APRIL 1ST

Capítulo Único

Mais uma madrugada na mansão Zoldyck, onde o filho mais velho da família, Illumi, se encontrava deitado em uma cama folheando alguns livros com histórias fascinantes sobre mistérios da idade média. Ele não realmente se importava em prestar atenção em todo o enredo da história, já que o mesmo estava disposto à apenas uma coisa: Não passar por nenhuma pegadinha de primeiro de Abril de novo.

Deixou todos os pensamentos sobre os feriados passados para trás e cruzou as pernas, deixando o livro ao seu lado da cama sobre uma pequena mesa de canto cor de madeira. Pegou seu celular e o desbloqueou, abrindo a primeira mensagem que antes ocupava sua tela inicial.

[Hisoka Morow, 2:04 AM]:
Illu, sei que está acordado. Podemos nos encontrar amanhã? Tenho algo importante para te dizer. ⭐^_^💧

O moreno arqueou as sobrancelhas, já prevendo ser mais uma brincadeirinha idiota do amigo. "Hoje não, Hisoka. Dessa vez eu estou ciente da data", pensou consigo mesmo.

[Illumi Zoldyck, 3:16 AM]
Não. Estou dormindo agora e você deveria fazer o mesmo.

Bloqueou o celular novamente e se remexeu pela cama na esperança de achar uma posição confortável o suficiente para que talvez conseguisse cochilar um pouco. Não era uma noite muito diferente das outras em que ele passava toda a madrugada esperando o tempo passar e sofrendo com a insônia constante.

Piscou os olhos de uma forma lenta e bufou devidamente irritado com mais uma mensagem do mágico tomando conta da sua tela inicial do celular.

[Hisoka Morow, 3:18 AM]
Não me responderia se realmente estivesse dormindo. Eu sei bem como você é uma coruja durante a noite~
Estarei aí amanhã às sete da noite. Esteja pronto. ♧

Illumi releu a mensagem por cerca de três vezes, sentindo um nervosinho gostoso na barriga. Não se deu o trabalho de responder – Ainda mais por saber que Hisoka já estava acostumado com as freqüentes ignoradas recebidas do moreno – E colocou o pequeno aparelho no carregador junto ao livro que ele fingia se entreter há poucos minutos atrás.

Suspirou encarando o teto branco de seu quarto, ainda pensando na mensagem que recebera. Hisoka era um homem um tanto quanto difícil de lidar, ainda mais quando se tratava das suas piadinhas sarcásticas.

Por fim, adormeceu, ouvindo apenas o barulho do seu coração devido ao silêncio absoluto que fazia no quarto.

(...)

Já era seis da noite e Illumi se perguntava se Hisoka realmente viria ou isso faria parte da pegadinha dele contra o moreno. Por via das dúvidas, tomou um banho e lavou seus longos cabelos pretos, resultando em um Zoldyck mais tempo do que o recomendado cheirando os próprios fios negros que caiam sobre seu ombro.

Ouviu o telefone que ficava na sala principal disparar e o pegou, ouvindo atentamente a voz do mordomo ao outro lado da linha.

-- Senhor Illumi, Hisoka Morow afirma estar aqui para vê-lo.

-- Peça- o para entrar. Ele sabe o caminho – ordenou, com um sorriso maldoso nos lábios. Seria lindo ver a cara de derrota de Hisoka ao ter seu plano arruinado.

Deixou seus planos malignos de lado e voltou a ficar inexpressivo quando avistou uma figura extravagante entrar pela porta da sala. Era ele.

-- Eu esperava que ao menos fosse me receber, Illu – o ruivo fingiu ter ficado sentido, andando lentamente até o Zoldyck sentado no enorme sofá – Desse jeito eu me sinto em um mar de solidão. Hunf.

-- Diga o que tem de tão misterioso para dizer, Hisoka.

-- É o que estou indo fazer. ♡

Illumi semicerrou os olhos, avistando o mágico subir as largas escadas que levavam até o andar de cima, onde se encontrava os quartos. Ouviu o barulho dos saltos do ruivo tomarem todo o salão principal e se questionou no que ele mesmo havia se metido quando se envolveu com Hisoka. Suspirou e resolveu seguir o mais alto, mesmo com a sensação que aquela escadaria nunca demorou tanto para ser atravessada.

Hisoka abriu a porta do quarto do moreno, esperando o mesmo chegar. Cruzou os braços e encarou um ponto fixo ali, com os músculos tensos.

-- Diga de uma vez, eu estou ocupado hoje – o Zoldyck apressou novamente, fechando a porta atrás de si.

Olhou o mágico com atenção, fixando cada movimento singular que fazia.

-- Não me olhe assim, você é assustador – o ruivo brincou, tentando trazer a atmosfera leve de volta à tona – Eu vim te dizer que gostaria de tentar algo diferente.

-- Hm? – foi tudo o que o moreno disse antes de Hisoka pressionar os lábios e começar novamente a falar.

-- Eu gostaria de te conhecer melhor, Illumi.

-- Você já me conhece. Somos parceiros. – o moreno arqueou a sobrancelha, realmente confuso com o que o homem à sua frente tentava dizer.

-- Eu estou apaixonado por você e quero me aproximar mais. Está claro o suficiente dessa forma? – Hisoka disparou, já nervoso o bastante para pensar em palavras gentis o suficiente para aquela situação.

Illumi arregalou brevemente os olhos, sentindo seu estômago revirar com as palavras.

Não é possível dizer que Illumi era ruim no amor, afinal de contas, como você pode ser ruim em algo que nunca experimentou antes?

Logo, lembrou-se do seu objetivo principal nesse dia: Não acreditar nas brincadeirinhas de Hisoka. Ele sabia que o mágico iria até o fim com isso, precisava resistir até o limite.

-- Ótima piada, Hisoka. Se é tudo o que tem a dizer, pode ir embora agora.

O mágico o encarou, se perguntando se estava mesmo falando sério.

-- Não é uma piada.

-- Entendo, mas realmente não estou interessado nisso. Vamos, eu te acompanho até a saída.

Hisoka hesitou em sair, mas logo deu um sorriso singelo e se retirou do quarto.

-- Tudo bem, Illu... Eu sei o caminho até a saída – pôs a mão sobre o ombro do moreno – De qualquer forma, obrigado por me receber. ♤

O moreno afirmou com a cabeça e esperou o mágico sair de sua visão para segurar o sorriso vitorioso que queria se manifestar há alguns minutos em seus lábios.

Pensou sobre as palavras do mágico, sentindo uma pontada no peito. Ficou alguns minutos imaginando se por um momento tudo fosse verdade, como seria uma vida romântica ao lado de Hisoka Morow? Ele realmente não fazia idéia.

Mas não tinha com o que se preocupar, afinal aquele era o dia da mentira. Dizer para alguém que está apaixonado é um clássico, não é?

Prendeu seus longos cabelos em um coque e tirou seu celular do bolso, chegando o horário e no mesmo momento sentindo suas mãos congelarem, seu coração bater freneticamente e suas pernas perderem a força.

Estávamos no segundo dia de abril.