01.01.2018
Minha cabeça dói.
É o primeiro pensamento que consigo entender em meio à confusão que minha mente se encontra nos primeiros três segundos de consciência, estou deitada na cama do quarto.
Lembro de Jungkook socar pessoas, de ser jogado contra mesas de centro, de supercílios rachados e de desmaiar na escada.Meu corpo ainda está sonolento e formigante, me sinto doente, abatida e algo me prende nessa cama como um peso. Escuto barulhos e burburinhos, contagens regressivas e, de repente, consigo enxergar fogos de artifício tomarem cor no céu negro através da abertura da varanda.
Me levanto quase em solavanco, sinto minha visão escurecer e uma tontura me fazer sentar na cama de novo. Me levanto novamente, dessa vez mais calma, antes de entrar na varanda quase me assusto, há alguém encostado no parapeito e, pelas costas grandes presumo ser Jungkook. Ando devagar até chegar ao parapeito também, vejo ele mover a cabeça minimamente e mantenho minha atenção nos fogos de artifício coloridos e barulhentos, é um ano novo péssimo mas, pelo menos, posso ver o show pirotécnico bonito na praia de Busan. Em baixo de nós, as pessoas se abraçam e desejam feliz ano novo, percebo que eu deveria estar ali, feliz e abraçando pessoas, e não aqui, do lado de Jungkook que está com uma bolsa de gelo no olho e me sentido como se tivesse voltado dos mortos.
Quando olho para Jungkook, vejo seu cabelo bagunçado e hematomas vermelhos pelo corpo, tem um curativo em seu supercílio e suas mãos estão enfaixadas com gaze. Ele me olha com aqueles olhos negros, que agora estão opacos como vidro embaçado, sua boca também tem um corte e sangue já coagulado se encontra ali, a bolsa de gelo cobre seu olho roxo e inchado.
Eu sei que é uma péssima hora para o que quero fazer, para mim é tudo tão cômico e debato comigo mesma a possibilidade de estar sob efeito de algum remédio. Minha crise de riso sai de mim, quando rio, meus pulmões, cabeça e estômago doem, mas é impossível parar, é o famoso, "Seria trágico se não fosse cômico".
— Jungkook, você está péssimo! - argumento contra o garoto que ainda mantém uma carranca para mim, não deve ter sido divertido apanhar e dar uma surra em alguém em pleno ano novo, mas não é como se eu pudesse segurar meus instintos inconvenientes.
— Você está pior. - ele fala entre os dentes enquanto minha barriga começa a doer e meus olhos lacrimejarem de tanto rir, ele abaixa a bolsa de gelo aos poucos ainda olhando para mim, percebo um sorriso presente em seus lábios enquanto eu enxugo minhas lágrimas, murmuro um "desculpe" enquanto risos frouxos ainda teimam em sair.
Jungkook anda pela varanda pequena até chegar nas minhas costas onde me abraça por trás. É carinhoso como um senso de proteção, percebo que ele usa só a jaqueta quando minhas costas se chocam com seu peitoral quente, nu e fragilizado por hematomas. Ele balança o nariz e funga meu cabelo em uma mania inusitada que venho observando no mesmo. Alguns fogos de artifício solitários ainda são vistos ao longe da margem da praia e entre as casas dali.
— Feliz ano novo. - ele sussurra suave em meu ouvido e sorrio, sinto quase vontade de rir novamente levando em consideração a ironia da palavra "feliz" nesse contexto.
— Feliz ano novo, Jungkook. - sussurro de volta com os lábios perdidos em um sorriso frouxo.
Ele deposita um beijo no topo da minha cabeça enquanto me abraça mais forte, é uma sensação tão excepcional que sinto vontade de chorar. Não há lágrimas para serem derramadas, mas uma melancolia me toma, me lembro que faz tempo que não me sinto assim; segura e amada. Não que Jungkook me ame, mas eu encontro cuidado em seus braços, está escondido entre muitas coisas e é difícil de enxergar mas eu sinto, e percebo que fiquei muito tempo sem ser tratada assim, muito tempo sem ter essa sensação, que agora se torna nostálgica.
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SAY YES TO HEAVEN || 🄹🄹🄺
Fanfiction[Concluída] Essa memória vai me assombrar para todo sempre, a primeira vez que te vi, naquele inverno castigante de 2017. Tão livre que tinha medo de te tocar e te assustar, fazendo você voltar do lugar mágico que veio. Tão proibido que me sentia um...