9. Vinho é a pior bebida do mundo

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Cosima POV

– É, realmente – proferi com a voz pesada, pois Delphine não era das mulheres mais leves do mundo, e a nossa diferença de altura dificultava o meu trabalho – Vinho não é bebida para você!

A tirei do meu ombro e a coloquei na cama com cuidado. Delphine estava bêbada, e ria só de olhar para as paredes. Não era minha intenção que ela chegasse naquele estado, e nem reparei quando ela o fez. Delphine simplesmente começou a rir de tudo, de maneira exagerada quando terminamos de comer e continuamos conversando. Não contei profundamente sobre o motivo de ter fugido, apenas falei sobre Alison e sobre o quanto eu adoraria que ela a conhecesse.

– Vinho é a melhor bebida do mundo! – exclamou alto, jogando os braços abertos para trás e gargalhando mais uma vez. Achei graça, e achei lindo ver aquela cena. Ela sorria, e parecia estar mais feliz do que em seu estado normal.

Tive vontade de beijá-la naquele instante, mas eu me negava a fazê-lo. Primeiro porque ela extremamente ébria, e depois, poderia ser que ela se arrependesse, ou simplesmente não quisesse. Ou talvez fosse heterossexual, o que eu ainda duvidava muito. De qualquer maneira, eu não me permitiria dar uma bola fora como aquela, não queria ver Delphine indo embora da minha vida, quando havia acabado de chegar.

– Alex, diga à Cosima que ela é uma cretina por ter me embebedado – disse com a língua enrolada, o que me fiz gargalhar. Ela estava mesmo me chamando de cretina? Cormier era a mulher mais engraçada do mundo, aos meus olhos.

– Nem Alex, e nem eu recebemos ordens de outra mulher, Srta. Cormier – respondi a ela antes que Alex o fizesse – E você fez o favor de se embebedar sozinha.

– Cosima, essa calça está me incomodando – forçou uma voz exagerada de choro e apertou os olhos, um ato totalmente birrento, de criança que queria tudo na hora. E agora, meu Deus?

– Tá legal – respirei fundo e desabotoei a calça, que apesar de larga, realmente a incomodaria para dormir por conta dos detalhes. Sem esperar muito mais, puxei a peça para baixo e ela arqueou a coluna para me ajudar. Então tive um vislumbre de suas coxas avantajadas, mas rapidamente desviei o olhar para não deixá-la desconfortável.

– Vamos ficar só na calça, tá? – brincou gargalhando, e tive de lhe acompanhar. Aquela Delphine era totalmente diferente da mulher séria com quem saí durante o dia, e eu estava adorando tê-la.

– Como quiser. Durma um pouco, está bem?

Eu não ligava de ela ter bebido demais, não mesmo. Eu ligaria se ela o tivesse feito enquanto estávamos no restaurante, como já estava fazendo, na verdade. Não queria que estivéssemos em um local público, queria apenas que ela se sentisse mais relaxada e à vontade. Mas aqui, comigo, eu poderia facilmente cuidar dela, enquanto me ocupava de outros afazeres durante o seu sono.

– Cosima – chamou pelo meu nome, e imediatamente a olhei, jogando a calça em um canto qualquer do chão. Coloquei uma mão em cada lado de seu corpo, e ela segurou o meu rosto com as duas mãos para me puxar para mais perto enquanto me encarava séria – Seus olhos são lindos! – disse com o olhar vidrado no meu. Tive que morder o lábio para reprimir a vontade de rir daquela situação. Eu louca para beijá-la, e ela louca da cabeça.

– Os seus também são, Cormier – elogiei de volta.

– Sua cama é tão macia – disse desvencilhando de mim, ficando de bruços para acariciar os lençóis verdes de seda que abraçavam o meu colchão.

Delphine parou de mexer os braços, e fechou olhos. Ela adormecera instantaneamente, e mais uma vez tive que me repreender para não ficar lhe admirando. Liguei o ar-condicionado, por conta da temperatura subindo dentro do casarão, mas mantive a lareira acesa.

Não diga que me amaOnde histórias criam vida. Descubra agora