dezesseis

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DEZESSEIS

No dia seguinte sou acordada por Ingrid batendo com força na minha porta.

- Regina! Preciso falar com você! Agora!

Não são nem oito horas de uma manhã de sábado. Onde é o incêndio?

- Está bem! - grito sonolenta. - Espere um segundo!

Saio cambaleando da cama, a cabeça cheia com lembranças deliciosas de ontem à noite. A mão de Emma na minha... Os braços de Emma me envolvendo...

- Sim, Sra. Mitchell? - Abro a porta e vejo Ingrid parada, de roupão, o rosto vermelho e os olhos injetados.

Ela põe a mão sobre o telefone sem fio que está segurando.

- Regina. - Seus olhos estão mais estreitos do que nunca e há um estranho tom de triunfo em sua voz. - Você mentiu para mim, não foi? 

Sinto um clarão incandescente de choque e meu estômago cai no pé. Como ela... como ela pôde ...

- Não mentiu? - Ela me lança um olhar penetrante. - Tenho certeza que sabe do que estou falando.

Minha mente corre frenética por todas as mentiras que contei a Ingrid, até chegar a "sou empregada doméstica". Pode ser qualquer coisa. Pode ser algo pequeno e insignificante. Ou ela pode ter descoberto tudo.

- Não sei o quê a senhora está se referindo - digo em voz gutural. - Senhora. Bem. 

 Ingrid vem até mim, farfalhando seu roupão de seda. 

- Como pode imaginar, estou muito chateada por você nunca ter me contado que fez paella para o embaixador espanhol.

Minha boca se escancarara. O embaixador o quê?

- Outro dia eu lhe perguntei se tinha cozinhado para alguma pessoa notável. - Ingrid arqueia a sobrancelha em reprovação. - Você nem mencionou o banquete para trezentas pessoas em Mansion House.

O quê? Ela perdeu o juízo?

Certo, será que Ingrid tem sido bipolar todo esse tempo? Isso explicaria muita coisa.

- Sra. Mitchell - digo um tanto nervosa -, gostaria de se sentar?

- Não, obrigada! - responde ela cheia de irritação. - Ainda estou ao telefone com Lady Brown.

O chão parece balançar embaixo de mim. Rose está ao telefone?

- Lady Brown... - Ingrid ergue o telefone ao ouvido. - A senhora está certa, ela é despretensiosa demais... - E ergue os olhos. - Lady Brown gostaria de trocar uma palavra com você. 

Ingrid me entrega o telefone e, numa névoa de incredulidade, levo-o ao ouvido.

- Alô?

Regina? - A voz rouca e familiar de Rose irrompe no meu ouvido como um mar de estalos. - Você está bem? Que diabos está acontecendo?

- Estou... bem! - Olho para Ingrid, que continua parada e aproximadamente dois metros. - Só vou... a algum lugar um pouco mais...

Ignoro os olhos de laser de Ingrid, retiro-me para o quarto e fecho a porta com força. Então levo o telefone ao ouvido de novo.

- Estou bem! - Sinto um jorro de alegria por estar falando com Rose de novo. - É incrível falar com você!

- Que diabos está acontecendo? - pergunta ela de novo. - Recebi um recadoqyue não fazia sentido! Você é empregada doméstica? Isso é alguma confusão?

Regina Mills, executiva do lar - SwanQuennOnde histórias criam vida. Descubra agora