Final 2/3
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Angeline se arrasta para casa, em mais um dia maçante da sua vida. As últimas semanas estavam sendo árduas para ela, desde que Diego fora embora. Ela teve que deixá-lo partir, era o certo, eles nunca poderiam ficar juntos. Mas não tinha como evitar que um buraco enorme se formasse em seu peito, assim que ela o deixou na sua casa, naquele sábado, três semanas antes.
Ela chorou todas as noites, por dias seguidos, até não ter mais lágrimas para chorar, e só sobrar o vazio. E é assim que ela se sente até hoje, vazia, incompleta, infeliz. Bem, talvez não infeliz, porque é preciso sentir alguma coisa para se sentir infeliz, e ela já não sente mais nada.
Angeline faz o mesmo caminho de sempre, passando pela porta de entrada, pendurando sua chave no gancho - sim, sua mãe tinha lhe devolvido a sua chave, agora que ela se encontrar com Diego não é mais uma ameaça - se encaminhando para o seu quarto, onde ela vai largar sua mochila na cama, se sentar apaticamente no colchão por uns minutos que serão curtos demais, até que a mãe a chame para almoçar.
Ela passa em frente a cozinha em seu caminho para o quarto. Observa a mãe ocupada com as panelas, enquanto prepara o almoço para elas. Mesmo depois que sua mãe afrouxou as rédeas, deixando que ela saísse de casa, parando de ligar o tempo todo atrás dela - mas sem devolver seu celular - a relação delas não voltou ao normal. Tanto ela, quanto Douglas, ignoram a presença de Angeline, quando ela está no ambiente. Sua mãe ainda se comunica com ela de forma grossa. Douglas nem se incomodava em lhe dar bom dia. O clima daquela casa tinha se tornado obscuro.
Não que ela se importe de ser ignorada por eles. Ela tão pouco está ligando que sua mãe e Douglas estão brigando quase todos os dias por coisas banais, ela até sente certo prazer com isso. Que se foda se eles acham que a culpa das suas brigas é dela. Eles tinham tirado o que é mais importante dela, e merecem se sentir tão infelizes quanto Angeline se sente.
Você está feliz, mamãe? Ela pergunta em silêncio, encarando as costas da mãe. Está feliz por ter destruído a minha vida, e tirado o meu grande amor?
Todos os dias ela olha para a mãe, e faz as mesmas perguntas em sua mente, nunca ousando pronunciá-las em voz alta. Não, Angeline não arrumará mais brigas. Seu plano é ficar na sua, e sobreviver até ter dezoito anos e sair daquela casa dos infernos.
Angeline sai de perto da cozinha, antes que a mãe a veja. Infelizmente, o cheiro da sua comida a persegue. O odor de frango cozido enjoativo se infiltra nas narinas de Angeline, e na mesma hora, ela se sente nauseada. Corre as escadas para o andar de cima, e entra tempestuosamente no banheiro. Ela mal tem tempo de fechar a porta e levantar a tampa da privada, antes que o vômito se derrame da sua boca.
Inclinada sobre a privada, ela vomita o pouco que comeu pela manhã. Depois abaixa a tampa e dá a descarga. Ela se senta no chão frio ao lado da privada, tentando se recuperar da sensação de enjoo constante que vem sentindo nos últimos dias.
Como se não bastasse a merda que é a sua vida, ela também está ficando doente. Deve ser culpa do estresse que ela está passando em casa. Até sua menstruação está atrasada.
Angeline se empertiga ao se dar conta de uma coisa. Uma coisa óbvia que ela já devia ter se ligado há muito tempo.
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Meia hora depois, Angeline se tranca novamente no banheiro, depois de ter dado uma escapulida à farmácia mais próxima. Ela nem acredita no que tinha ido comprar. Se sentiu tão constrangida ao falar com o funcionário da farmácia, que teve que mentir e dizer que estava comprando aquilo pra sua mãe.
Ela termina de tomar a coca que comprou no caminho de casa, sentindo a bexiga cheia o suficiente para fazer xixi. Ela se senta na privada, com as pernas tremendo. Abre a embalagem do teste de gravidez, hesitando em realmente seguir em frente. Ela se força a não ser uma covarde e ir logo. Posiciona o palito entre as suas pernas e faz xixi na ponta, como é indicado nas instruções.
Ela se senta em cima da tampa da privada, enquanto espera o resultado, apreensiva, rezando para que dê negativo.
Ela não pode estar grávida. Só tem quinze anos, vai arruinar a sua vida. E como isso é possível, se ela e Diego sempre foram cuidadosos?
Tudo bem, eles transaram uma vez sem proteção, mas Angeline não acreditava mesmo que podia ficar grávida. Sua família tinha histórico de ser pouco fértil. A mãe teve muita dificuldade para conseguir engravidar dela e sua única tia, nunca conseguiu ter um bebê por mais que tenha passado anos tentando. Angeline tinha certeza que havia puxado as duas.
E além do mais, ela já tinha ouvido muitos casos de garotas que transavam sem camisinha e sem tomar anticoncepcional e nunca ficavam grávidas. Ela não podia dar azar por causa de uma única vez em que foi descuidada, não é?
O tempo de espera acaba. Ela precisa olhar e saber a sua resposta.
É só estresse, repete para ri mesma, ao pegar o bastão e olhar o resultado.
Positivo.
Ela estava grávida.
Angeline se apoia na pia do banheiro, com as pernas moles e a cabeça pesada, como se ela estivesse prestes a desmaiar, respirando com dificuldade.
Não podia acreditar no que tinha acabado de ver. Isso é impossível e ao mesmo tempo, está bem ali, claro como água.
Ela estava grávida.
Ela tinha quinze anos.
Diego tinha ido embora para sempre, sem dizer aonde ia.
Ela estava sozinha.
Ela estava completamente fodida.
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Secrets - Atrações Secretas | ✓
Novela Juvenil|| Indicação +18 - Cenas de Sexo Explícito || ELAS PARECEM GAROTAS BOAZINHAS, MAS NÃO SÃO... Aos 15 anos, as vidas de Beatriz, Angeline e Holly vão tomar um novo rumo. É tempo de crescer, de deixar a vida de criança para trás, de ter novas experiênc...