Im Nayeon tinha um futuro brilhante pela frente. Era educada, estudiosa, frequentava a igreja assiduamente, era a boa moça de família que todos queriam ter. Em seus 19 anos, nunca se envolveu com coisas erradas, namorou ou esteve em festas. Mas acidentes acontecem, e eles são trágicos.
Nayeon acordou num lugar seco, deserto, o chão rachado, um calor escaldante e coberto de tons vermelhos. A garota não lembrava de muita coisa, só lembrava de estar atravessando a faixa de pedestres e acordar ali. Também estranhou suas roupas, um vestido de cetim longo branco e alcinhas, sem detalhes, estava descalça. Olhando para um lado e outro, avistou uma pequena casa um pouco distante, e resolveu ir até ali. Na cabeça de Nayeon, havia sido sequestrada e jogada ao meio do deserto.
A casa do meio do deserto era muito simples, era pequena, não havia janelas, parecia de barro com o telhado de tijolos, a porta aberta como se esperasse alguém. Nayeon entrou ali ainda desconfiada, mas por dentro era completamente diferente. Era tudo muito branco, o chão de mármore, o salão gigantesco, uma vista para um pomar repleto de macieiras, o próprio lugar decorado com vasos de enormes roseiras de flores vermelhas. Mas o que mais chamava atenção ali era uma cadeira simples branca de madeira, de frente para uma escadaria, não tão grande, mas que no seu topo havia um trono imponente vermelho. E uma mulher sentada nele.
A figura ali sentada deveria ter por volta de 1,7m, os cabelos curtos pretos e lisos, um terno vermelho, saltos pretos, o rosto marcado por um vermelho muito vibrante na boca, e um sorriso muito malicioso, uma coroa de rosas e espinhos na cabeça e um livro marrom na mão. Nayeon não sabia quem era aquela mulher, mas não negava o quão atraente ela era, até estremeceu quando chamou seu nome:
- Senhorita Im Nayeon, venha e sente-se.
Nayeon foi devagar, sem pestanejar, e sentou-se na cadeira ali presente, se sentindo intimidada pelo estado em que se encontrava:
- Então, vamos ver o que trouxe até aqui.
- Quem é você? Como sabe meu nome?
- Por enquanto me chame de Jeongyeon, nesse momento sou só seu carrasco.
- Eu não sei o que tá acontecendo, vou embora.
- Você ainda não entendeu o que aconteceu, né? Vamos dar uma volta.
Num piscar de olhos a criatura desapareceu de onde estava sentada, sobrando apenas o livro e a coroa, deixando Nayeon perdida. Mas, ao olhar para o lado, avistou a mulher parada na porta de vidro que dava para o pomar de macieiras, o olhar mais suave e convidativo e Nayeon não tinha outra escolha a não ser acompanhá-la. Ao colocarem os pés naquele jardim, a aparência de Jeongyeon mudou. Os cabelos se tornaram maiores e loiros, um vestido preto solto e curto agora a vestia, os pés descalços, e começou a contar uma história que Nayeon já conhecia, enquanto andava por entre as árvores:
- No início, não havia nada. Mas um ser todo poderoso estalou os dedos e a luz surgiu. Depois veio a terra, a água, os animais e por aí vai. Algum dia, esse ser divino juntou barro e modelou a sua imagem e semelhança, e criou uma criatura nova, a qual ele chamou de Homem. Mesmo que estivesse rodeado de animais, o Homem se sentia só, e pediu ao seu criador uma companhia. O criador então retirou uma de suas costelas e fez uma criatura semelhante ao Homem, e deu a essa criatura nova o nome de Mulher. Essas novas espécies viviam em harmonia, até que a Mulher, coagida por uma serpente, mordeu o fruto proibido, a única regra que seu criador tinha imposto. Mas não só isso, o Homem também provou do fruto, e assim eles foram expulsos do paraíso. - Jeongyeon deu uma pausa ao chegar em uma árvore e recolher uma maçã dela, mas logo continuou.- É isso que acontece com a humanidade, eles sabem que não podem morder o fruto proibido, mas é isso que eles tanto querem. É por isso que você está aqui.
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Call Me By Your Name - 2yeon
Hayran KurguNayeon, uma moça boa e dedicada, vai para o inferno. Apesar de ter levado uma vida simples e devota, as coisas que ela lia foi o suficiente para ir pra lá.