Em um orfanato afastado da sociedade, algumas crianças brincavam de correr no esverdeado quintal, em baixo do calor abundante do sol brilhante no céu azulado. Resumindo, era uma manhã linda de um feliz dia de verão.
Um pequenino menino de cabelos escuros, olhos azuis cintilantes e pele bronzeada que aparentava ter 4 anos se escondia nos cantos da biblioteca segurando seus livros infantis com força, parecia assustado.
Uma voz feminina então surge da porta, a procura do garoto.
¬– Phil! Phil! Cadê você?! – ao perceber que aquela voz era familiar, o garoto se levantava e se direcionava até a garota com um pouco mais de tranquilidade.
– A-aqui... Me desculpe Conny... – a garota de cabelos loiros, olhos escuros que carregava um coelhinho em seus braços, se aproxima do menino com a expressão de preocupação.
– O QUE ACONTECEU COM VOCÊ?! FORAM AQUELES IDIOTAS DE NOVO?! – ela percebe que o olho do garoto estava com um hematoma gigante, e quando pergunta, o menino concorda com os olhos se enchendo de lágrimas, que comove a menina e decide abraça-lo, deixando o coelhinho cair.
– Vamos Phil! Não vou deixar esses idiotas fazerem isso com você!
Conny, puxava Phil pela mão até o lugar onde estavam os garotos que bateram no seu protegido. Ela estava furiosa e pronta para brigar, por isso ela chegou batendo na porta com muita força, que fazia um grande barulho.
– ENTÃO FORAM VOCÊS OS IDIOTAS QUE BATERAM NO PHIL?! EU VOU ENCHER VOCÊS DE PORRADA! – os garotos eram da mesma idade de Conny (6 anos), então caíram na gargalhada já que na perspectiva deles, garotas eram frágeis e sensíveis.
– HAHAHA!! Você? Uma anã de jardim? Me poupe. – a garota já sem aguentar desaforos, parte para a agressão, dirigindo um tapa no rosto de um dos garotos.
– Tá louca garota?! – eles em um ato brutal, empurram Conny para o chão, mas a mesma não desiste por aí e parte para o soco. Ela não economizou força quando socou a barriga do outro garoto, que o fazia gritar de dor, e assustando os rapazes, dando iniciativa para eles recuarem.
– CORRAM MESMO IDIOTAS! SE EU PEGAR VOCÊS DE NOVO, EU FAÇO PICADINHO! – naquele momento, os olhos de Phil brilhavam, aquela cena foi uma bomba de sentimentos em seu coração, ele a admirava mais que tudo neste mundo.
– Conny... Muito obrigado... – ele dizia com seu rosto fervendo de vergonha e as bochechas vermelhas igual pimentão.
– Hahaha!! – a garota começava a rir desesperadamente, quase chorando.
– O-o que foi engraçado? – ele ficava cabisbaixo por achar que ela estava zombando dele, mas se impressiona com a resposta.
– Você parece um tomate assim Phil!
– I-isso é um elogio? – ela ri novamente, isso aquecia o coração do jovem garoto, e ele não entendia o motivo.
– Bobo! Vamos almoçar, já está quase na hora. – ela pegava na mão do garoto, no mesmo instante se coração palpitava.
Eles andavam pelo corredor, quando viram o grupo de garotos ali conversando.
– Oiii bocós – eles olhavam furiosos para ver quem tinha insultado, mas quando olham Phil de mãos dadas com Conny, eles desviam os olhares rapidamente.
Assim o dia passou, já era noite, todos estavam se preparando para dormir, mas Phil estava inquieto, ele passou o dia inteiro pesquisando o motivo de ter se sentido cada vez mais derretido por uma garota mesmo sendo tão jovem.
Impaciente com a situação, ele decide chamar alguém que o entenda para lhe ajudar.
Ele levantava de sua cama, colocava seus sapatos e cutucava seu amigo Norman, um garoto mais velho, de cabelos brancos e olhos azuis.
– Ei Norman... Acorde por favor, eu preciso de ajuda.
– Hmmm? – O platinado abria os olhos com dificuldade, e com uma voz meio rouca, dizia:
– O que foi Phil? – o garoto não respondia perguntas, apenas o puxava para fora da cama. – Ei ei! Vai com calma! – O platinado colocava seus sapatos e apenas seguia o pequeno que estava muito apressado.
Eles vão para fora, e sentam debaixo da árvore, deitando sobre a grama e mostrando o céu estrelado.
– E então? Por qual motivo me trouxe aqui? – dizia Norman curioso.
– Norman, o que é amor? – o platinado se surpreende com a pergunta, mas responde com sinceridade.
