Teenage |N.C|

Capítulo 23

O assunto Miranda não foi mais discutido dentro da minha casa. Pelo menos não na minha presença. Meu pai a expulsou minutos depois de eu deixar a sala de jantar e reforçou com os seguranças que ela estava proibida de entrar na propriedade. Noah ficou comigo o resto do final de semana e eu fiz o meu melhor para esquecer toda aquela situação desastrosa. O menor comentário sobre essa situação ao longo das semanas seguintes foi quando minha mãe me abordou durante o almoço, perguntando-me o que eu sentia sobre tudo isso, eu dei de ombros e respondi que estava bem, no entanto, ela reforçou que talvez fosse bom para mim conversar com alguém. Enfatizou que poderia ser ela, meu pai, Noah ou um profissional que me ajudasse a entender e lidar com o turbilhão que ela sabia que estava acontecendo dentro de mim. Eu demorei ao menos mais duas semanas para procurar o meu pai e dizer que eu queria visitar um profissional, ele me apoiou e conseguiu uma sessão para mim no mesmo dia. Eu estou adorando o Dr.Burke.

Com o final do ano letivo se aproximando, Noah estava cada vez mais ansioso para as respostas das universidades em que ele se inscreveu. Não vou mentir, isso me dá certo gelo na barriga também - comentei sobre isso com o Dr.Burke -, mas eu tenho plena consciência de que não há nada que eu possa fazer, ele vai para onde se decidir e eu vou escolher, no próximo ano, o que for melhor para mim também. Primeiro eu preciso pensar em mim, depois disso eu organizo o resto.

Nessa noite de sexta, eu estava me arrumando para ir até uma lanchonete me entupir de batatas fritas e hambúrgueres com Noah, Violet e Lucas. Separei um vestido preto e justo, jaqueta jeans e tênis branco, fui para o banho e me vesti. Penteei o cabelo e enviei uma mensagem a Noah, dizendo que estava saindo de casa e o encontraria no local.

- Pai. - chamo do alto da escada.

Nenhuma resposta.

- Pai. - aumento a voz e não demora para ele surgir com um pote de sorvete nas mãos. - A mamãe sabe que você está comendo isso a essa hora?

- Sua mãe está no banho e nunca saberá sobre isso, caso você não diga a ela. - sorri. - O que você quer?

- Está tentando subornar sua própria filha? - estreito os olhos em sua direção enquanto desço os degraus.

- Não, estou tentando chegar a um acordo inteligente com você. - pisca e eu balanço a cabeça em negação. - Por quê estava me chamando?

- Preciso que você me leve até a lanchonete que vou encontrar meus amigos e meu namorado. - sigo-o para a cozinha, onde ele guarda o sorvete, lava a colher e as mãos antes de se virar para mim.

- Seu namorado não presta nem para me poupar? - suspira, pousando a mão esquerda no quadril.

- Ele não é meu motorista particular e o senhor precisa deixar de ser preguiçoso, urgentemente. - afirmo, cruzando os braços.

- Seu pai já é um homem velho, querida, não tenho mais a mesma energia. Não tem nada a ver com preguiça.

- Sei. - murmuro.

Ele caminha para onde deixa pendurada as chaves dos carros e joga uma em minha direção.

- Seja feliz, mas não abuse. - ele caminha para sair da cozinha, no entanto, para e vira-se para mim de novo. - Estou falando sério, é o Audi.

Reviro os olhos.

- É a minha vida.

- Isso também, filha. - sorri.

- O que você bebeu hoje, pai?

- Nada. - dá de ombros. - Isso é apenas a serotonina liberada após a ingestão de sorvete.