Capítulo 1

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- Bom dia Querida! Preparada para o primeiro dia de trabalho, eu e o vovô te desejamos boa sorte, não esqueça de me contar tudo quando voltar, bjs da vovó.

Droga! Meu despertador mais uma vez me deixou na mão preciso me lembrar de colocar o celular pra despertar, assim se um não tocar terei o outro, primeiro dia de trabalho e quase me atraso se não fosse a mensagem da vovó sabe se lá que horas eu iria acordar, tenho problemas com sono há anos, sinto um sono incontrolável, tá um pouco é preguiça eu confesso, mas é sério sempre tive dificuldades para acordar cedo, porém a vida adulta não te dá muitas escolhas.

Me levanto da cama e decido tomar um banho rápido pra despertar, lavo meus cabelos com o meu shampoo caro que ganhei de vovó, mas que uso apenas para eventos importantes, ele tem um cheiro adocicado porém suave e deixa meus cabelos leves como algodão, tenho que passar uma boa impressão para o primeiro dia, estou ansiosa e um pouco nervosa.

Passo uma maquiagem leve apenas para tirar a imagem de cansada que meu rosto mostra, na verdade não sou boa com maquiagens, sei apenas o básico, base um batom cor da boca e rímel.

Coloco a roupa que havia escolhido no dia anterior, uma calça de cós alto flare escura com uma blusa social de cetim branca, um saltinho baixo e estou pronta, se pudesse iria trabalhar de moletom mas vovó disse que ninguém me contrataria assim, que uma moça deve ser elegante e mostrar boa classe, se eu sou assim eu não sei, mas pelo menos eu tento ser!

Saio na rua e percebo como ainda não me acostumei com a movimentação de Seattle, venho de Lynden uma pequena cidade do condado de Washington com aproxidamente 10 mil habitantes comparado a Seattle um grão de mostarda, cresci com minha avó Isis e meu avô Thomas que me criaram desde a morte dos meus pais, considero eles o meu tudo são meus pais de criação, foi difícil deixar eles, mas eu precisava disso, uma chance de começar do zero, de fazer a minha marca, crescer profissionalmente mesmo que eu ainda não saiba se é com Contabilidade que eu quero trabalhar mas não é esse o foco no momento, voltando, e quem sabe até construir laços por aqui, não sou uma pessoa de muitos amigos.

Sempre gostei de fazer tudo sozinha e isso me atrapalhou bastante no quesito fazer amizades quando fiquei mais velha, mas não é algo que me incomoda as vezes queria ter uma amiga pra desabafar minha angústias e mágoas, mas logo passa e eu mesmo me consolo, pareceu triste isso mas eu juro que não é, mas enfim meus avós estão a mais ou menos 2 horas de distância de mim, aos fins de semana ainda posso visitá-los e matar a saudade, falando em saudade queria minha gatinha Zoe comigo, mas o meu apartamento era pequeno demais para trazê-la, então ela ficou, me bateu nostalgia de casa e saudade dos meus velhinhos e da Zoe, força Bela, você consegue!

Olho no relógio e percebo que faltam ainda 20 minutos para o metrô passar, ainda bem que moro bem perto da estação do metrô, moro em um bairro bem simples em Seattle, mesmo que a cidade tenha o custo de vida alto foi aqui que decidi que usaria o dinheiro que meus pais me deixaram, mesmo morando em um apartamento minisculo, me sinto feliz e realizada e sei que será só o começo.

Pego um café na cafeteria mais perto, preciso de um bem forte pra me acordar e animar, preciso chegar na empresa com disposição e mostrar que aqui tem trabalho, as vezes eu mesmo me empolgo comigo mesmo, e até me acho louca as vezes, tem dias que sou tão otimista e tem dias que o pessimismo reina, essa bipolaridade ainda vai me enlouquecer.

Depois de muito sufoco consigo entrar no metrô, esse horário é terrível, quase todos indo para o trabalho e a lotação é certa, a parte boa e que quando as portas se abrem e você está na frente nem precisa se mexer pois a multidão te leva e quando percebe já está lá dentro.

Ir sentada é um grande privilégio, mas é para poucos isso, desde que cheguei nessa cidade apenas consegui apreciar os passeios de metrô em pé, é quase impossível sentar, estava eu concentrada em meus pensamentos e na minha playlist de música, quando percebo alguém puxando levemente meu braço, tiro os fones do ouvido e olho é uma senhora.

- A mocinha gostaria de sentar no meu lugar, vou descer na próxima estação que está chegando, normalmente não costumo avisar, mas você me parece tão alegre, mesmo com esse metrô abarrotado de pessoas com cara fechada.

