Surfando no Amor: Parte III (Binuel)

Memories - Pág 52

We will laugh we will cry
As the years all pass by
We'll still say
I love you

Manuel 

7:00 AM

Segurando a bandeja com o café da manhã, ouvi as pisadas apressadas vindas atrás de mim no corredor. Então, me virei com cautela, para não derrubar o conteúdo que carregava, e avistei Mel frear bruscamente até bater no irmão.

— Ei! Cuidado! - Benjamin exclamou em alto e bom som.

— Shiu. - Emiti, sussurrando. - Vamos nas pontinhas dos pés para ela não acordar antes, ok? 

— Ele que parou sem avisar, papai. - A garotinha apontou para o mais velho e cruzou seus bracinhos, fazendo bico. Sorri por ver como ela parecia uma cópia mirim de Bia emburrada. 

— Não ouviu o papai? Não pode fazer barulho. Vai acordar a mamãe. 

A menina estirou a língua, após escutar aquela repreensão do irmão.  

— Ei, vocês dois. Vão brigar logo hoje no aniversário da mãe de vocês? - Lembrei-os, tentando manter meu tom baixo, levando eles a abaixaram a cabeça. - Mel, peça desculpas por ter estirado a língua. 

— Discupa. - Ela disse, quase sem abrir a boca direito.

— Isso. Agora eu quero um abraço. - E assim o fizeram, a mais nova até descruzou os braços. - Agora, sabem o que têm que fazer, não é?

Meus filhos se entreolharam com sorrisos sapecas e dispararam em direção a porta do quarto. Porém, eu os chamei no primeiro segundo, e sem precisar usar palavras, entenderam o meu recado anterior, seguindo o restante do caminho nas pontas de seus pés. 

Tinha como eu não ficar rindo com aquelas duas criaturinhas? Estavam brigando, e instantes depois agindo como cúmplices. 

— Vamos abrir. - O menino pediu, animado, mas foi interrompido da ação pela pergunta da irmã. 

— Ela não vai ficar brava se a gente acordar ela a essa hora? - Suas sobrancelhas se curvaram, causando uma marquinha muito fofa naquela testinha. 

— Vai ser por uma boa causa. - Pisquei, sentindo a bandeja pesar nos meus braços. - Vamos lá? Papai está com isso á minutos. 

Sem esperar outro sinal, Benji girou a maçaneta devagar, ambos ouvindo um ranger até que a madeira se arreganhou. 

Bia dormia serena. O edredom cinza a cobria até os ombros, dificultando ver seu rosto pela distância e pelos cabelos bagunçados. O escuro prevalecia devido às cortinas estarem fechadas. 

Após analisarmos o recinto, os pequenos esticaram os pescoços para cima, aguardando a minha permissão. 

— Happy birthday to you! - Iniciei a canção, sendo acompanhado pelas vozes das crianças e suas palminhas, ao mesmo tempo que entrávamos mais no quarto. - Happy birthday to you! Happy birthday…

Observei a brasileira mexer no colchão sem abrir os olhos; e quando finalizamos a breve música, Benjamin e Melissa correram para cima da cama, pulando de alegria. 

— Mamãe! Mamãe!

Percebendo a gritaria, ela se sentou e tomou coragem para mostrar suas belas íris castanhas. A princípio, me enxergou colocar a bandeja na ponta, perto de suas pernas.

— Bom dia. - Sorrir largo, e a Urquiza me retribuiu previamente com o mesmo. 

Podem me chamar de rendido, mas falo sério quando digo que essa mulher é linda até acordando. Vocês não tem noção do quanto. Os filhos logo tomaram a sua atenção a parabenizando com abraços e beijos, enquanto eu fiquei ali parado, assistindo a cena e chegando à conclusão que todos deveriam presenciar algo parecido em suas vidas.