Capítulo Dezessete

8 2 0
                                    


E como prometido aqui está o segundo capítulo de hoje.

Beijos


Alguma coisa havia mudado depois daquela noite, foi um único beijo antes que nós dois pegássemos no sono, mas um que me acalmou. Um que me trouxe a paz que eu precisava, depois do pesadelo. Na manhã seguinte, Enryque não estava ao meu lado quando eu acordei, mas já eram 10 horas, e nosso voo de volta, seria às 15 horas.

Quando eu saí do quarto, ele estava me aguardando na sala e sorrindo, me deu bom dia, como se a noite anterior nunca tivesse existido. Nenhum constrangimento no ar, e eu agradeci em silêncio por isso. Júlio e Mariana tinham ido a uma consulta, mas ela me deixou um bilhete, desejando um bom retorno, e que me aguardaria para uma visita, em breve.

Nós passamos no hotel, fizemos o check out, e fomos direto para o aeroporto. O almoço foi em tempo recorde, ou perderíamos o nosso voo para casa. Nossa conversa fluía fácil, e apesar de em muitos momentos, estarmos aprisionados em nossos próprios pensamentos, não havia nenhuma estranheza. Acho que chegamos a um acordo silencioso, de que o que aconteceu na noite anterior, havia ficado naquele quarto de bebê. O curioso, é que de alguma maneira, tínhamos nos tornados mais íntimos, mais amigáveis. Então no dia seguinte, o café da minha cafeteria preferida apareceu na minha mesa, e em todas as segundas feiras, das quatro semanas que tinham se passado. Eu sabia de quem estavam vindo, porque copos comuns estavam sendo estilizados, e eu só conhecia uma pessoa que fazia desenhos de pássaros como se fossem capturados em uma fotografia: Arthur. Eu não tive coragem de jogar nenhum deles fora, então eles estavam se acumulando na minha estante, e eu não estava nem um pouco incomodada. Secretamente, eu ficava ansiosa e curiosa para receber o meu próximo café, porque eu sabia que junto com ele, viria mais uma arte incrível do meu pequeno gênio desenhista.

Enryque nunca disse que era o responsável pela gentileza, e eu nunca tive coragem de agradecer. Eu sabia que precisava corrigir isso, só não seria hoje, porque atendendo a um pedido da minha diarista, eu tinha um encontro com a filha dela, uma adolescente de 16 anos, grávida, que tinha sido convencida a não interromper a gravidez, mas estava certa de que daria a criança para a adoção, assim que ela nascesse.

Havia um restaurante de comida chinesa próximo ao escritório, e de fácil acesso para Vivian, então foi lá que marcamos.

Eu tinha acabado de chegar na calçada, quando a avistei, vindo na minha direção. Ela parecia um pouco nervosa, barriga proeminente, ombros caídos, como se carregasse o peso do mundo nas costas. Nós já nos conhecíamos, então acenei, e ela me viu imediatamente.

Ela sorriu para mim, quando se aproximou, era um sorriso forçado, mas ainda era um. A cumprimentei com um abraço e ela retribuiu.

— Olá, Vivian, como você está? E nossa, essa barriga cresceu muito desde a última vez que você esteve lá em casa, com sua mãe — eu observei.

— Seis meses já. — Ela não parecia muito animada, mas eu esperava que ela se sentisse melhor depois da nossa conversa.

Como se quisesse mudar de assunto, ela sugeriu que entrássemos e eu concordei.

Era cedo ainda, mas havia muitas pessoas no restaurante. Meus olhos vagaram pelo salão, à procura de um lugar disponível, quando o garçom apontou para uma mesa no canto esquerdo, atrás de um homem que fazia a refeição sozinho, enquanto olhava alguma coisa no seu notebook.

Andamos pelos corredores apertados entre as mesas, e assim que nos acomodamos, o garçom anotou nosso pedido, com a observação, de que deveria ser encaminhado para a cozinha meia hora depois, o tempo que estimei necessário para conversar com Vivian.

Black & Scarlet para sempre (Completo na Amazon)Onde histórias criam vida. Descubra agora