CAPÍTULO 7

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O sol transpassa pelos vitrais da igreja refletindo as diversas cores detalhadas do vidro. Transmitindo ao lugar uma iluminação única. Absorvo a calmaria ao meu redor e a paz invade meu peito por um segundo. Sento-me em um dos bancos, enquanto Victor procura alguém para tirarmos informações.

Permaneço em silêncio apreciando a beleza dessa igreja. Distraída não percebo a presença de uma mulher que se senta ao meu lado, viro-me por um segundo e me surpreendo ao observar a jovem freira. Seu rosto delicado lembra-me a serva da primeira visão. Balanço a cabeça em negativa para não pensar nisso e lanço um sorriso para a garota.

— Boa tarde, você ajuda a cuidar da igreja? — Pergunto para ela que me encara um pouco assustada e permanece em silêncio. — Preciso encontrar a Madre, sou historiadora e tenho algumas perguntas para fazer sobre uma família do século XIX.

— Me acompanhe. — Observo a menina se levantar e sigo-a.

Passo por uma porta estreita localizada no canto direito da igreja perto do altar da eucaristia. Caminho pelo corredor atrás da garota, mas a perco de vista. Procuro por ela, mas não a encontro em lugar nenhum, de repente sinto uma mão tocar o meu ombro e viro-me bruscamente.

— Calma, Sá, não tem porque ter medo. — Victor diz ficando à minha frente.

— Onde é que você estava? — Questiono-o com o coração acelerado.

— Procurando a madre, e a encontrei, ela está nos esperando na sala dela.

— Você por acaso viu uma menina por aqui? — Pergunto intrigada.

— Não tem ninguém aqui além de nós e a madre, está tudo bem?

— Acho que estou ficando louca. — Admito e sigo o meu amigo.

Volto-me para a frente da igreja e vislumbro as costas da senhora que estava à procura. Me aproximo ao lado de Victor e fico a frente dela. Observo seus olhos cansados e suas rugas que transmitem sua experiência de vida. Ela aponta para o banco e sentamos lado a lado.

— Este jovem disse que você tinha algumas perguntas para me fazer. — Ela pousa suas mãos na minha.

— Sim, gostaria de saber sobre uma família do século XIX chamada Mardell, mais especificamente uma jovem chamada Victória. — A senhora não parece surpresa com minha pergunta.

— Claro, a família Mardell foi conhecida por ajudar o Antônio Conselheiro, que entregou sua filha Victória como dote para salvar seu povo, ela se casou com o Edgar, mas a jovem foi morta, juntamente com o seu cunhado...

— Esta parte eu já sabia, preciso saber o motivo que levou Edgar mata-los, além disso uma fonte me disse que o corpo de Victória foi enterrado aqui.

— Certamente, aqui sempre foi uma igreja, mas atrás dela tínhamos um cemitério, ela foi enterrada lá.

— Pode me levar até lá? — Pergunto ansiosa.

— Sim, mas agora temos apenas uma horta com um jardim, os corpos de antigamente foram retirados daqui e cremados.

— Mas você sabe de algo ou alguém que tenha alguma coisa dela? Precisava muito ter contato com ela.

— Victória era uma mulher muito reservada, não há muitas notícias sobre ela, mas esta jovem fundou a nossa primeira igreja, então temos guardado uma pintura retratando a imagem dela, gostaria de ver?

— Claro. — Meus olhos brilham com a ideia de poder ver um retrato dela que até então não tinha visto.

— Me acompanhe, por favor.

Perdida em seu toque ( DEGUSTAÇÃO)Onde histórias criam vida. Descubra agora