Perdido

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Boston, Quarta-feira, 16:35, Mass General.

Os olhos carmesins se abriram com muita dificuldade por conta da tamanha claridade naquele quarto, quarto esse que Katsuki nem sabia onde era.

Ele sentia o corpo pesado, suas costelas doíam como um inferno e sua cabeça latejava mais ainda por causa daquela imensidão branca e daquele cheiro horrível de hospital que se fazia presente em seu olfato. Bakugou fechou os olhos por uns segundos, os apertando logo em seguida, tentando a todo custo se lembrar de como havia ido parar ali ou de como sequer ele estava ali.

Ali onde? Ele pensou enquanto abria novamente os olhos com mais calma.

De repente um flash de memória o invadiu e ele se lembrou de algo importante...

"— Você tem noção de que estamos começando uma vida só da gente agora? — o ruivo perguntou empolgado, enquanto sorria largamente deixando à mostra aquele sorriso pontiagudo que Bakugou amava.

— Sim, nós estamos — Katsuki sorriu tirando os olhos da estrada por um momento.

— Eu te amo tanto, Tsuki — declarou, enquanto segurava a mão de seu noivo."

— E-eiji... — a voz grossa saiu em um sussurro.

Katsuki sentiu uma vontade enorme de chorar o preencher, ele não entendia o porquê, mas a dor em seu peito era forte e parecia o sufocar a cada vez que uma lágrima nova escorria pelo rosto pálido.

O som da porta se abrindo se fez presente e instantaneamente os olhos lacrimejados se focaram para a presença loira que o olhava com um olhar surpresa. 

A loira se aproximou da maca a passos rápidos e Katsuki pôde ver que a mesma estava com um semblante triste, ela não estava arrumada como sempre e sim destruída.

— K-kat! — Mitsuki gaguejou por um instante — E-eu... Eu não acredito — a loira mais velha passou a chorar desesperadamente.

Logo um homem com cabelos espetados e castanhos passou pela porta. Os olhos igualmente castanhos se arregalaram ao ver o filho de olhos abertos.

— Katsuki... — o homem choramingou se aproximando da maca e abraçando a loira tentando a consolar — … E-ele acordou... 'Tá tudo bem, tudo vai ficar bem — tentou segurar a emoção enquanto dizia palavras que ele mesmo queria acreditar para sua esposa.

— Q-que merda... a..conteceu? — perguntou com dificuldade, o nebulizador que o enviava oxigênio empatado sua voz de sair um pouco mais alta que um mero sussurro.

Mitsuki e Masaru se entreolharam e suspiraram, ambos já estavam cientes do que havia acontecido e sabiam que esconder isso por muito tempo do mais novo, seria problemático.

— Houve um acidente muito grave a dois meses atrás... — Masaru coçou a garganta antes de olhar para sua esposa, a mesma olhava para o filho com os olhos cheios de lágrimas e o patriarca da família Bakugou fazia de tudo para que pudesse ser o apoio emocional dos dois — Você e Eijirou estavam indo para a casa nova de vocês, lembra? — o loiro pareceu um pouco perdido no assunto, mas logo lembrou e assentiu de leve.

— E..le... tá bem, né...? — perguntou olhando no fundo dos olhos de seu pai.

Mitsuki soluçou.

— N-não Kat... — os lábios finos da senhora Bakugou formaram uma linha reta enquanto a mesma segurava mais o choro.

— Ele infelizmente... — resistiu um pouco e após um longo suspiro respondeu — Ele faleceu a dois meses atrás meu bem — Masaru disse com pesar.

Segunda chance - BakudekuOnde histórias criam vida. Descubra agora