Respirei fundo após ler a mensagem de Joalin, ela estava no hospital graças à um sangramento. Havia uma reunião marcada trinta minutos, meu subconsciente batalhava entre si para decidir o que fazer. Precisava ver Joalin e saber se ambas estavam bem, elas eram minhas prioridades, porém ainda sim havia o trabalho, minha carreira era importante afinal.
[Joalin]
Luiza quer nascer // 08:37
[Sina]
Como assim? // 08:37
Não brinca comigo Joalin // 08:37
Me diz que foi uma piada sem graça // 08:37
[Joalin]
Queria que a dor fosse uma brincadeira // 08:39
Luiza está nascendo Si // 08:42
Estou com medo. // 08:42
Desliguei o celular, peguei minha bolsa e sai rumo ao elevador. Enquanto descia, escrevi um pequeno e-mail para Março lhe informando minha ausência na reunião. Por sorte consegui pegar um táxi assim que sai do prédio, meu coração estava a mil.
Corri para dentro do hospital, fazendo em seguida meu cadastro como acompanhante de Joalin Loukamaa. Três andares nunca foram tão longes quanto aqueles, o ambiente era calmo apesar de se tratar de um hospital.
Joalin estava na sala cirúrgica, então me mantive na pequena sala de espera naquele andar. Não havia notícias do que ocorria lá dentro, e aquilo estava acabando comigo. A gravidez era arriscada, dês do início estávamos cientes disso, mas Joalin quis prosseguir com isso. "Nosso amor merece ser passado adiante, quero que tenhamos os filhos que sempre sonhamos, mesmo que ele não estava mais aqui para vê-los", ela dizia em todas as vezes que uma discussão sobre a vida do bebê ocorria.
[...]
O vidro me separava da pequena Luiza, uma enfermeira lhe banhava. Sua pele ainda estava com sangue, o choro não parava. Era tão pequena e frágil, sorri ao sessar de seu choro.
- A senhora é acompanhante de Joalin Loukamaa?
Desviei o olhar para os médicos ao meu lado. Hina evitava me olhar.
- Sim.
- Eu sinto muito...
Olhei confusa para o médico, sabia o que viria a seguir, porém não estava pronta para isso, não queria acreditar que havia realmente acontecido.
Apesar de ter passado um ano me preparando para aquele possível acontecimento, eu ainda tinha esperança. Meu mundo estava caindo, a bendita esperança estava me causando um tremor indescritível.
- Joalin teve hemorragia interna, perdeu muito sangue.- Hina disse, seu olhar estava focado em Luiza. - Ela acabou vindo a óbito, eu sinto muito Sina.
Naquele instante eu me senti perdida, sempre soube do risco daquela gestação, mas nunca pensei que pudesse realmente mata-la. Me virei para o vidro novamente, a enfermeira terminava de limpá-la. O que faríamos agora?! Não poderia cuidar de um bebê, não tinha tempo para isso, mas não poderia deixá-la.
- Quer que eu ligue para a família dela?
- Hina propôs, só naquele instante percebi que havia dispensado os outros médicos.- Não, eu ligo. - Suspirei.
Meus olhos lacrimejavam, sabia que em qualquer momento eu desabaria, mas não poderia, ainda não ao menos.
- Deixa que eu faço isso Si, por que não fica um pouco com Luiza?
Segui Hina para dentro do berçário, fiz o processo de higienização. A enfermeira me guiou para o "berço" de Luiza. A roupinha do hospital ficava grande em seu pequeno corpo. Passei a mão pelo seu rostinho, ganhando um sorriso como resposta. Luiza era a mistura perfeita de Lucas e Joalin, sua pele pálida como neve era herança de Lucas, já os cabelos loiros como raios de sol eram herança de Joalin.
Passei bons minutos observando Luiza dormir, sabia que se eu saísse dali teria que lidar com a morte de Joalin, com a guarda da pequena criança, e com todo o resto do mundo, porém estar ali com ela, me fazia esquecer de tudo e todos.
