Por terras longínquas

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         "E a lua junto às estrelas olhou para ela e sorriu" – L.B.


 Namíbia, Agosto de 2014

— Laura, você sabe que está cometendo uma insanidade, certo? Não vai conseguir adotar ela! Sabe disso, as chances são mínimas - balançando a cabeça indignada Christina tentava me convencer.

— Não devemos nos apegar a eles, sabe disso amiga! Também fico com vontade de poder ajudar mais - falou olhando meus olhos, agora com ternura — Estamos fazendo o que podemos, só de a encontrar naqueles escombros e ajudar nos primeiros cuidados, já a ajudou, salvou ela naquele momento Laura!

Balançando a cabeça, sem saber como expressar o que estava sentindo naquele momento, entendia o ponto dela, se pudesse também ajudaria mais todas aquelas pessoas, mas com Lua era diferente, como se ela já fosse sua e logo seria, sentia isso dentro de si, iria lutar por elas.

— Bem mesmo se eu tivesse apenas 1% de chance, iria lutar por ela - falou aquilo, mas para si mesma do que para sua amiga, estava refletindo sobre tudo o que tinha acontecido até chegar àquela decisão. - Não posso deixá-la!

— Certo, já entendi, só estou tentando ser realista e não a sonhadora, pois sabemos bem como funciona a lei por aqui. E mesmo sabendo o nome dela, ainda fica a chamando de Lua, se apegando ainda mais a algo que é quase impossível - desabafou já consternada com a amiga.

Sorriu ao escutar isso, deixando a amiga mais tensa. Ignorando completamente ela, lembrou de quando resgataram a pequena que roubou seu coração.

— Não tenho escolha quanto a isso, apenas lutar por ela e vou conseguir! - disse, já se levantando e indo em direção a enfermaria.

Três dias atrás

Estava exausta do dia puxado, com entrega de cestas de alimentação, de toda a arrecadação e vacinação das crianças, assim como registros que foram feitos, das novas que não paravam de surgir, era uma situação de partir o coração.

A Lua estava em seu ápice essa noite, estava admirando sua beleza e de certa forma aquela estrela distante e solitária a confortou, era como se sentisse sua solidão, uma sensação de paz a tomou. Cientificamente a lua era apenas um satélite natural girando ao redor da terra, mas para si, era uma estrela especial.

Sorriu, lembrando de sempre brigar com Tyler sobre isso, ele não aceitava que ela chamasse a lua de estrela. Às vezes, fazia aquilo só para irritá-lo e ver ele ficar de bico, lembrar da infância sempre lhe trazia essas memórias agridoces, em que brincava de astronauta com o pai e o irmão, muitas vezes irritando-se, pelo pai não a deixar ganhar nas brincadeiras, mas no fim ele sempre dava bombons para ela e Ty e tudo estava resolvido, seu sorriso desvaneceu ao lembrar de como o pai os abandonou, aquilo machucava mais do que estava disposta a sentir no momento. 

Se abraçou, sentindo frio, tinha esquecido de usar seu moletom, mas sabia que parte daquela sensação térmica e sim das lembranças que sempre a martirizava, suspirou negando aqueles pensamentos.

Com isso, sempre vinha aquele peso conhecido em seu coração, aquele amor que nunca superou, só enterrou dentro do seu coração, não o ver facilitava, antes ainda olhava suas redes sociais, mas com o tempo foi largando esse hábito doentio.

Perder Pedro, o homem que achava ser o amor de sua vida, que a fez planejar e sonhar com uma vida ao seu lado, foi o baque final. Sentia tanto sua falta, ao ponto de acordar chorando, já tinha namorado outros caras, mas nunca conseguia evoluir pra algo mais sério. O lance de só se amar verdadeiramente uma vez, era bem real.

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⏰ Última atualização: Mar 28, 2021 ⏰

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