Capítulo 3 - A surpresa

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Depois de um dia de trabalho...

A cabeça doía, os pés inchados por ficar por horas em pé. A vontade de se jogar na cama e só acordar no final do ano... É enorme. E mesmo assim, cansada, estava louca para ouvir a melhor música no final do dia.                                                                                                                                                        

Do portão  gritou. __Betina! Cadê a coisinha gostosa da mamãe? Theo! A mamãe chegou!              

Betina explica a Maria Júlia que há uma surpresa em sua casa e que a mesma estaria com seu filho. Torcia para que não fosse o pai do Theo. Correu o mais rápido que pode para casa.                 

O pensamento de que fosse o... Assustava Maria Júlia. Logo agora, nunca se dignou em procura – los para nada e agora essa dúvida no seu coração...  O pânico de algo dá errado...   

 Do lado de fora ouvia a gargalhada contagiante de Theo com um homem de voz grossa que ela não conseguiu identificar dentro da quitinete. Abriu a porta e deu de cara com tio. Um abraço apertado e ela não conteve as lágrimas. Um misto de saudade, de vergonha e alivio se misturavam entre eles. Chorou feita aquela menininha que usava maria-chiquinha, que procurava o colo da mãe por ter machucado com alguma coisa o seu pequeno corpo.__ Que saudade! Que saudade! Tio! Theo olhava a mãe abraçada a um homem estranho e ficou sem entender as lágrimas de sua mãe. Muitas vezes Maria Júlia escondeu suas tristezas do filho. Até se equilibrar financeiramente, para sobreviver. Houve algumas ocasiões que viu que o dinheiro não daria até o fim do mês. E o jeito trabalhar muitas vezes depois da hora na pizzaria e garantir mais gorjetas. Neste instante, não havia como ocultar do tio que vivia uma vida com muito esforço todos os dias. Mentiu para que ele não se preocupasse. Não queria lhe dar trabalho.                                              

Depois que alimentou e colocou o filho para dormir, Daniel a olhava sério.                 

Desconcertada sentou- se num puff redondo, enquanto o tio estava num sofá velho de braços e pernas cruzados.                                                                                                                                                                 

O olhar duro de Daniel exigia uma explicação para tudo aquilo. __Por que não me disse nada? Por que não pediu socorro?                                                                                                                                     

Daniel se levanta e anda pelo espaço. __ Por quê? Maria Júlia! Você é a minha família... Meu sangue! Mesmo que sua mãe fosse de outro casamento, nós sempre fomos unidos.                        

Ele fazia força para não chorar. Tinha que fazer com a sobrinha compreendesse que havia errado em não pedir ajuda. __ Por que não ligou para mim?                                                                                

Maria Júlia não sabia o que dizer. Ficou de cabeça baixa até ser abraçada novamente pelo tio. Assim que, se acalmou o tio ouviu a sobrinha. __ Tio, antes da pandemia conseguia me manter sozinha e mesmo quando Theo chegou tinha uma vida tranquila com o meu trabalho. De repente, nos últimos três meses o meu saldo bancário diminuiu e criança precisa de roupa, alimentação e consultas ao médico. Trabalho o dia inteiro.                                                                    

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