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(Pela visão de Alice)

A caminho de casa, resolvi passar na minha cafeteria predileta que não ia há tempos, We Cofee. Hoje eu só pegaria um café e um croassaint rapidamente, para ir maratonar a mesma série de sempre em casa.

Liguei meu carro, coloquei uma música aleatória da playlist do Spotify, quando fui dar ré escutei um estrondo. Imediatamente desci do carro para verificar o que havia acontecido,logo, vi uma bicicleta vermelha no chão um pouco amassada e quando me aproximei para entender melhor o que tinha acontecido vi Maria Lúcia com um sangramento na cabeça, porém se levantando, ajeitando as roupas e pegando a bicicleta.

- Você precisa de ajuda?

Não deu tempo dela responder, logo desmaiou. O hospital era muito longe da onde estávamos, o mais rápido e prudente a se fazer era leva-la a minha casa, precisava cuidar de seu ferimento e desinfecta-lo o mais breve possível para não acontecer nada mais grave, como uma infecção bacteriana.

Peguei-a no colo, ela era bem leve, apesar do corpo atlético exibido pela roupa de exercícios físicos que estava usando. Coloquei Malu no banco do passageiro, passei o cinto em seu banco por precaução, e dirige com segurança, mas o mais rápido que podia até minha casa. Me sentia um pouco atordoada por ter atropelado-a, imaginando como seria burocrático, entretanto, me sentia mais preocupada em cuidar dela o melhor possível para que tudo ficasse bem.

Cheguei na garagem de cassa e pedi para Olavo, o mordomo, pegar as coisas no porta-malas, como a bicicleta e uma bolsa que estava na cesta da mesma, fui entrando com Malu em meus braços e colocando-a no sofá, enquanto isso, fui depressa buscar amônia e algodão para acorda-la, ver se houve alguma sequela e explicar o que aconteceu. Aos poucos ela foi despertando.

- Aí, minha cabeça dói. O que aconteceu?

- Calma, Malu. Sem querer eu fui dar ré, não olhei o retrovisor e bati na sua bicicleta, você acabou tendo escoriações e cortando a testa.

- Do quê a senhora me chamou?

- Desculpe, então Maria Lúcia. Houve esse acidente e eu te trouxe até minha casa para prestar os primeiros socorros, já que o hospital ficava muito longe.

- Pode me chamar de Malu, não tem problema. Inclusive é algo que não quero causar, obrigada pelos cuidados, já estou indo.

Assim que Maria Lúcia levantou-se do sofá, começou a caminhar acabou desmaiando novamente. Como notei que não havia nenhuma sequela, talvez o desmaio pudesse ser por fraqueza, então resolvi fazer um lanche para que ela se alimentasse. Eu não queria ter intimidade com ninguém na primeira semana de aula, mas não podia deixa-la lá, por inúmeros motivos, porém estava com medo que ela falasse que a trouxe até minha casa.

Voltei na sala de forma silenciosa, mas, Malu, já estava acordada.

- Obrigada pelo lanche, Sra.Ruggiero. Ops, Alice. Eu não quero causar mais problemas, já estou indo embora, só irei comê-lo, pois minha mãe sempre disse que é falta de educação não aceitar um lanche. Eu já causei trabalho demais.

- Você não causou trabalho nenhum, a responsável do que aconteceu com você fui eu, deixe-me pelo menos oferecer o jantar.

Ela não respondeu, apenas levantou-se, agradeceu de forma cordial, apertou minhas mãos, pegou seu celular, digitou alguns números no celular e em menos de cinco minutos o táxi estava no portão do meu prédio, aguardando-a.

- Táxi? Olhei de forma indignada. Você não quer que eu te leve?

- Obrigada, já fez muito por mim. Até amanhã. Boa noite.

Depois que Malu foi embora, resolvi enviar um e-mail, para me desculpar mais uma vez. Enviei pelo portal da Universidade que é onde tínhamos contato de todos alunos e vice-versa.

" Olá, Maria Lúcia. Peço desculpas novamente pelo ocorrido na cafeteria, espero que você esteja bem. Enquanto estava dormindo, liguei do seu celular para o último número da sua agenda telefônica das chamadas recentes, atendeu uma mulher chamada Katharina, expliquei toda a situação e as coisas se resolveram de forma tranquila. Não queria ser invasiva, mas precisava avisar alguém sobre seu paradeiro, achei que estava na minha obrigação. Obrigada por ter me deixado te ajudar, era o mínimo que eu poderia fazer, depois do que aconteceu. Atenciosamente, Alice Ruggiero Bittencourt."

Li o e-mail e reli, ao menos umas cinco vezes. Não queria que soasse insensível, mas também não queria que parecesse antiprofissional. Enviei, mas fiquei me revirando na cama, pensando nos acontecimentos e como seria a reação dela na universidade, já que ela parecia ser uma pessoa bem ética e profissional. Outra coisa que também rondava minha cabeça, era o por que eu a deixei sair sem insistir na carona?

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