A Garotinha Perdida

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Por estarem todos cansados, a maioria demora para perceber a página num primeiro momento e os que percebem ignoram no primeiro momento.

– MAS QUE PORRA FOI ESSA? – Ricardo grita enquanto Diana e Felipe trocam olhares como se numa conversa silenciosa.

– Bom... Esse monstro que a gente acabou de matar é um dentre vários outros. Eles normalmente aparecem nessas partes mais isoladas da cidade. Sempre que vemos um deles, eu, a Diana e alguns outros habitantes daqui nos juntamos pra matar, pelo bem de quem nunca encontrou com uma aberração dessas.

– Tipo uma ONG? – Ricardo, o único dos garotos com fôlego e sanidade para conversar, fala.

– Que? – Felipe diz, confuso – ... Talvez? – ele responde depois de um breve intervalo.

– E de onde eles vêm? – Pergunta Jorge depois de se recuperar.

– A gente não sabe. Já tentamos chamar a polícia para investigar, mas um monstro feito de cera atacando uma vila afastada não é a coisa mais acreditável. Por isso ninguém nunca veio. – Felipe diz fazendo uma pausa logo depois. – Vocês são bem fortes... Normalmente nós precisaríamos de uns 10 pra matar um bicho como esse e ainda seria bem difícil. – Ele completa logo depois. 

– Diana? Tudo bem? – Jorge pergunta ao ver quão atônita ela estava enquanto olhava a página que Markus segurava.

– hmm... Acho que você vai querer dar uma olhada nisso – Markus diz ao terminar de ler, estendendo-a para Diana. 

Embora ela tenha começado a ler, ainda que com a voz ofegante, o texto com gramática infantil de uma garotinha perde todo o sentido na medida em que ela lê

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Embora ela tenha começado a ler, ainda que com a voz ofegante, o texto com gramática infantil de uma garotinha perde todo o sentido na medida em que ela lê. Pouco depois da terceira linha, ela se perde em lágrimas e entrega a folha para Felipe, que encerra a leitura cada vez mais em choque.

– Você... tem uma irmã...? – Markus pergunta meio sem reação pelo choro da moça em sua frete.

– Ela tinha... Mas mo... – Felipe começou a falar ofegante mas foi interrompido,

– Desapareceu! – grita Diana em negação, chorando cada vez mais.

– Certo, desculpa... Ela desapareceu uns 6 anos atrás quando houve uma invasão de monstros aqui, a maioria estava no centro da vila então nem notaram algo de errado, mas nós, que vivemos mais afastados, vimos muitas coisas terríveis. hoje em dia a fronteira é quase inabitada por isso. 

– Bom, é uma pista de onde ela pode estar... – Markus diz e imediatamente Diana para de chorar.

– Vocês são bem fortes... E a... A fábrica não é tão longe daqui... Por que vocês não vão lá dar uma olhada enquanto eu e o Felipe que conhecemos a cidade vamos atrás das coisas e passamos na médica pra dar uma olhada nesse meu braço? – ela diz meio enrolado enquanto segura o choro e só então eu percebo a situação do braço direito dela, acho que ela também, porque só então ela começou a esboçar dor, deve ter deslocado mas a adrenalina manteve ela distraída até agora.

– Olha... Não sei, a gente nem sabe onde fica essa fábrica e... – Felipe interrompe:

– Sem problemas. Eu mostro, mas você tem que ir pra médica logo, Di.

– ... Fora que pode ser bem perigoso. – Jorge termina sua frase.

– Pelo amor de deus, por favor! Vai ficar tudo bem se vocês forem. Toma, eu até empresto a minha arma. – ela finalmente parece perder a compostura e deixa a dor visível em seu rosto, enquanto entrega a espingarda pro Felipe.

– Acho que não temos como escapar. – Ricardo fala convencendo os dois e fazendo-os concordar relutantes.

– Tá, leva a gente pra lá logo. – Jorge diz sem muita paciência e preocupado com a ferida dela.

O grupo deixa biblioteca e vira à esquerda ao sair pela porta, se separando de Diana que vai para a cidade. Eles seguem em linha reta por uns 150 metros até chegar num pequeno prédio

– A gente chama de fábrica mas tá mais pra um escritório. – Felipe faz uma pausa na frase – Eu vou atrás da Diana ver se consigo trazer ela de volta, vou aproveitar e pegar algumas coisas pra sua turma comer também.

Felipe faz um toca aqui com cada um e, quando chega a vez de Markus, dá um toquinho na sua cabeça e sussurra um "tchau, fofo" saindo rapidamente em seguida para não ouvir alguma resposta.

"Hmmm...Tá? Tchau..." Markus pensa confuso enquanto evita os olhares dos outros dois.

– Certo, vamos lá – Markus fala tentando desviar do assunto e disfarçar as bochechas rubras.

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