Capítulo 15

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Começamos à andar entre as árvores, à procura da bandeira vermelha.

― Não podemos correr. ― Cochichei e Rachel se virou para me fitar.

― E por que não, espertão?

― Alguém pode ouvir os nossos passos. ― Expliquei o óbvio e ela sorriu ladino.

― Você já jogou Paintball antes?

― Já, nas férias de verão do ano passado.

Voltamos à procurar até que avistamos duas pessoas familiares ao longe.

― É a Lucy e o Thomas? ― Perguntei ao lado da garota de cabelos castanhos.

Ela me puxou para trás de uma árvore e apontou a arma de tinta nas costas do Thomas.

― Se um for atirado, a dupla é eliminada, certo? ― Quis saber, ignorando a minha pergunta.

― Provavelmente. ― Respondi e Campbell se preparou para apertar o gatilho. ― O que você está fazendo? ― Tentei tirar a arma da sua mão, mas foi em vão.

― Não se têm amigos em uma competição.

― Não atire nele! ― Gritei, mas já era tarde de mais.

Rachel já tinha atirado nas costas de Thomas e com a força, ele se apoiou na Lucy ao seu lado.

― Quem fez isso?! ― Perguntou a garota de cabelos escuros e a menina ao meu lado deu uma risada baixinha.

― Vamos. ― Ela falou, pegando o meu braço e começamos à andar na direção oposta.

― Por que você fez aquilo, Campbell? ― Perguntei quando estávamos longe o suficiente.

― É só um jogo, Harris. Se acalma aí. ― Respondeu, fazendo um barulho com a boca e eu franzi o cenho.

Estávamos em silêncio, quando escutamos um grito feminino vindo da direção oposta.

― O que foi isso? ― Rachel exclamou, preocupada.

Engoli em seco, e começamos à correr em direção que o grito veio.

Quando chegamos, vimos um garoto chorando em frente à um buraco.

― Oh, não.

Aquilo não podia estar acontecendo.

Eu e Campbell nos aproximamos do local e vimos uma garota dentro do buraco.

A garota ao meu lado deu um grito eu fiquei com ânsia de vomito.

Os três apitos soaram, indicando que devíamos voltar para o começo do jogo e eu acabei me virando para o lado oposto do de Rachel e vomitei.

[...]

Me sentei no chão, ao lado de Thomas e engoli em seco.

Vários alunos estavam chorando e Rachel estava com as mãos na boca, como se não acreditasse no que tinha visto.

― Demos os três apitos porque uma coisa ruim aconteceu durante o jogo. ― O diretor começou. ― A aluna Alice caiu em um dos buracos da floresta. Devíamos ter avisado e estamos muito tristes por isso. Encerramos o jogo por aqui. ― Continuou. ― Esperamos que a Aluna Alice esteja bem.

― E se ela morrer? ― O mesmo garoto que estava na frente do buraco perguntou, com o rosto vermelho de tanto correr.

― Ela não vai morrer. ― Afirmou o Sr. Jensen e eu encolhi os ombros.

Mais choros e cochichos.

― Vocês voltarão amanhã para casa. ― Falou. ― Sei que não é o que vocês queriam, mas aqui não é seguro pra vocês. ― Explicou. ― A Alice já está sendo levada para o hospital e torcemos para que ela esteja bem.

Depois que ele terminou, nos levantamos e fomos em direção às barracas, para arrumar as nossas mochilas.

Thomas me deu um abraço e eu acabei deixando uma lágrima escapar dos meus olhos.

[...]

No dia seguinte...

Entrei no ônibus e deixei a minha mochila no meu colo.

Thomas se sentou ao meu lado e Rachel se aproximou.

― Posso me sentar ao lado de você, Harris? ― Ela perguntou.

Levantei as sobrancelhas e Thomas me olhou, surpreso.

Ele assentiu e se levantou.

Campbell se sentou ao meu lado e forçou um sorriso.

― Você está bem? ― Perguntou e eu neguei com a cabeça.

Apoiei a minha cabeça no seu ombro e ficamos assim o caminho todo.

Ela não falou nada sobre o acidente de ontem e eu a agradeci mentalmente por isso.

[...]

Já chegamos na escola e agora estamos na frente do colégio.

O carro do meu pai logo chegou e eu me levantei.

Andei até ele e entrei no automóvel.

― Ei, como você está? ― Perguntou ao meu lado e eu olhei para as minhas mãos no meu colo.

― Acho melhor eu falar com um dos psicólogos disponíveis na escola. ― Informei levantando a cabeça e Joey levantou as sobrancelhas, dando partida no veículo.

― Se você se sentirá melhor assim, então eu o apoio.

[...]

Me sentei na cama e tirei o celular do bolso. Vi que tinha uma mensagem da Rachel: "acho que a Alice não sobreviveu".

Dei um suspiro e me deitei de barriga pra cima.

Por que isso tudo estava acontecendo?

[...]

Meu celular começou à vibrar de repente e eu o deixei tocar por um tempo.

Me sentei na cama, entre as cobertas, e atendi a chamada.

― Alô? ― Falei, com a voz um pouco baixa.

Oi, Harris. ― Disse uma voz feminina e eu franzi o cenho.

― Campbell? Por que você está me ligando... ― Dei uma pausa, fitando o relógio em cima da cômoda e cemi-serrei os olhos. ― às duas da manhã?

Venha ao parque central da cidade.

― Está de madrugada. ― Informei, passando a mão no rosto.

Venha ao parque central da cidade. ― Repetiu e eu bufei.

― Por quê?

Apenas venha... e calce tênis. ― Concluiu e encerrou a ligação.

Fiquei confuso e me levantei com dificuldade, ainda com preguiça.

Calcei os tênis e saí do quarto, fazendo pouco barulho.

[...]

Cheguei no parque central e avistei uma garota sentada em um banco.

Assim que percebeu que eu estava ali, ela se levantou e andou até mim, me estendendo uma garrafinha d'água.

Rachel estava com uma roupa de corrida, cabelos presos em um rabo de cavalo e, nos seus lábios, tinha um sorriso de lado.

― Vamos correr?

•••
Continua...

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