Capítulo 08

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Capítulo 08

Edu Toledo

Eu tentava nadar, mas estava perdendo o fôlego. As braçadas para tentar alcançar um ponto raso não pareciam resolver. Tentei puxar mais ar, precisava de mais oxigênio, mas nada era suficiente. Foi quando avistei Jordana, andando, sumindo através da maré. Tentei gritar seu nome, mas não conseguia. Tentei respirar direito, nadar mais rápido, mas nada era o suficiente. Tomei uma respiração profunda, me sentei no susto e me deparei com Luísa em pé em frente minha cama. Levei uma mão para a testa, a velocidade com que despertei e a agonia do sonho trouxeram uma pressão dolorosa.

— O que eu faço com você, me diz? — ela falou, cerrando os olhos asquerosamente — eu fico fora alguns dias e você cai nas garras de uma garotinha de classe média! — ela falou incrédula — se fosse para me trair, que procurasse alguém de nível.

— Te trair, Luísa? — perguntei, começando a rir da sua loucura.

— Quase seis anos nesse relacionamento que você insiste em dizer não ser sério — ela falou desdenhosa. Neguei com a cabeça e me levantei, indo direto para o banheiro. Fechei a porta e tirei a cueca que usava, entrei no Box, para tomar um banho e começar o dia.

Mas a maldita veio. Não me intimidei com sua presença, não era como se nunca tivéssemos nos visto sem roupas. Ela se escorou ao lado de fora do vidro e cruzou os braços. Ignorei-a ali, sabia que não iria entrar e molhar os cabelos escovados.

— Eu só voltei agora porque temos a festa de aniversário da minha avó nesta sexta-feira — ela falou, projetando a voz e eu não respondi — você havia prometido que ia. Vai pegar muito mal não aparecer.

— Eu não quero ir — falei, passando shampoo nos cabelos e ela bufou.

— De novo o seu chilique? Eu já prometi que você ia. Meus pais estão contando com a sua presença. Até mesmo convidei os seus.

— Luísa, você precisa parar de agir como se tivéssemos um relacionamento — falei impaciente — já disse que você deveria procurar um homem que te ofereça tudo o que você quer.

— Você faz isso — ela falou sorrateira, abrindo a porta do Box e a encarei sério — só precisa aprender a ser fiel.

Consumia-me completamente essa mania dela de tratar com desprezo os meus casos. De tratar como traições que ela perdoava, uma vez que eu não havia selado compromisso nenhum com ela. Além do que, eu a tratava muito mal.

Terminei o banho e me sequei um pouco, antes de me enrolar com a toalha. Fui escovar os dentes na pia e ela continuava ali me observando.

— Falei com ela essa semana — ela falou e eu parei o que fazia, a olhando através do espelho — com a sua amantezinha pobretona.

— O que? — perguntei após cuspir a pasta de dente e me virei para ela.

— Eu imaginei que você fosse querer se divertir um pouco mais, já que ela é novinha e amiga da prostituta do Fred...

— Você vai começar a agir feito uma maluca, é isso? — perguntei, ficando inflamado pela sua intromissão — quantas vezes eu vou ter que gritar na sua cara que não temos nada, Luísa?

— Para de ser tão amargurado, Edu — ela falou, não se ofendendo com o meu tom de voz grosseiro — eu estou aqui esperando você ficar pronto, sei que seremos felizes juntos. Todo mundo aposta em nós dois. No nosso futuro.

— Eu prefiro morrer a ter um futuro com você — eu falei enfático. Enxaguei a boca e saí do banheiro. Queria poder trancá-la lá dentro e só quando eu saísse daqui, Noêmia vir soltá-la. Mas eu não era um maluco ainda.

Doce Tentação - volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora