Mais lúcido que nunca

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Harry Pov:

Em toda minha vida, eu me achei diferente dos demais, como se não me encaixasse no que eu nasci para encaixar.

Quando eu era mais novo, minha mãe e minha tia estavam tentando se dar bem, pois desde meninas viviam em pé de guerra.

E essa iniciativa veio depois de um acidente que minha mãe sofreu com uma poção que deu errado, ela ficou bem mal e teve que ser internada.

Alguns até acharam que ela poderia morrer, mas eu era muito pequeno para entender o que estava acontecendo.

Depois disso, quando minha mãe já estava melhor, minha tia começou a se aproximar, tentando fazer parte das nossas vidas e elas tiveram uma conversa séria.

Elas se aproximaram e quiseram aproximar as famílias também, mas meu pai e meu tio Válter não se davam lá muito bem, afinal de contas, eles não tinham absolutamente nada em comum, fazendo assim eu ser a última esperança.

Então uma vez por mês, eu passava um final de semana na casa dos meus tios.

Duda, o meu primo, era legal ao meu ver, mas falava coisas erradas e ofensivas para seus amigos mais próximos.

Por exemplo, uma vez, um deles chorou por ter caído da bicicleta e ele começou a "xinga-lo" de bichinha.

Eu era pequeno demais pra saber o que aquilo significava, mas com o tempo, aquilo se enraizou na minha pessoa e me fez achar que ser gay era errado.

Não tinha o costume de conversar sobre essas coisas com os meus pais e com o passar do tempo, Duda e eu ficamos bem próximos e comecei a agir como ele, até que um dia meus pais ouviram e decidiram ter uma conversa séria comigo.

Eles me explicaram o que havia de errado com a minha fala e como aquilo afetava as pessoas ao meu redor.

Embora eu tenha entendido o quão preconceituoso eu fui, ser gay pra mim, ainda era algo raro, como se o comum fosse ser hétero, até porque, era o que eu via a minha volta.

Mais ou menos um ano depois da nossa conversa, entrei para Hogwarts e fui selecionado para a Sonserina e lá a maioria dos alunos vinham de famílias tradicionais puro-sangue, que idealizam a vida de seus filhos com outros puro-sangues e que renderia em herdeiros e mais herdeiros.

Então era comum ouvir conversas na Comunal de como seria o casamento com tal pessoa ou ver duas pessoas que nunca se falaram andando grudadas de repente, mas sempre eram relacionamentos heterossexuais.

Pelo menos era o que as pessoas deixavam eu ver, porque até então eu achava ser o único, a raridade, o 1%...mas descobri que eu estava vivendo em uma bolha, que me excluía tanto do mundo real a ponto de não me fazer enxergar o verdadeiro "eu" dos meus amigos mais próximos.

E de quem é a culpa?
Do Duda, por me fazer enxergar aquilo como um erro?
Dos meus pais, por não me mostrarem o quanto isso é comum?
Da minha casa, por fazerem esses relacionamentos serem secretos?
Dos meus amigos, por não confiarem em mim para dividir suas descobertas?

Não, o único culpado sou eu.

Que decidi viver nessa bolha por medo.
Medo de sofrer os mesmos ataques que meu primo dava aos seus amigos de outras pessoas próximas ou não de mim.
Medo de ser visto diferente por pessoas que eu amo.
Medo de encarar o que eu sou e sofrer com as adversidades que isso traz.
Medo de enxergar o que estava bem a minha frente e principalmente, medo de saber que quem eu amo sofre com os mesmos medos.

Quando Pansy falou explicitamente que gosta de Hermione e que Blaise gosta do Ronald, ela me tirou da minha zona de conforto, onde eu fingia pra mim mesmo que nada acontecia fora da minha bolha.

Eu não poderia mais ignorar esse mundo como se só eu sofresse com o que ele traz, eu tinha que aceitar que eu não sou o único que precisa de apoio e que meus amigos precisam de mim, porque eles não tem o apoio dos seus familiares

Disse para meus amigos que o que me fez descobrir minha homossexualidade foi uma paixão, mas sentir o cheiro de Draco na Amortentia não me fez descobrir, só me obrigou a aceitar algo que eu sempre soube.

Me fez ver que não podia mais fugir, mas ainda assim tentei evitar essa situação por um ano antes de aceitar que não tinha volta.

Mas meus amigos estavam ali, na minha frente, com toda a coragem que tinham e me mostrando as pessoas que eles gostavam.

Que provavelmente só descobriram que era recíproco ontem e ainda assim, sendo tão recente, eles não hesitaram e assumiram o que sentem.

Mesmo com seus pais, que irão ficar putos da vida quando souberem, eles decidiram encarar e eu, que não tenho nenhum problema desse tipo com a minha família, estava com medo de assumir o meu amor.

No fundo eu já sabia, não era por medo de acabar com a amizade, até porque, somos sonserinos e a nossa casa é a nossa família, nós nunca abandonamos a família.

Meu medo era de viver o que eu sou, porque talvez nossa amizade não fosse acabar, mas meu medo de ser rejeitado por Draco era maior, meu medo de ser rejeitado pelos meus amigos também.

E ser rejeitado, não é o mesmo que deixar de ser amigo, meu medo era de que eles continuassem do meu lado por pena e que me olhassem diferente.

Meus amigos são bons amigos, mas na minha cabeça, isso seria um peso na nossa amizade.

Por isso, nesse momento, eu sinto mais orgulho de Pan e Blas do que jamais senti, pois eles confiaram neles e confiaram em mim.

Não sei por quanto tempo eu fiquei desmaiado, mas foi o suficiente para me fazer enxergar tudo e todos como sempre foi.

★★★★★★★★★★★★★★★★★★★★

Olá meus amores, eu sei o que vcs estão pensando.

"Aff, mas eu queria ver Drarry, Blon e Pansmione"

Só que esse cap é muito importante pra vcs entenderem o que o Harry pensava.

Isso msm, pensava...

Essa fic se trata de descoberta e aceitação, muito do que aconteceu com o Harry eu passei na vida real.

Então eu queria contar um pouco da minha história, só que de uma maneira BEM mais soft.

Eu vou postar logo a continuação, se não geral me mata.

Amo vcs e até já já

🖤

Experiência Maldosa (HIATUS)Onde histórias criam vida. Descubra agora