DEZENOVE

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Hedvig sempre foi calado. Seu jeito tímido e pacato escondia um transtorno cruel.
Ele não tinha mais condições de sair sozinho.
Paulatinamente seu medo de sair de casa foi crescendo e quando ele deu por si, não conseguia nem ir no quintal de sua casa.

Como tudo na vida, havia uma explicação para a causa.
Hedvig era um empresário bem sucedido. De alguma forma isso chamou a atenção de criminosos.
No intervalo de 1 ano, Hedvig foi sequestrado e torturado 4 vezes.
Em todas, após a tortura ele foi solto a quilômetros de casa.

A Polícia nunca conseguiu prender ninguém. O que acabou de certa forma minando seu psicológico.
Familiares suspeitavam de seu sócio, um ex policial amigo de longa data de Hedvig.

As desconfianças tinham como ponto principal, o fato de que com a evolução da doença, Hedvig foi ficando ausente e distante dos negócios, deixando seu sócio comandando tudo sozinho.

Por não ter filhos, pais ou irmãos vivos, sua esposa Stod era a única confiável para manter as coisas nos trilhos.
Após a morte dela, Hedvig se viu sozinho e deprimido e num processo sem volta, começou a ter medo de sair de casa E mal conseguia falar sem gaguejar.

Seu sócio num ato de ajuda (ou não), acabou internando Hedvig em Aker.
Desde então seu jeito receoso e calado, o fez assumir um jeito defensivo.

Enquanto as pessoas estavam distraídas sensibilizadas com a história de Gardi, Hedvig percebeu que Olin tinha deixado cair uma das notas que segurava.
Intuitivamente ele se levantou para pegar e entregar para o homem e assim o fez. Se abaixou e pegou do chão o dinheiro.

Fazendo um movimento hesitoso, ele parou no meio do caminho segurando a nota em sua mão.
Foi então que Olin percebeu. Parecendo despertar do nada, o velho homem arregalou seus olhos ao ver o dinheiro na mão de Hedvig.

Rapidamente ele pulou em cima de Hedvig com as duas mãos no pescoço o enforcando.
Repetia várias vezes sem parar:

— Ninguém rouba meu dinheiro!

Havia um ódio no olhar de Olin nunca visto por ninguém em Aker.
O rosto de Hedvig estava totalmente vermelho, ele tinha dificuldade em respirar.
Tentava em vão puxar as mãos do velho homem que estava por cima dele.

Os funcionários ao perceberem a cena correram separar.
Matheo, Haakon e Dagny conseguiram puxar Olin que estava completamente transtornado.
Hedvig tossia e tentava recuperar o fôlego. Tinha em seu olhar o medo.

O senhor grisalho tremia caído no chão. Helle se aproximou tentando acalmá-lo.
Mas não havia muito o que fazer. O estrago traumático já estava feito e demoraria um longo tempo para poder superá-lo.

Bjørg logo ficou sabendo do ocorrido e viu nisso a oportunidade perfeita para fazer um pronunciamento aos funcionários.
Pediu para Helle reunir todos funcionários que lidavam diretamente com o tratamento dos pacientes.

— Gostaria de dizer a todos vocês que o doutor Wedel teve de fazer uma viagem urgente e me deixou como responsável até a sua volta. — Ele tinha um sorriso malicioso no rosto. — Então a partir de agora todos vocês respondem a mim, alguma dúvida?

— E por que ele não falou nada? Ele poderia ter reunido a equipe e feito essa declaração?

— Johanne. Qual parte do "urgente" você não entendeu? E outra, além de mim quem mais ele poderia avisar de forma tão essencial?

— Eu por exemplo, pois sou a secretária dele. — Johanne dava um sorriso frio.

— Olha, concordo com você. Mas se isso não aconteceu é sinal que ele não deve confiar muito em você ou o apreço diminuiu.
Eu ficaria preocupada se fosse você.
Talvez se tivéssemos um enfermeiro chefe, ele teria avisado. Então por eu ser um dos mais antigos daqui, imagino que ele veja essa conotação. Uma vez que ele nunca quis nomear um enfermeiro chefe. E como estou um grau acima dessa função...

O JARDIM DE AKEROnde histórias criam vida. Descubra agora