Capítulo 19

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Dia 28 - parte 3

Eu sentia minhas pernas tremendo, meu corpo inteiro estava dolorido e mau conseguia caminhar por entre o terreno íngreme e de vegetação densa que cercava os arredores da rodovia.

Respiração ofegante e transpirando com o calor, eu estava prestes a perder minhas forças. Lukas e Martíns vinham logo atrás de mim, tinham dificuldade de se locomover pelo terreno escorregadio.

Sinto minha visão ir escurecendo aos poucos. Luto contra o cansaço, mas vou perdendo as força e ameaço cair. Lukas impede a queda ao me segurar, sua expressão de preocupação evidente me assustava um pouco.

Martí,  ainda machucado, arrastava sua perna e vinha ao nosso encontro sempre olhando para trás. O grunhido incessante daquelas criaturas não nos ajudava. Mesmo ali, éramos presas fáceis para eles, haviam nos seguido por entre a mata. A vantagem, aquele lugar era ainda mais difícil para eles se moverem do que nós. A desvantagem? Aparentemente eles não cansam, insistentes, perseguem suas presas impiedosamente até conseguirem seu objetivo, matar e te transformar em mais um deles.

Tomo um gole rápido de água e seco o suor em minha testa com as costas da mão. Tudo ainda estava girando na minha cabeça, sentia minhas pernas tremerem e o calor aumentar. Febre? A essa altura isso já não importava mais.

— Vamos continuar —   falo enquanto me levanto — precisamos sair daqui.

— Nick! Sente e descanse um pouco, você está quase desmaiando. — Lukas disse me segurando no ombro — Para de bancar o forte, se continuar assim vai acabar se matando.

— Se continuarmos aqui parados vamos todos morrer do mesmo jeito, eles já estão próximos.  — Resmungo.

— Nicholas, você está suando igual uma chaleira velha, se der mais dois passos é capaz de cair duro no chão. Não seja teimoso. Só dessa vez faça o que estou pedindo. Martíns também precisa descansar, o tornozelo dele está roxo.

— Por isso precisamos ir logo. Ana pode tratar os machucados. — Retruco.

— Ela pode cuidar de machucados, não reviver os mortos... quer dizer, enfim, você entendeu. — Ele faz uma cara engraçada de confusão e mexe no seu cabelo preto e agora bagunçado.

— Ok! Você venceu, mas só cinco minutos. Depois vamos continuar. — Falo, acatando o pedido de Lukas.

Ele apenas sorrir ao ouvir minha resposta. Ao longo dos últimos dias, Lukas e eu temos nos aproximado bastante, acredito que é a pessoa em quem mais confio no momento. Embora ele estivesse certo, ainda estou preocupado com os outros. Eu não sei se Jorge conseguiu, Ana pode estar em perigo e eu nem sei o que aconteceu com os outros. Se eles morrerem será culpa minha, eu os trouxe até aqui.

Sou desperto do meu transe pelo som de galhos secos quebrando e de um grunhido bastante familiar. Um deles já tinha nos alcançado. Um homem, vestia roupas casuais e andava cambaleando. Seu braço esquerdo já não existia mais e no lugar de sua orelha esquerda agora só existe uma enorme ferida vermelha escuro. Sangue, a mancha se estendia pelo pescoço e ombros.

Ele olhava para nós com fúria e seus grunhidos ficavam cada vez mais fortes. Abocanhava o ar e vinham mais rápido em nossa direção assim que nos avistou. Outro grunhido e mais outro, vários deles começavam a aparecer um atrás do outro.

— Parece que nosso recreio acabou. — Falo enquanto me levanto e coloco a mochila nas costas rapidamente.

— Como chegaram aqui tão rápido? — Indagou Lukas.

— Eu não sei, mas não quero ficar aqui pra descobrir. Vamos! — Respondo.

Aos poucos a vegetação vai ficando mais rala conforme avancavamos por entre a mata. A passos rápido nos distanciavamos mais e mais dos zumbis, mas não o sulficiente para eles desistirem de suas presas. Martíns continuava tendo dificuldade, sentia o tornozelo doer cada vez mais.

O Dia Z: O Prelúdio Do FimOnde histórias criam vida. Descubra agora