Sufocada (epílogo)

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-certo, tô na fila com elas a algumas horas- falei tentando ao máximo não transparecer a minha irritação, era difícil, estava perdendo o show de uma das minhas bandas preferidas para acompanhar minha prima irritante e um grupo de mães com suas filhas irritantes, todas com cartazes e faixas da One Direction
-vou fazer uns vídeos pra você- meu melhor amigo, Josh, falou do outro lado da linha, aquilo parecia uma piada de mau gosto, por que eu estava ali?
-obrigada, Joshua- disse arrancando uma risada do garoto que se despediu antes de desligar a ligação, apoiei o pé na parede e cruzei os braços, mesmo querendo estar em outro lugar era divertido ver aquelas meninas quase estéricas cantando na fila, sorri de lado e fiz um vídeo para o meu melhor amigo. Quando conseguimos entrar na casa de show eu já estava exausta, ficamos horas em pé no sol para ficar em um lugar entre mediano e ruim, na lateral esquerda do palco, pelo menos era perto e talvez desse para ver todos de perfil
-não era pra ter começado?- uma das mães perguntou e eu assenti, não conseguia respirar direito naquele espaço pequeno e estava começando a ficar nervosa
-tá tudo bem?-
-não sei, tô me sentindo meio sufocada-
-por que não vai lá fora tomar um ar?- minha prima, Alice, perguntou com desdém, ela não queria que eu estivesse ali para vigiá-la
-é, pode ir, eu tomo conta dela-
-mesmo?- perguntei esperançosa, eu não odiava a boyband, eles tinham umas músicas legais, mas não valia a pena para mim dividir espaço com todas aquelas fãs para ouví-los e com certeza seria uma loucura ainda maior quando os cinco entrassem
-claro, depois que você entrar novamente talvez não consiga nos encontrar mas eu te ligo quando acabar o show- a mãe disse mostrando seu celular com a capinha rosa e felpuda, sorri agradecida enquanto concordava com a cabeça. Foi difícil chegar até a porta, dois seguranças enormes estavam parados na frente dela com os braços cruzados, pareciam geladeiras daquelas de duas portas que custam um rim
-posso passar?- perguntei alto para que me ouvissem, um dos homens olhou para baixo a fim de me ver
-claro, mas não poderá voltar depois-
-por que? Eu tô com a pulseira- mostrei meu pulso mas ele negou, seu parceiro nem tinha virado o rosto na minha direção
-não era nem pra eu te deixar sair por essa porta, vou fazer isso porque você tá meio verde, parece que vai desmaiar- pensei em voltar quando ouvi gritos, eram os garotos da banda entrando, olhei para trás mais uma vez antes de pedir licença para os seguranças.

A saída dava em um lugar muito estranho, era um estacionamento enorme, mas quase não haviam carros parados, com exceção de um ônibus enorme e três carros pretos muito parecidos. Certo, isso era ainda mais esquisito. Dei de ombros antes de caminhar na direção de um poste, a luz dele ficava diretamente sobre mim, mas isso era até bom, pois estava escuro e a cada minuto que passava mais frio ficava.

O show realmente havia começado, o aproveitei bastante cantarolando e batucando nas minhas pernas, será que aquela pirralha contaria que eu não cuidei dela? Qualquer coisa posso dizer que o segurança não me deixou voltar, o que não é uma mentira, como será que o Josh estava? Deve estar se divertindo muito, mandei uma mensagem dizendo que queria estar com ele e bloqueei o celular novamente. O tempo passou rápido e logo ouvi a One Direction se despedir do público que aplaudiu e gritou muito, finalmente iria para casa, só tenho que ligar para a Alice e... sem bateria? Como isso é possível? Celular inútil, carreguei duas vezes hoje... como vou encontrar com elas? O que eu faço agora? Andei de um lado para o outro tentando pensar em alternativas claras pelo que pareceram horas, mas o desespero não me deixava raciocinar
-ei, você tem um isqueiro?- levantei o rosto e aquele par de olhos castanhos pareceram surpresos, mas espera... é o Zayn? Zayn Malik? O carinha da One Direction? Que droga ele está fazendo aqui?

Não sei, eu apenas amo vocêOnde histórias criam vida. Descubra agora