da manhã. Mas ali eu já estava mais desinibida. Tanto pelos drinks quanto pelas conversas, já poderia dizer que éramos um pouco amigos? Como se homem fosse confiável, né? Mas mesmo assim.

Quando Edu estacionou em frente ao meu prédio, nos encaramos por um momento, eu senti pelo olhar e clima tenso que ele esperava mais. Talvez eu quisesse, mas eu queria porque estava bêbada ou porque queria mesmo? Conseguia até mesmo ouvir a voz de Mari gritando que era só um beijo, não um pedido de casamento.

— Então, a gente se vê — falei sem jeito e ele assentiu. Fiquei agoniada sem saber o que fazer, ele queria que eu tomasse uma atitude ou eu estava fantasiando coisas? Aproximei-me desajeitada para deixar um beijo em seu rosto antes de descer. Foi quando ele me segurou perto e virou o rosto. Eu resfoleguei, para ele poderia ser só um beijo qualquer, mas para mim sempre seria algo mais. A barba roçou pela minha bochecha e eu fechei os olhos. Quando os nossos lábios se encontraram foi como se fizéssemos isso a vida toda, tão perfeito, macio e sincronizado. Quanto tempo demoramos naquele beijo? Eu não sei, mas se não fosse o meu celular tocando, teríamos ficado mais. Ele acariciou meu rosto ao encerrar, olhou nos meus olhos e pressionou os lábios nos meus outra vez.

Segundos depois, o celular dele também começou a tocar e ele pegou, atendendo ao Fred. Olhou para mim e eu entendi, mas neguei com a cabeça.

— Ela não está comigo, cara — ele falou e Mari voltou a me ligar — estava ali, estou indo pra casa agora — Edu falou, se inclinando para voltar a me beijar, mas segurei o seu rosto, não queria que desconfiassem. Mari iria fazer uma festa, mas eu não achava necessário contar para todo mundo que nos beijamos. E daí? Foi só um beijo mesmo.

Doce Tentação - volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora