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Ao olhar para aquele outro corredor quase idêntico com o primeiro labirinto de tijolos, São Paulo estava com cara de quem estava tão sem paciência que poderia bater em alguém.

-Rio... - ele deu um tapa de leve na sua própria testa, sua voz estava extremamente raivosa. - VOCÊ NOS LEVOU PARA O MESMO LABIRINTO DE ANTES!

Ele foi um pouco para trás por instinto, bem assustado com o tom de voz que São Paulo havia usado.

-Calma.. eu... é.. tenho certeza que este é diferente! - ele deu um sorriso, andando um pouco para frente, examinando o corredor de tijolos - Olha, vem cá..! - disse sussurrando e se abaixando com uma expressão de pânico, fazendo um sinal com a mão para que São Paulo visse o que estava acontecendo.

Ele, com um pouquinho de medo, se abaixou também, e viu a menina de olhos puxados e cabelo curto do outro lado da parede, armada, não dessa vez com um taco de baseball, mas sim com uma metralhadora.

Apavorado, ele fez um sinal de silêncio com os dedos.

-Que barulho foi esse? - a garota disse com sua voz alta e autoritária, se aproximando dos dois, que estavam escondidos e calados atrás da parede. Seus olhos verdes intimidadores estavam destacados em uma leve escuridão no fim do labirinto.

Rio tentou fazer leitura labial para São Paulo, que não entendeu muito bem;

''Ela ouviu seu grito'' ... ''Barulho'' ... ''Concreto caindo no chão'' ...

Essas foram as únicas coisas que ele conseguiu entender.

São Paulo viu que não tinha como eles sobreviverem se ficassem ali, então fez um sinal rapidamente para Rio o seguir. Eles saíram de fininho para o corredor ao lado, tentando ao máximo não fazer barulho com seus passos.

Porém quando eles viraram o corredor, despistando a garota, viram que a garota de cabelos azuis de antes estava bem na frente deles. Apesar de ter se mostrado bem forte antes, ela parecia bem intimidada com a presença de Rio ali. Ela obviamente não tinha esquecido que ele tinha asas. Rio e São Paulo quase enfartaram quando viram ela ali, mas eles logo perceberam que a garota não estava armada, e também não parecia com intenção de machucá-los. Ela apenas olhou para eles com cara de confusa.

-Estão com tanto medo de que? - São Paulo quis quase dar um grito de ódio depois dessa. Como assim? Ela o sequestrava, o machucava com um taco de baseball, e depois perguntava do que ele estava com medo.

A outra garota dos olhos puxados obviamente ouviu a voz dela, e foi em direção aonde eles estavam.

Ouvindo os passos, Rio pegou São Paulo pelo braço e passou voando pela garota dos cabelos azuis muito rápido, o deixando em um lugar seguro, atrás de outra parede do labirinto. Eles não conseguiam ver nada agora, apenas escutar.

-Com quem você tá falando? - ela abaixou a arma ao notar a amiga ali parada com cara de quem tinha visto um fantasma.

-É... - ela olhou rapidamente para trás, e, escutando com atenção, ela poderia ouvir a respiração dos dois, que pareciam apavorados. - Ninguém. - disse, mentindo, colocando os dois braços atrás das costas, parecendo um pouco ansiosa.

-Tá ficando maluca, é? - a garota dos cabelos azuis corou e desviou o olhar.

-Não.. é que.. achei que tinha escutado um gato miando aqui por perto, com um tom de tristeza... Então perguntei do que ele estava com medo. Mas pelo visto não era ninguém, era só minha cabeça..

-Hm, tá. - ela revirou os olhos, colocando sua metralhadora nos ombros. - Então.. cê não tá preocupada com aqueles dois idiotas que fugiram de nós não? Não sei se eu estou ficando doida, mas, eu acho que eu ouvi alguém gritando por aqui.

-Na verdade, eu ouvi alguém sim. - Rio fechou os olhos decepcionado ao ouvir aquilo, achando que a garota iria entregá-los - Lá no corredor neon. - ela sorriu timidamente, enquanto São Paulo e Rio colocavam a mão na boca um do outro, para bloquear qualquer ruído não intencional, e também pois ambos estavam chocados com a mudança repentina de atitude vindo da garota - você pretende vasculhar aqui por enquanto?

-Na verdade, já que você disse do corredor Neon, eu vou pra lá. - ela girou algumas vezes a arma, parecia realmente talentosa, pra infelicidade de Rio e São Paulo. -  Se eu não encontrar nada, então vou pôr a culpa em você, você e os barulhos que cê tanto escuta. - Ela deu uma empurrada de leve no ombro da garota dos cabelos azuis, só de brincadeirinha. Soltou uma risadinha e virou em direção ao corredor neon.

Suando e também deixando escapar um suspiro, a garota dos cabelos azuis foi em direção aos dois, e tinha uma expressão de felicidade.

Já São Paulo, olhava ela com ódio profundo. Rio não tinha nenhuma expressão interessante em sua face, ele apenas parecia confuso.

-Decidiu nos ajudar pois sabe que está em desvantagem. - disse São Paulo, corando um pouco por citar como Rio parecia intimidador as vezes. - Covarde. - Ele se levantou com ódio. Apesar de estar bravo, ele ainda mantinha a voz um pouco baixa para evitar outro encontro com a outra garota da metralhadora.

-Não, não! Você entendeu tudo errado! - ela fez um sinal de ''não'' desesperadamente com a cabeça e com as mãos - Quero dizer... não quero bancar a heroína.. Eu só achei injusto.

-E sequestrar um cidadão inocente enquanto ele está em paz em seu lar é justo? - São Paulo revidou. Sua voz parecia ficar mais alta a cada frase.

-Não f-foi ideia minha... foi dos meus amigos.. - ela gaguejava por causa do tom de raiva na voz dele, e chegava para trás lentamente.

-Isso não importa! Você estava lá, você participou, VOCÊ RIU DA MINHA CARA ENQUANTO SEGURAVA UM TACO DE BASEBALL ENSANGUENTADO! - lágrimas começavam a surgir em seu rosto enquanto ele falava, se lembrando de tudo perfeitamente. A dor já havia cessado um pouco, mas o trauma nunca vai embora. Rio tentou confortá-lo, o abraçando por trás, com uma cara de choro também. Ele segurou os braços de Rio carinhosamente, deixando suas lágrimas escorrerem pelo seu rosto enquanto tentava as secar.

A garota dos cabelos azuis olhou para baixo, arrependida, segurando seu próprio braço, tentando se esquecer do que fez.

-Desculpa.. eu vou deixar vocês em paz agora. - disse ela, se afastando e virando o corredor.

-Ah, não vai não - Rio disse, saindo rapidamente de trás de São Paulo e a segurando pela blusa, abrindo novamente suas asas, que a fizeram entrar em choque.

Paralisada, ela nem conseguia olhar para as asas direito, apenas para a expressão triste no rosto de São Paulo. Rio chegou mais perto dela, de um jeito que seus narizes estavam quase se encostando, a obrigando a prestar atenção somente nele.

-Você acha que pode fazer algo desse tipo com as pessoas, pedir desculpas como se não fosse nada, e apenas sair como se não se importasse? - o rosto de Rio agora expressava apenas ódio. Ele não gostava nem um pouco quando São Paulo chorava, pois era raro, ou seja, apenas algo que o magoava muito poderia faze-lo chorar. - Escuta aqui, garotinha - ele colocou sua boca perto do ouvido da garota brutalmente - você vai nos mostrar a saída desse maldito labirinto agora, por bem, ou por mal..

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⏰ Última atualização: May 12, 2021 ⏰

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