[...]
No final da tarde, os pais de Lucas e Joalin se encontravam no hospital juntamente comigo. Ainda não sabiam o que fariam com Luiza, estavam abalados demais com a perda de Joalin para pensar em um futuro. Liguei para a empresa avisando que não iria pelo resta da semana, não teria psicológico para aquilo.
Enterramos Joalin durante a noite, e fomos todos para meu apartamento. Era pequeno, mas acomodou todos.
Logo pela manhã fui para o hospital ver Luiza, me deixaram lhe banhar e alimentar a pequena. Hina passou algumas vezes para vê-la, e me assegurou que estava tudo bem.
No período da tarde foi o momento dos avós babarem na Luiza, me aproveitei disso para comer rapidamente no restaurante do hospital.
- Já decidiram o que farão com a bebê?
- Hina perguntou se sentando ao meu lado, bebia um enorme copo de café.- Ainda não, estão abalados demais com a morte de Joalin, ainda não pensaram sobre isso.
- Mas tem que pensarem, Luiza está bem, no máximo amanhã já pode ir para casa.
Suspirei. Minha cabeça não desligou um minuto desde que recebi a notícia da morte de Joalin, as horas pareciam voar enquanto eu continuava no mesmo lugar. Observava todos a minha volta, e cada vez um deles pareciam certo do que fazer a seguir, menos eu. Os Loukamaa e Burks estavam imersos no luto novamente, e eu estava ali, parada no tempo.
De repente eu estava cansada, sobrecarregada... perdida.
- Eles não ficarão com ela - sussurrei.
- É a neta deles Si.
- Eu sei, mas olhar para Luiza todos os dias é um enorme lembrete da perda deles.
- Eles superam isso.
- Joalin fez um testamento.
Hina me olhou curiosa. Além de médica a mulher era nossa amiga, acompanhou todo o processo de fertilização de Joalin. Hina sabia cada detalhe da ficha médica de Joalin, e claro, cada uma das nossas bebidas favoritas.
- A guarda de Luiza é minha.
A médica descansou as mãos sobre a mesa, e me analisou por segundos. Nunca conversamos sobre minha vontade de ter filhos, crianças sempre foi um assunto voltado para Joalin. Todos que me conheciam sabiam o quão focada eu estava no trabalho, uma criança naquele momento estava fora de cogitação.
- Eles já sabem disso?
- Não, o testamento será lido hoje à noite.
- E como você sabe disso?
- Joalin me fez prometer proteger o bebê a qualquer custo, me deixou cartas e vídeos para serem entregues à Luiza.
- Uma criança é muita responsabilidade.
- Sei disso, também sei que não estou pronta. - Respirei fundo. - Hina, eu estou começando minha carreira, daqui uns dois meses será lançada minha primeira coleção. Uma criança nunca fez parte dos meus planos, e não dá para mudar isso agora.
- Só pensa direito no que fará agora, para não se arrepender futuramente.
- O problema está inteiramente aí Hina, eu não sei o que fazer.- Suspirei.- Não sei do que me arrependerei no futuro. Está tudo tão... confuso, eu estou esgotada e nem se que fiz algo nesses últimos dias.
- Deveria tirar uns dias no trabalho, colocar a cabeça no lugar.Si, não perca a cabeça agora, essa criança precisa de você bem.
- Ela precisa de uma mãe.
- Então seja mãe dela.
Esse cap foi um pouco triste e é agora que complica um pouquinho para Sina..
Deixem a ⭐
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De repente Mãe •|• Noart Adaptation
FanficAdaptação dessa pessoa maravilhosa aqui @pandazin11 então os direitos autorais são todos dela. Sina Deinert é surpreendida com o testamento de sua melhor amiga, a qual lhe concedia a guarda da pequena Luiza. Nunca havia pensado em filhos, muito meno...