- Nossa, obrigada pela gentileza, hoje é meu primeiro dia de trabalho por isso estou tão alegre, espero não ficar de cara fechada nos próximos dias.E dou um leve sorriso, ela se levanta me deseja boa sorte e sai assim que as portas se abrem.

Me sento, quem sabe hoje não é o dia das coisas darem certo, espero que ocorra tudo bem no trabalho estou confiante mas apreensiva também, trabalhei em Lynden como estagiária (mal) remunerada em uma pequena empresa de contabilidade na cidade, eu adorava o trabalho e as pessoas também, mas não tinha opção de crescimento, me vi presa e decidi sair fora da caixa, nada contra Bil mas não gostaria de terminar como ele.

Bil era o dono da empresa que estava em pé aos trancos e barrancos pagava os funcionários apenas quando dava, já não havia tantos serviços, o problema é que com o tempo as coisas inovam e mudam, mas Bil não aceitava era contra a tecnologia e achava que era apenas o governo querendo ter controle sobe seu trabalho, Lynden em si não evoluiu é uma cidade pequena que mesmo com os anos passando ainda estava parada no tempo junto com os moradores.

Meses atrás estava pensando porque não sair da zona de conforto, conversei com meus avós sobre a ideia de me mudar, inicialmente não tinha nenhuma cidade em meus pensamentos, mas logo pensei quero morar em um lugar mais agitado, uma cidade maior, porque não Seattle uma das maiores cidades de Washington, oportunidades devem aparecer por lá, meus avós relutaram no começo com a possível ideia acharam que seria algo de momentos e que logo esqueceria, mas com o passar dos dias falava mais sobre meus desejos e sonhos fora de Lynden e eles acabaram cedendo, até tive a ideia deles irem comigo, mas ninguém se animou, e eu compreendi Lynden era o lar deles não sairiam de lá tão facilmente.

Bom, com o consentimento dos dois comecei a enviar vários currículos para as empresas em Seattle, passou-se um mês da minha ideia de uma futura mudança, checava meus e-mail todos os dias e nenhum retorno das empresas, já está quase desistindo da ideia patética de me mudar, meu lado pessimista já tava tomando conta, mas aí chegou um e-mail da Solves accounting uma empresa renomada dizendo que gostaria de fazer uma entrevista, me lembro que dei vários pulinhos de alegria logo depois recuperei o fôlego e retornei o e-mail, uma semana depois fiz a entrevista online e ligaram no dia seguinte dizendo que a vaga de assistente contábil era minha, meu sonho de ter um emprego em uma empresa grande e de nome estava se tornando cada vez mais real.

Já estava eu imaginando crescendo dentro da empresa ocupando um cargo importante que eu seria insubstituível ou que caso eu saísse, sentiriam falta do meu trabalho, ser reconhecida e admirada, uma vida estabilizada psicologicamente e principalmente financeiramente né gente, tá pode ser muito mas sonhar é de graça "ainda".

Depois de 30 minutos de metrô, chego a minha estação, desço tranquilamente, olho no relógio mais uma vez e vejo que faltam 24 minutos para mim entrar, resolvo ir direto para a empresa que andando da em torno de 7 minutos do metrô.

Chego um pouco ofegante sei que iria chegar no horário, mas queria chegar antes do horário marcado pra mostrar que estou levando a sério, e que tenho responsabilidade com horários, pareço uma chata falando mas talvez com isso eu realmente seja, odeio atrasos, sempre procuro ser pontual, ao entrar no prédio percebo que é um local bem movimentado é um prédio com mais ou menos 50 andares, um ambiente chique e organizado com pessoas bem vestidas, acho que estou apropriada não tenho muita certeza, mesmo tendo mais de uma empresa no mesmo prédio, não deixa de ter o nome enorme da Solves accounting em uma das faixadas com uma certa elegância, vou em direção aos elevadores, onde já tem mais umas 5 pessoas esperando, ao abrir todos entramos, aperto o andar 23 que a minha deixa.

Quando ele chega ao meu destino mais duas pessoas saem comigo do cubículo. Vou em direção a recepção e digo meu nome, ela chama o meu gestor por telefone e pede para aguardar um momento, logo vejo uma moça loira, com um vestido tubinho social desenhado perfeitamente em seu corpo vindo em minha direção.

-Bom dia, Bela não é mesmo? Me chamo Lia, prazer!

Quando Tudo ComeçouOnde histórias criam vida. Descubra agora