Da varanda de casa eu vi o infinito || yoonjin

Todo dia um pedaço de infinitude

Olá! Essa é apenas uma oneshot que eu guardo a muito tempo e finalmente consegui completar, depois de quase um ano. Eu espero que, quem se atrever a ler esses 11k de puro devaneio e projeções pessoais, goste bastante, pois essa história é tudo para mim.
Boa leitura!✨

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Calma. Agonia. Sono. Surtos de hiperatividade. Bagunça. Limpeza. Ansiedade. Conformismo. Choro. Insônia. Liberdade. Bloqueios. Esses são alguns dos termos que podem definir completamente meus dias dentro de casa nesta quarentena. Alguns deles são bem contrários, mas é assim que comecei a viver cada dia, como numa montanha-russa.

Acordar, dar comida para as minhas gatas, me alimentar, sentar em frente ao computador para escrever e ficar esperando que algo saia da minha mente direto para o documento em branco, fracassar em continuar meu livro, tomar uma taça de vinho e ir dormir. Nunca pensei que minha rotina seria tão, mas tão simplificada desse jeito. Contudo, não tem muito o que se esperar quando se está preso em casa.

Se bem que não foram tantas coisas que mudaram na minha vida desde que o mundo virou de cabeça para baixo, mas eu posso listar algumas das coisas que me fazem falta.

Sair para caminhar perto da praia, ir ao cinema, esporadicamente encontrar alguns amigos da faculdade e do trabalho e comer a comida da minha mãe na casa dela. Não são muitas coisas, mas, ei, eu sou um homem simples que fica feliz com pequenas coisas.

Uma coisa que não me faz falta é a socialização constante que eu era obrigado a fazer. Ver pessoas todo dia era algo que eu fazia por puro profissionalismo, mas nunca achei uma necessidade para viver. Pode parecer deprimente, mas foi assim que vivi todos os anos da minha vida, eu fico bem sozinho e não me sinto triste assim. Bem, quando eu ficava triste por conta da solidão, pelo menos eu tinha pessoas importantes com quem contar.

Entretanto, nos dias atuais, o máximo que eu conseguia era algum tempo por videochamada com amigos e familiares e eu sentia muita falta do abraço da minha mãe. 28 anos e continuo sendo o filhinho da mamãe sim, não posso nem discordar.

Eu estava na casa dela antes da quarentena começar, de férias. Voltei para meu pequeno apartamento e foi quando tudo começou, fiquei preso aqui.

No início foi realmente estranho, uma mistura de ansiedade e amedrontamento se apossava de mim toda vez que eu ligava a televisão no noticiário. Com o tempo, comecei a não ficar mais vidrado naquela tela enquanto via as notícias, eu ficava andando pela casa, cozinhando, fazendo qualquer outra coisa, e ao mesmo tempo apenas ouvindo o que jornalistas do mundo inteiro tinham para dizer.

No fim, me tornei apático e conformado com tudo. Nada mais me abalava, apenas o fato de estar há mais de um mês sem conseguir escrever.

Esse aspecto da minha rotina não mudou, afinal, como escritor, sempre trabalhei de casa. Somente ia à editora para resolver burocracias e agora ela entra em contato comigo quando necessário. Enfim, um pouco de paz de vez em quando.

Bloqueios criativos sempre me deixam frustrado. Fico me perguntando se toda a minha criatividade foi gasta no início da minha carreira e agora, anos depois, vivo de migalhas derivadas de picos de criação.

Até mesmo tentei fazer outras coisas, criar outros hobbies, tudo para tentar ativar a alavanca da criatividade dentro da minha mente. Tentei aprender um instrumento novo, comprei um teclado simples — já que sempre disseram que meus dedos grandes seriam uma vantagem para tocar instrumentos de teclas — e comecei a praticar com cursos onlines. Foi divertido, agora sei tocar brilha, brilha, estrelinha.

Tentei também começar a pintar quando a música não foi o suficiente para me fazer despertar. Tomei um belo susto ao ver a tela que encomendei chegar, pois ela era bem maior do que mostrava no anúncio do site, talvez eu que tenha lido as dimensões erradas.