Capítulo 29

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Natasha Bastos

Acordo com o clarão das janelas invadindo a sala.
Gustavo está de frente pra mim, sua boca está um pouco aberta e seu rosto amassado, me aproximo para lhe dar um beijo de bom dia mas o acordo sem querer.

— Bom dia. -ele reclama ainda de olhos fechados-

— Bom dia. -solto um riso rápido, me embrulho em uma das mantas que estavam na sala, e levanto para pegar meu celular que tinha ficado na bolsa, jogado no início da casa- puta que pariu.

— O que? -ele grita da sala- puta que pariu mesmo.

Volto pra sala o mais rápido que consigo e vejo que Gustavo também recebeu o tanto de mensagens que eu.

— A Valentina acha que você estava comigo. -ele comenta e ajeita o cabelo com os dedos-

— Nega, não deixa ela achar isso. -me sento ao seu lado tentando ler todas as mensagens de ontem-

— Por que? -Ele me encara sem expressões-

— Não contei pra ela ainda, quero ser eu a contar. -me deito sobre ele e puxo a manta até a altura da minha cintura- tudo bem pra você?

— Claro. -ele sorri simpático- preciso ir trabalhar, eu sumi essa semana inteira sem nem me explicar.

— Talvez por isso seu pai esteja puto com você. -reviro os olhos-

— Pode ser que sim, mas isso só piorou a merda toda. -ele começa a rir e alcança minha bunda despida, me fazendo arrepiar e começar a rir- quer que eu me recomponha?

— Não. -deposito um selinho rápido em seus lábios- só não estou acostumada a esses atos.

— Você não namorava? -ele franze a sobrancelha e me encara-

— Então. -dou um sorriso envergonhada. Bem, eu não namoro, tá vai eu "namoro", não teve o pedido oficial mas eu preciso acabar o que seja lá que eu tenho com aquele doente mental-

— Vem. -Ele se levanta comigo em seu colo- vamos tomar banho.

— Não! -começo a rir- prefiro tomar banho na minha casa e já arrumar a bagunça que deixei pra trás.

— Você quem sabe. -ele pousa no chão- quer que eu te leve em casa? Eu troco de roupa rapidão e te deixo lá.

— Não não, eu vim de carro. -sorrio enquanto visto minhas roupas-

— Tudo bem então. -ele ajeita o edredom em seu corpo- ficaria horas conversando com você, mas estou começando a me sentir desconfortável em estar quase nu, podendo ver meus vizinhos a qualquer momento.

— Dorme lá em casa hoje, a gente vê um filme ou sei lá. -Sugiro- se quiser, claro... -dou-lhe um beijo rápido de despedida-

— Claro que quero, vamos depois da facul? Tudo bem pra você? -ele usa uma mão pra abraçar minha cintura e a outra pra segurar o lençol que o cobria-

— Pode ser, se você faltar hoje de novo sua vaga vai ser levada. -falo e ele começa a rir-

— Não é pra tanto, menina.

— Bom... -dou-lhe outro beijo rápido- nos vemos depois.

Pego minhas coisas caídas no chão perto da porta de entrada e caminho até meu carro.
Quero só ver como vou me demitir e largar daquele homem, no mesmo momento.
Resolvo não ir trabalhar hoje, já estava na merda mesmo, vou tirar o dia pra pensar e ver o que seria melhor.
Dirijo até meu apartamento, o dia estava nublado como sempre, um tempo bom pra fazer tudo errado, parecia que eu estava indo contra todos os meus princípios, mas eu finalmente sentia que estava no caminho certo, não sei.
Estaciono no lugar de sempre e não vejo o carro de João no estacionamento, ainda bem.

𝐎 𝐬𝐢𝐧𝐜𝐫𝐨𝐧𝐢𝐬𝐦𝐨 𝐝𝐨 𝐧𝐨𝐬𝐬𝐨 𝐨𝐥𝐡𝐚𝐫Onde histórias criam vida. Descubra agora