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Capítulo Quarenta e Seis

Na segunda-feira de manhã, Holly chega na escola com uma vontade enorme de ter ficado em casa. Ela ainda não tinha se recuperado da sua festa. Tinha sido um verdadeiro sucesso, que virou a madrugada. Foi o que lhe disseram as pessoas que enviaram mensagens aprovadoras para ela. A própria Holly tinha apagado, acordando no seu quarto, mesmo que ela tivesse certeza de que estava no terraço antes. Ela só se levantou para vomitar e depois voltou a dormir. Acordou para valer ao meio-dia do dia seguinte, encontrando a casa uma verdadeira zona de guerra, com comidas, objetos e pessoas jogadas por toda a parte. Ela teve que limpar tudo sozinha e expulsar os bêbados de lá. Levou praticamente o fim de semana todo, então não surpreendia que ela queria um dia a mais para descansar.

Ela passa pelas mesas no pátio da escola, com muitos grupos de alunos sentados juntos. Em uma mesa que só tem meninos, todos estão reunidos em volta de um celular, olhando algo com os olhos grandes e excitados. Só pode ser algum vídeo pornô, supõe Holly. Em outra mesa com meninos, a mesma cena se repete, o que não deve ser estranho, se tratando de garotos. Mas então, numa mesa com meninas, isso também está acontecendo. Ela passa por mais grupos, de pé do lado de fora e dentro do prédio da escola e todos parecem muito interessados nos seus celulares.

Holly acha estranho, mesmo se tratando de adolescentes que vivem com os narizes enfiados nos celulares 24 horas por dia. Há uma atmosfera diferente no ar, como se todos compartilhassem o mesmo segredo. E ninguém tivesse contado a ela.
Passa por uma área onde três meninos estão mostrando seus celulares uns aos outros e rindo de alguma coisa. Ela fica curiosa para saber o que é, e meio que estica o pescoço. Um dos meninos nota, e ao invés de olhar feio para ela, ele ri de forma maliciosa, dando uma boa secada em Holly.

Ela franze as sobrancelhas e sai de perto dele. Os garotos olham para ela de vez em quando, mas nunca a encararam dessa forma sem vergonha. Seria a roupa que ela está usando? Ela não via nada demais na sua combinação de camiseta polo preta e saia preta – que evidencia seu humor sombrio. A blusinha não é decotada e a saia vai acima dos joelhos. Qual era o problema daquele garoto? Deve ser um pervertido, só pode.

Quando ela está se aproximando da sua sala, sente mais olhares sobre ela – de meninos e meninas. Alguns meio maldosos – das meninas – mas a maioria maliciosos – dos meninos.

O que está acontecendo com essas pessoas? Será que tudo isso é por causa da sua festa? Eles teriam visto ela dançando e a estão julgando como uma puta, do jeito que André fez? É isso?

Ela para meio alarmada no meio do corredor, pensando se deve perguntar para alguém o que está acontecendo, quando Beatriz surge de um canto e a puxa pelo braço. Seu rosto está pálido e preocupado.

- Você viu? – ela dispara, sem nem dizer “oi” para ela.

- Vi o quê? – Holly pergunta, sentindo que Beatriz sabe o que está rolando com todo mundo.

- O vídeo que está circulando por aí? – ela fala com os olhos arregalados para Holly.

Holly balança a cabeça negativamente. De que vídeo ela está falando?

Beatriz a puxa para a área de bancos de pedra num canto entre duas salas, onde não há ninguém. Ela saca seu celular na mochila e aperta algumas funções na tela até achar o que quer. Ela vira o celular para Holly e mostra o tal vídeo de que estava falando.

Holly escancara a boca ao ver o vídeo curto de uma garota se masturbando. Não qualquer garota, mas sim ela se masturbando. O mesmo vídeo que ela tinha gravado e enviado para Xavier, e que André tinha visto.

Como ele foi parar no celular da Beatriz?!

Ela pisca várias vezes, depois que o vídeo termina, tentando fazer com que ele suma da tela do celular e que aquilo seja só um devaneio. Mas ele não some.