Cinema às 21h?

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Eu não reclamava do meu trabalho — não era o ideal e nem o que eu havia planejado até o momento — mas era com ele que eu pagava minhas contas e o salário não era tão ruim assim, sem falar nas gorjetas e comissões. Apesar disso, o momento que eu mais gostava era quando o movimento diminuía, não que eu fosse preguiçoso, mas era o prenuncio para a chegada dele.

Três vezes na semana; segunda, quarta e sexta, eles ocupavam a mesa de sempre, no mesmo horário.

"Eles" era formado por uma garota muito bonita que estava sempre tão estilosa quanto possível, um rapaz igualmente bonito e então por ultimo, mas completamente importante, estava o amor da minha vida.

Ele era alto e magro como um modelo, vestia-se sempre de forma simples, mas qualquer roupa que vestisse o tornaria muito elegante. Ele tinha também um sorriso capaz de ofuscar o brilho do sol, e posso parecer piegas, mas quando se trata dele não tem como não ficar assim... ah, e não posso esquecer de mencionar a pintinha que ficava logo abaixo do lábio inferior. Já tive alguns problemas por conta dela.

Enfim, ele sempre senta na mesma cadeira, remexe nos bolsos até encontrar o celular, que, após mandar algumas mensagens (talvez), ele o guarda e dedica sua atenção total aos amigos com o mesmo sorriso gentil de sempre.

O que ele seria? Um advogado? Um administrador? Um gerente? Ou talvez ainda estivesse na faculdade?

Não sei dizer sua idade. Sempre me pego fantasiando que ele é, como se chama, qual sua cor favorita. Imagino-o chegando em casa no fim da tarde, cansado, mas ainda cuidando com carinho do seu gatinho (sim, eu imagino que ele tenha um). Então, após um banho e um breve jantar, ele lê algo até dormir ou assiste algum programa de variedade.

Sozinho.

Ou pelo menos era isso que eu queria que fosse.

Todos os dias naquele balcão recebendo dinheiro e dando notas fiscais só valiam à pena porque eu sabia que o veria de novo.

Mas eu não sou gay nem nada, só dizendo.

Talvez bi?

Certo, eu estava com uma fodida paixão platônica por um cara que eu sequer conhecia e que não tinha coragem suficiente pra tentar conhecer. E o mais engraçado nisso tudo é que eu poderia ficar assim, apenas confabulando sobre sua vida, querer ouvir sua voz mais de perto, vê-lo dedicando seus sorriso para mim...

Puta merda, o que aconteceu comigo?

Fechei a caixa registradora, quase ignorando o cliente que fazia perguntas sobre o cardápio. Minha única atenção estava voltada para a entrada da praça de alimentação.

O famoso Yibo, o pegador, que nunca sequer cogitou se apaixonar por alguém, agora estava aqui pensando unicamente em um cara.

Droga... que diabos, meu coração batia mais forte quando eu pensava nele. É foda estar apaixonado dessa forma.

Ah não, Wang Yibo, não fode mano... apaixonado? Quando eu havia decidido isso? Acorda filho, tu não sabe nem o nome dele.

Continuei observando a curva onde logo ele apareceria trazendo o brilho do sol consigo...

Puta merda.

Ele bem podia deixar de ser preguiçoso e vir fazer o pedido em vez de mandar os outros dois fazerem isso, então eu teria a chance de vê-lo de perto, saber seu nome, saber se aquela pintinha era tão sexy quanto parecia de longe.

Talvez eu pudesse mandar um bilhete por um de seus amigos, assim quando ele me desse o fora, seria menos constrangedor que fazer isso cara a cara.

Yizhan -  Bo Jun Yi XiaoOnde histórias criam vida. Descubra agora