Eu era uma garota como todas as outras, a diferença é que eu não era filhinha de mamãe e muito menos de papai, afinal, meu pai sofreu um acidente quando eu era pequena e desde então, as mágoas da minha mãe são descontadas em mim.
Desde pequena eu me virei sozinha, preparava meu próprio alimento, escovava meus próprios dentes, limpava meu próprio quarto e ia atrás das minhas próprias coisas. Digamos que, eu era bem independente.
Consegui meu emprego sozinha, por minha conta, minha mãe sequer se preocupava se eu iria viver na rua ou não, ela só me queria fora de casa. E se tudo der certo, logo sairei de lá.
O dono da cafeteria onde eu trabalho é muito bondoso comigo, eu sei suas intenções... Mas ele me trata bem, então eu aceito. E sinceramente? Receber essa atenção de alguém me deixa bem, pois eu sinto que uma pessoa no mundo se importa comigo.
Agora eu estou aqui, na mesma. Atendendo clientes satisfeitos e outros bravos por não ter recebido o que pediu.
- Me desculpe, senhor. Mas não sou eu quem faz os expressos aqui. Se tiver alguma reclamação, por gentileza, reclame com o gerente e não comigo - Lhe respondo com um sorriso gentil e encantador.
O homem não me responde nada, apenas se levanta, coloca minha gorjeta na mesa e sai da cafeteria.
Percebo que entre as notas que ele havia me deixado, havia um papel com um número de telefone. Solto um suspiro e guardo aquele papelzinho no bolso para jogar fora mais tarde.
Estava acostumada a receber papéis com números de telefone, mas não estava interessada em conversar com homens agora, estava focada em meu emprego para sair logo da casa da minha mãe.
•~°~•
Meu turno havia chegado ao fim, então lá estava eu fechando a cafeteria e conferindo a minha bolsa para ver se não havia esquecido nada.
Quando tudo estava em ordem, peguei meu rumo até minha casa. O caminho estava como sempre, pessoas voltando e indo apressadas aos seus trabalhos, adolescentes saindo das escolas e casais se encontrando nos becos. Por que eles se encontram nos becos? Não é mais simples se encontrar na praça ou no restaurante? Como as pessoas são burras.
Enquanto pensava sobre o assunto, sou surpreendida com uma buzina e um estrondo alto vindo da rua. Olho o que havia ocorrido e meu corpo paralisou, havia um homem caído na rua e o carro que o atropelou fugiu rapidamente, covarde!
Corri até o corpo do homem e percebi que ele ainda estava respirando. Suspiro aliviada e ligo imediatamente para a ambulância, me assustando com a multidão a nossa volta que aumentava cada vez mais.
Após a ambulância chegar e levar o pobre homem, notei que minha jaqueta estava manchada com o seu sangue. Retiro a mesma e a amarro na cintura, estremecendo pelo frio. Continuo meu caminho rumo a minha casa, por algum motivo a imagem daquele homem caído não saía da minha mente, pobre homem...
Ao chegar em casa me deparo com minha mãe transando no sofá com um homem. Aquilo era normal para mim, apenas virei o rosto e continuei caminhando até as escadas.
- Ei, por que sua filha não se junta a nós? - Pude ouvir o homem questionar atrás de mim com a voz ofegante, tudo o que pude sentir naquele momento era nojo.
Subo rapidamente as escadas e entro em meu quarto, trancando a porta por precaução. Coloquei minha bolsa na escrivaninha e peguei meu celular, explorando a internet. Me deparei com uma notícia sobre aquele homem que sofreu o acidente hoje mais cedo, por curiosidade entrei no link.
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O Amor não precisa de Olhos | FamiliaKiim
RomanceEle é um empresário bem sucedido, charmoso e cheio de amigos, porém sem seus olhos. Ela é uma garota de classe média, trabalha como garçonete em uma cafeteria e não possui muitos amigos, porém possui um coração puro. O que será que o destino guarda...