let it snow ❄

3.

Jimin já havia perdido a conta de quanto tempo ele estava ali, parado no chão da sala de Yoongi, soluçando enquanto abraçava os próprios joelhos e tentava se encolher até sumir e evitar o vento que entrava pelas frestas da porta que se entreabriu quando foi batida com força.

Ele deveria ter imaginado que ir visitar o alfa depois de quase quatro anos com um bebê que era dos dois, sem que o alfa soubesse, daria problemas. Ele deveria ter ouvido sua mente insistente que tentava o convencer de que era para deixar para lá, que ele não deveria ver Min Yoongi nunca mais e seguir sua vida com seu bebê. Só os dois.

O problema foi que no fim das contas, como sempre, Jimin foi impulsivo e resolveu ouvir seu coração que nunca havia deixado de se apertar de saudade, inconformado que o máximo que teria do alfa em sua vida seria o lindo filhote dos dois. Inconformado de estar longe de sua alma gêmea, de seu alfa.

Felizmente ele não adoeceu como os ômegas marcados que ficavam muito tempo distante de seus alfas, pois Yoongi sempre adiou marcar Jimin, um dos motivos que deixava o ômega ainda mais inseguro e que foi um ponto vital para que ele deixasse a casa a alguns anos atrás. Mas mesmo sem uma marca ligando-os, o ômega sofreu um pouco todos os dias, sem nenhuma exceção, de saudade de seu alfa.

Foi isso que no fim o convenceu a ideia estupida de que levar seu bebê para conhecer o pai, sem que ambos soubessem, era uma ideia segura e que tudo daria certo. Jimin estava errado novamente, ele sentia como se errasse constantemente e se Yoongi já não o odiava por ter ido embora antes, provavelmente agora ele odeia.

Já estava escurecendo quando ele fugou uma última vez, os olhos ardendo e inchados, o nariz escorrendo provavelmente inchado e com a pontinha vermelha e sua cabeça latejando. O ômega levantou, se sentindo zonzo por um tempo e subiu as escadas lentamente atrás de seu filhote que provavelmente estaria acordando, cada degrau consumindo uma energia vital de si.

Ele abriu a porta, encontrando a criança ainda de olhos fechados, encolhido em meio aos edredons abraçado em seu coelho de pelúcia e seu olho voltou a acumular agua, irritando-o. Limpou as lagrimas com raiva, indo até o banheiro da suíte e assoando seu nariz antes de lavar o rosto com a água mais gelada que conseguiu.

Ele voltou ao quarto, começando a arrumar as coisas dentro da mala com pressa. Não iria para casa devido ao impedimento da estrada, mas não poderia ficar mais ali, não quando sentia que Yoongi o odiava e nunca o perdoaria.

Afinal, ele arrancou três anos de seu filhote da vida dele.

Ele se sentou na cama assim que terminou, pegando o telefone e procurando o endereço de algum hotel que ficasse próximo ao centro da cidade e acessível. Reconheceu um dos chalés que ficavam entre a estrada e a casa de Yoongi, salvando o endereço brevemente antes de suspirar e ir em direção ao seu filhote.

- Bebê.. – Ele murmurou baixinho, a voz relativamente roca pelo desuso em horas. –Wookie... acorde para o papai. – Ele suspirou, deixando um beijo na testa da criança que franziu o narizinho, abrindo os olhos de leve.

- Papai? – Wookie perguntou, coçando os olhinhos enquanto encarava Jimin. – 'Ce cholo-chorou? – Jimin sorriu, negando com a cabeça e deixando alguns beijos na bochecha da criança.

- Papai está um pouco gripado, bebê. – Ele mentiu, mas definitivamente se sentia um pouco febril e com o corpo pesado, afinal havia ficado muito tempo no chão da sala com o vento passando pela porta entreaberta – Precisamos sair, tudo bem? – Jimin perguntou e Wookie assentiu, parecendo mais acordado.

- Médico? – Ele perguntou, provavelmente pensando que iriam ao médico para resolver a gripe de Jimin.

- Não, vamos para outra casa, tudo bem? - Ele perguntou, sem esperar uma resposta. – Vamos para um lugar novo e podemos brincar lá e papai promete que faz sua sopa favorita, ok Wookie? – Ele perguntou, ajeitando a toquinha na cabeça da criança e se levantando para pegar o casaco.