89,

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"tu sempre me pareceu tão fora da realidade.

uma vez contávamos as estrelas do céu, numa ilha distante, isolada de todo tipo de angústia. finalmente assumi que não conseguia conta-las igual à você. foi necessário coragem. porque eu era... tipo, bem menor que plutão. quase invisível. já tu, bem, eras um sol.

me dissestes que se perdia todas as vezes que tentava contar, por isso preferia olhar nos meus olhos. confesso a ti, não entendi de primeira, pois, como sempre, me soava muito como coisa de outro planeta.

ou talvez fosse coisa da minha cabeça.

naquela noite, você tocou em minha bochecha. senti-me mais aquecido, senti que o calor do sol me tocava o rosto - mesmo estando de noite e a lua estivesse absurdamente congelante.

mas você, ah, você não sentia frio. como pode? eu pensava que pessoas como você não existiam, em nenhum canto desse mundo, nem no mais longe que fosse. e tu sempre estava perto, bem perto de mim.

queria lhe perguntar: o que é que eu te fiz? e realmente, eu lhe perguntei.

sua resposta desmanchou-me em sensações nunca sentidas por mim antes. não contei, por isso lhe deixo sabendo disso por aqui.

foi o primeiro eu te amo sincero que eu já ouvi."

- 89, from J.

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