;porque a dor um dia tem que desaparecer

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Fiquei extremamente pistola de madrugada porque a primeira versão desse texto havia sido perdida devido a um bug no aplicativo. Mas como eu sou mais insistente do que sei lá o quê, decidi deixar o estresse de lado e reescrever todos os parágrafos porque me dar por vencida era fácil demais. E eu não desisto assim rapidamente.
Esse texto pode ter conteúdo sensível para algumas pessoas, ou não. Escrevi de acordo com as palavras que surgiam à minha mente (e confesso que a segunda versão ficou melhor que a primeira).

Boa leitura!

Dizem por aí que a pior dor que um ser humano pode sentir — além da física, pelo menos o que escutei em algum programa tosco de televisão — em toda a sua vida é perder alguém que ama

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Dizem por aí que a pior dor que um ser humano pode sentir — além da física, pelo menos o que escutei em algum programa tosco de televisão — em toda a sua vida é perder alguém que ama. Até um certo tempo atrás eu queria acreditar que isso fosse verdade em um meio termo. Perder um familiar parecia foda, com todas as letras. Entretanto, como eu particularmente nunca conheci alguém de verdade que compartilhasse os mesmos laços sanguíneos que eu, nunca tive de preocupar com esse ponto em questão. Afinal, pior do que perder alguém que amava, era perder a mim mesmo enquanto tentava encontrar meu lugar no mundo.

Falando bonito desse jeito eu até pareço um cara com a cabeça no lugar ao invés de um maluco com parafusos soltos na cabeça. Mas essa minha concepção de perda mudou drasticamente quando eu a conheci.

Você provavelmente deve estar careca de saber que minha vida nunca foi fácil. Desde o meu nascimento, passando pela adolescência — pior fase de toda a minha fútil existência — até a maioridade... Sabe aquele velho dizer popular: "mato um leão por dia"? Então. Ele não se aplica em nada sobre mim. Claro que, se tratando de uma metáfora, eu até podia ser bem-sucedido como as pessoas que verbalizavam aquilo. Mas os "leões" que a vida me enviava matavam-me um pouco a cada dia antes mesmo que eu pudesse lutar contra eles.

Meus pais adotivos deixaram claro que não jogariam seu maldito dinheiro fora com a porra dos meus estudos depois que completei dezoito anos e me formei no ensino médio depois de muito sacrifício. Eles usavam essa droga de desculpa quase o tempo inteiro, mas eu não era idiota. Nunca fui. Sabia que essas palavras de merda serviam apenas para mascarar mais uma triste verdade: eu não valia o esforço que eles gostariam de fazer para me fazer ser alguém na vida, como os pais normais faziam com seus filhos amados. Eu era um perdido e, em parte, confesso que estava cansado de ser tratado daquele jeito.

Foi então que decidi vasculhar aquele maldito site da primeira universidade particular que vi pela frente — não queria esperar um ano para tentar uma vaga nas faculdades públicas da cidade e esperar mais outro ano se fosse reprovado nos exames nacionais— e Fotografia pareceu ser o cueso menos chato conforme eu rolava os olhos pelo site da instituição, escolhendo o vestibular para o qual eu deveria me matricular. Foi uma surpresa eu ter sido aprovado entre os dez primeiros para o curso desejado, mas eu não fiquei empolgado como a maioria de meus colegas de prova àquele dia.

(In)dolor • JKOnde histórias criam vida. Descubra agora