– É o sentimento mais difícil do ser humano, por que a pergunta?
– Porque eu acho que eu amo a Conny... – Amor? Como pode ter certeza?
– Alguns livros na biblioteca diziam que amor, é quando você se sente protegido por alguém, suas mãos suarem, borboletas no estômago, coração batendo mais rápido, tudo isso eu sinto perto dela, não sei como explicar, é tão novo.
– Phil, o que você sente claramente é amor – o garotinho fazia uma expressão de dúvida, então Norman prosseguia. – É um sentimento complexo, mas se você tem isso por alguém, precisa se declarar. Sabe... é como se a pessoa fosse uma árvore e, ao olhar para ela, você a vê repleta de coloridos frutos que ressaltam a sua beleza. Creio que você veja a Conny dessa forma, então deve esclarecer isso para ela. Vá em frente, Phil! – disse Norman, que logo em seguida abriu um sorriso inspirador em seu rosto, finalizando seu discurso.
Os olhos do pequeno garotinho brilhavam, mas logo seu foco foi direcionado todo para um abraço no mais velho como forma de agradecimento.
– Obrigado Norman! – O garoto saía correndo em direção a casa, sem nem se importar com os outros dormindo. Seus passos eram pesados, sua respiração estava ofegante, mas ele corria na direção do quarto de Conny, entrava e a acordava depressa a pobre garota que não sabia de nada que acontecia.
– Acorde Conny! Acorde! – ele sacudia a garota até ela despertar. – O que você quer? – ela dizia com uma voz e sono meio manhosa.
– Conny, preciso conversar com você, é urgente! – o garoto aumentava o tom da voz cada vez mais, mas foi interrompido pela mão de Conny tapando sua boca, indicando que era para ele falar mais baixo.
– Ssshh, vai acordar alguém assim! Vamos para outro lugar, vem. – ela puxava o garoto para a biblioteca, trancando a porta e acendendo um lampião. – O queria falar? – a loira fazia uma expressão de curiosidade misturada com confusão.
– Conny... O que você sente por mim? – Phil deixa a loira sem palavras. – Eu não sei... Qual o motivo da pergunta? – o garotinho enchia seus pulmões de ar e apertava seus punhos com força, extremamente envergonhado.
– EU TE AMO CONNY! EU NÃO POSSO TE DEIXAR IR! – ele gritava o mais alto possível, acordando a casa toda e deixando Conny em choque.
Após alguns minutos, Emma e Mama chegam no local desesperadas, se deparando com a Conny enchendo seus olhos de lágrimas e abraçando Phil fortemente.
– Eu não quero te deixar Phil, mas é minha única chance de ter uma família, me desculpa! – o menino fica paralisado, as únicas palavras que conseguiam sair de sua boca eram: “Não me deixe Conny”, “Eu preciso de você”.
Já estava amanhecendo, e neste dia Conny seria adotada, o que fazia Phil entrar em pânico o dia inteiro, repetindo as seguintes palavras:
– Não me abandone Conny, fique comigo.”
– Ei Phil venha cá! Vamos brincar de pega-pega! – Emma o chamava, mas ele não reagia, era como se estado vegetativo.
Ele estava sentado debaixo da árvore ao por do sol, até que Conny se aproximava e sentava ao seu lado. – Eu vou sentir sua falta... – o garoto ficava em silêncio, mas mesmo assim ela continuava a falar. – Eu sei que você deve estar bravo comigo, e eu entendo, mas quando se sentir sozinho, sem ninguém para conversar, olhe para as estrelas e pense em mim.
Phil a olhava encantado enquanto ela sorria, mas logo após se retirava do local por estar escurecendo, onde as estrelas e lua já estavam visíveis.
– Eu te amo, Conny... – Phil encarava o céu com as bochechas coradas.
O garoto corre para dentro da casa tentando se despedir, onde chegava quase atrasado, e por ver isso, ele gritava o nome da garota para ela o notar.
– CONNY! ESPERA CONNY! – A garota que já estava saindo da casa, vira e recebe um abraço inesperado.
– EU TE AMO INFINITAMENTE CONNY! NÃO ESQUEÇA DE MIM! – ele gritava aos braços dela, tentando a impedir de partir. – Eu também te amo, Phil. – Ela sussurrava baixinho e depois se retirava da casa, o que fez o garoto se afogar em lágrimas.
Os dias se passaram e Phil ainda aguardava, seus irmãos estavam estranhos e a Mama estava diferente, mas nada disso importava, pois quando chegava a noite, independentemente do clima, ele sentava em baixo da árvore e conversava com as estrelas até pegar no sono.
– Eu te amo, Conny...