Entramos no carro de Cosima que estava no estacionamento. Ela parecia tão irritada que fazia minha intimidade latejar debaixo daquele vestido, um poder que Anthony nunca teve sobre mim.
– Para onde vamos? – perguntei depois de minutos sem trocarmos uma palavra sequer.
Aquele beijo ainda provocava arrepios instantâneos em meu corpo, sem nem pedir permissão. Seus lábios quentes nos meus, suas mãos atrevidas apertando a minha cintura, subindo pela perna... O que Cosima tinha, que ninguém mais tinha? Seriam suas diversas experiências que a fizeram tão perita em causar aquela sensação, em quem quisesse fazê-lo.
– Podemos ir para a minha casa – sugeriu tranquila, com os olhos vidrados na direção – Podemos ver um filme, ir ao cinema. Podemos fazer qualquer coisa, Delphine. Não precisa tremer desse jeito – como ela sabia que eu estava tremendo? Imediatamente repreendi minhas mãos e as entrelacei, em uma tentativa falha de disfarçar.
– Pensei que estivesse desesperada por isso – pensei, mas para o meu azar, alto demais.
– E estou – confessou gargalhando fraco – , mas não sei como anda esse coraçãozinho. E se você quisesse escapar de mim, não teria me beijado, e teria fugido muito antes – garantiu, ainda sem nem me olhar – Mas agora, Delphine, o que eu menos tenho, é pressa. Porque a pressa, é uma inimiga mortal da perfeição.
Fiquei surpresa com sua afirmação, e naquele momento, a Cosima carinhosa com quem eu conversava, estava me fazendo perder a sanidade aos poucos. Eu estava mais excitada do que deveria, e se ela achava que eu esperaria ainda mais, estava enganada.
Naquele instante, pouco me importava se eu estava traindo Anthony, mas eu tinha dúvidas sobre os meus sentimentos e precisava de respostas, e essas respostas, eu sei que só teria depois daquela noite.
– Quantas mulheres já levou para a cama? – perguntei sem pensar, e logo apertei os olhos em arrependimento. Aquilo não era relevante, e muito menos algo que eu queria saber. Ela arregalou os olhos, mesmo sem me olhar, e nada respondeu – Você não sabe, não é?
– Não é o tipo de coisa que eu fico contando Cormier – respondeu com um tom de brincadeira em sua voz.
Chegamos em sua casa minutos depois e eu já não sabia mais se aquilo era uma boa ideia ou não, mas os sentimentos sobre Cosima não se repeliam de mim. Eu a queria. Queria experimentar, e saber se o que as pessoas falam pelos corredores, é realmente verdade.
Cosima apertou um botão no carro que fez com que o portão da garagem se levantasse, e estacionou o veículo quando entramos. Não pude deixar de me admirar com a arquitetura daquele lugar. A decoração e as estruturas combinavam em cores neutras e alguns tons amadeirados, bem como o assoalho, e aquela era apenas a garagem.
Ao descer do carro, Cosima segurou a minha mão e sorriu gentilmente, me guiando até uma porta escura e alta que dava em um lance de escadas e então, até uma sala enorme, que iluminou-se assim que entramos. Eu não havia reparado que estávamos tão próximas ao mar, e que aquela vista das paredes transparentes nos proporcionava, parecia-se mais com um quadro perfeito, pintado em tinta a óleo.
Niehaus colocou as chaves e o celular sobre um aparador de madeira que ficava encostado em uma das paredes, e me olhou assim que terminou, como se esperasse por uma permissão, sugestão ou uma atitude. Me aproximei timidamente, ainda encantada com a decoração daquele lugar que se casava tão bem com a personalidade de Cosima.
– O que vai ser? – questionou sem desviar os olhos em nenhum momento. Como ela conseguia ficar tão tranquila? É claro, não seria a sua primeira vez, e certamente não seria a última também.
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Não diga que me ama
FanficNós somos mais do que pensávamos que fôssemos. Cosima Niehaus está no auge da carreira de arquitetura em Los Angeles, e mesmo depois de ter perdido tudo o que amava, sua irmã Alison assumiu o controle e cuidou dela. Milionária, com a própria empresa...